
O vermelho vivo domina praças, parques e canteiros centrais das avenidas de Belo Horizonte e dá novo tom à primavera escaldante e recordista em calor. São os flamboyants, de porte elegante e copa frondosa, que reluzem sob o sol e também se apresentam com flores alaranjadas e amareladas, num espetáculo da natureza que só recebe aplausos dos moradores e visitantes. “Estou impressionada com a beleza dessas árvores. Não vejo em São Paulo, mas sei que em Mato Grosso, onde tenho parentes, há muitas delas”, contou, na tarde de ontem, a pesquisadora Eunice Alves Paulino, residente na capital paulista, enquanto admirava, sentada num banco, a florada flamejante na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste.
botânico e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) João Renato Stehmann explica que os flamboyants se destacam na paisagem urbana especialmente pela cor, altura e copa ampla. “A floração ocorre sempre na primavera, e o plantio é adequado a grandes espaços, como praças e parques, porque as raízes costumam levantar os passeios das casas. Em algumas avenidas da capital, como a Olegário Maciel, há flamboyants nos canteiros centrais”, afirmou. De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que conduz o inventário sobre a arborização urbana, há 3,5 mil flamboyants em espaços públicos de BH, distribuídos assim: Região Centro-Sul (785), Leste (432), Oeste (881), Noroeste (848) e Pampulha (608, até agora).

“Moro aqui desde 1971 e os flamboyants já estavam plantados. Eles dão um clima maravilhoso ao bairro. Além de refrescar o ambiente, formam um túnel colorido, bom para a gente passar”, mostrou Cláudia. “Isso mesmo, fica bem fresquinho, arejado, ainda mais nesse calorão todo”, acrescentou a irmã, lembrando a diferença do início da década de 1970, quando a família se mudou para o Anchieta, com a atualidade. “Pena que cortaram muitas árvores. Acho até que a temperatura está subindo tanto devido ao desmatamento. Devemos preservar o ambiente”, afirmou.
Já na Avenida Nossa Senhora do Carmo, no Bairro São Pedro, a relações-públicas Bárbara Bartoli, de 26 anos, curtia a paisagem e saudava a primavera com seu vestido florido. “As cores da natureza são sempre bem-vindas. Mas estamos

Inventário das árvores
O Sistema de Inventário das Árvores de Belo Horizonte começou em outubro de 2011 para cadastrar 300 mil exemplares – até agora, foram computadas 272,8 mil, devendo o restante ser concluído até fevereiro de 2016. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, foram cadastrados exemplares das regiões Leste (31,7 mil), Noroeste (59,1 mil), Oeste (54,2 mil), Centro-Sul (90,6 mil) e Pampulha (37 mil em andamento). A estimativa inicial era de que houvesse 300 mil nos espaços públicos e nos afastamentos frontais dos lotes. Com o trabalho, dizem os técnicos, há certeza de que tal quantidade será atingida na Pampulha e novas estimativas indicam a necessidade de se cadastrarem mais 180 mil árvores, para abranger todo o município. Para tanto, ainda não há projeção de valores, uma vez que será necessário novo processo licitatório e considerar todas as circunstâncias para o processo, inclusive a possibilidade de renovação da participação da Cemig.
