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Estado de Minas

Força-tarefa é escalada para esclarecer história do "mar de Minas"

Seis órgãos do governo do estado são escalados para encontrar possíveis documentos que poderiam esclarecer posse de um filete de terra no Sul da Bahia. Porém, mapa não muda


postado em 21/08/2015 06:00 / atualizado em 21/08/2015 07:31

Praia de Caravelas, na Bahia: profissionais do governo baiano também estão empenhados em esclarecer a curiosa história(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Praia de Caravelas, na Bahia: profissionais do governo baiano também estão empenhados em esclarecer a curiosa história (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

O governo mineiro montou uma “força-tarefa” para esclarecer a curiosa história de que o estado teria a posse de um filete de terra no Sul da Bahia que dá acesso ao mar, como mostra reportagens do Estado de Minas, publicadas desde quarta-feira. Profissionais de seis órgãos foram escalados para localizar possíveis documentos de que o Palácio da Liberdade tem a posse de um trecho que vai da divisa entre os dois estados à cidade histórica de Caravelas, num toral de 12 quilômetros de largura por 142 quilômetros de extensão.

Vale lembrar que o polêmico assunto não altera o mapa do Brasil. Tampouco significa dizer que aquele pedaço de chão será incorporado ao território mineiro. Na prática, sendo localizado documentos que confirmem a história, é como se Minas fosse uma pessoa física ou empresa com o título de posse de uma área no estado vizinho, devendo obedecer às leis de lá.

“Não muda nada no mapa nacional. Seria uma propriedade do ente federativo Minas (no território da Bahia)”, disse Leonardo Barbabela, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Profissionais do governo baiano também estão empenhados em localizar os possíveis documentos nos órgãos públicos de lá.

Por outro lado, a história aguça a imaginação de mineiros em, um dia, olhar de perto as ondas do Altântico que banham Caravelas e dizer: “Olha aí o nosso mar”. Essa frase foi escrita por Fernando Brant (1946-2015) numa reportagem publicada na revista O Cruzeiro, em 1973, sobre o mesmo assunto. Anos depois, ele se tornaria o principal compositor de Milton Nascimento.

A história do “mar de Minas”, revelou o então repórter, tem início com a ferrovia Bahia-Minas, que ligou Ponta de Areia (BA) a Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. Inaugurada em 1881, seria desativada em 1966. A estrada de trilhos foi construída por uma empresa privada, que recebeu a terra em questão de Dom Pedro II como incentivo para a construção da ferrovia.

Veja imagens da cidade de Caravelas

Menos de uma década depois, a empresa enfrentou dificuldade financeira e hipotecou aquele pedaço de chão a um banco privado. Como o débito não foi pago, a instituição financeira executou a dívida. Em 1910, foi a vez de o banco enfrentar crise financeira e repassar o filete de chão ao governo de Minas. Por algum motivo, contudo, o estado jamais explorou a terra.

Apenas na década de 1940, o governo mineiro reivindicou à administração vizinha a propriedade das terras. Documentos oficiais foram encaminhados à Bahia, mas os governantes baianos jamais responderam aos ofícios mineiros. A história se tornou pública somente na década de 1970, quando Fernando Brant levou o caso para as páginas de O Cruzeiro.

Ver galeria . 8 Fotos Trecho que vai da divisa entre os dois estados à cidade histórica de Caravelas, incluindo seus dois distritos, Ponta de Areia e Barra de Caravelas, seria o acesso de Minas ao marBeto Novaes / EM / D.A Press
Trecho que vai da divisa entre os dois estados à cidade histórica de Caravelas, incluindo seus dois distritos, Ponta de Areia e Barra de Caravelas, seria o acesso de Minas ao mar (foto: Beto Novaes / EM / D.A Press )

SEM DISPUTA Um dos órgãos envolvidos na “força-tarefa” é o Instituto de Geoinformação e Tecnologia de Minas Gerais (IGTEC). Em nota, o IGTEC reforça que, “à luz dos registros oficiais, a divisa de Minas com a Bahia é estabelecida, formalmente, por decreto (número 24.155)” e que nele “não consta qualquer faixa de terras pertencentes a Minas Gerais, que se estenda até o litoral de outro estado”. A questão é saber qual a resposta do governo baiano ao ofício encaminhado pelo governo mineiro na década de 1940, como cobrou Brant em sua reportagem.

“É apenas um fiapo no mapa, mas é o quanto basta para Minas. Um fio de linha, uma modesta e tímida maneira de se chegar ao mar”, escreveu Brant. É bom que se diga que a curiosa história não se trata de uma disputa de terra entre os dois estados. Tampouco entre mineiros e baianos, que sempre se encontram nas férias e feriados prolongados. Seja em Caravelas, nas outras praias da Bahia ou nas cidades históricas de Minas.

REPERCUSSÃO NA ‘BAIMINAS’
A polêmica história do “mar de Minas” teve repercussão em várias cidades da Bahia, sobretudo nos municípios que foram cortados pela “Baiminas”, como moradores se referem à extinta ferrovia cuja origem da história do referido pedaço de chão está ligada. Dezenas de jornais impresso, sites de notícia e rádios divulgaram o pitoresco caso, com destaque ao texto de Fernando Brant.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

Curtidas continuam na rede 

Minas tem mar ou não? Na página do EM no Facebook, a história que repercute desde quarta-feira voltou a ser o centro dos cometários dos internautas ontem. Os governos de Minas e da Bahia estão pesquisando seus arquivos em busca dos documentos que esclareçam a situação. A matéria “Em busca da Bahia mineira” recebeu mais de 500 compartilhamentos e cerca de 400 ‘curtidas’ na rede em poucas horas. Entre os comentários, alguns mineiros levantaram a bandeira do estado: “Comprou, pagou, tem que levar!”, disse Gustavo Henrique.

“Minas adquiriu essa faixa de terra de forma legal, nada mais justo.”
Leandro Mendes

“Quem sabe isso não se concretiza? Se der tudo certo, o governo de Minas deve investir em um porto e fazer uma estrada linda e segura para que possamos conhecer e curtir o mar de Minas! É claro que o estado sai ganhando tendo o seu próprio acesso  ao mar!”
Fábio Freitas


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