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Estado de Minas

Obras em áreas de alagamento em Belo Horizonte não saíram do papel

Temporada das águas começa em outubro, mas precipitações na noite de domingo alertam para os problemas comuns nesta época do ano


postado em 28/07/2015 06:00 / atualizado em 28/07/2015 07:19

Na Avenida Francisco Sá com Rua Cássia, no Prado, são comuns descarte de entulhos próximo a bueiros(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Na Avenida Francisco Sá com Rua Cássia, no Prado, são comuns descarte de entulhos próximo a bueiros (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

Bastaram poucas horas para que uma chuva considerada moderada, com precipitação de apenas 12 milímetros, provocasse desligamento de semáforos e queda de energia na madrugada dessa segunda-feira em Belo Horizonte. Mais que os transtornos localizados, contudo, a chuva se fez lembrar nesta época de seca e se torna uma ameaça a áreas sensíveis, principalmente porque as obras prometidas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em vias com histórico de alagamentos, prejuízos e morte, como as avenidas Prudente de Morais (Região Centro-Sul), Cristiano Machado, Bernardo Vasconcelos (Nordeste) e Francisco Sá (Oeste), estão atrasadas e não ficam prontas até a próxima temporada de chuvas, que vai de outubro a março. Pior do que isso, em quase todas essas vias, não há colaboração da população, que continua a descartar entulho de construções e de lixo nos passeios e canteiros, material que já se concentra sobre as grades de bocas de lobo e entope bueiros.

Uma das situações mais complexas ocorre na Avenida Francisco Sá, no Prado, onde desde 2003 as tempestades trazem prejuízos a motoristas, comerciantes e moradores. O Córrego dos Pintos, que passa sob a via, não comporta a descarga de água de bairros mais altos, como Barroca e Gutierrez, fazendo a água subir pelas grelhas do pavimento e atingir quase 2 metros de altura nas áreas mais profundas, como as ruas Ituiutaba e Erê. A intervenção prevista para o local é uma ampliação da capacidade de captação e escoamento, por meio de expansão e complementação das redes de micro e macrodrenagem existentes, ao custo de R$ 15,22 milhões. A previsão inicial da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) era de que as obras começassem neste semestre, com término previsto para o primeiro semestre de 2017. Porém, por motivos não esclarecidos, o novo cronograma é de obras nos seis primeiros meses do ano que vem e término no segundo semestre de 2017.

Nenhuma máquina ou operário começou ainda o serviço e moradores e comerciantes já discordam da metodologia. “Quem está em cima (na parte próxima à Avenida Amazonas) não aceita ficar quase dois anos com a via fechada. O prejuízo com as vendas e serviço seria desastroso. Estamos tentando ver se a Sudecap faz uma coisa parcelada. Mas que é fundamental uma obra, isso ninguém discute”, afirma uma das lideranças da comunidade, o gerente Jucelmo Silva, de 54 anos.

As discussões ainda não chegaram a um consenso, mas o descarte de entulho e lixo sobre os passeios não para. O material acaba sendo carreado pelas chuvas para as bocas de lobo, entupindo-as, o que é bem visível nas esquinas das ruas Cássia, Ametista e Erê. “Isso é o que não podia. A gente tem de cobrar da Sudecap uma solução, mas precisamos fazer nossa parte também. Saber que se você deixa o entulho na obra ele vai parar na drenagem, vai entupir e causar alagamento e enxurrada. Numa dessas, em 2003, quase me afoguei. Fiquei ilhado, preso na janela do meu escritório. O risco aqui é de morte”, alerta outro comerciante, Severiano Antônio de Andrade, de 71.

Lixo no entorno do Córrego da Onça, no Primeiro de Maio, contribui para as inundações na região(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Lixo no entorno do Córrego da Onça, no Primeiro de Maio, contribui para as inundações na região (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

CRISTIANO MACHADO
Nas avenidas Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos, as licitações que deveriam ser iniciadas neste ano ficaram para 2016. O trabalho consiste na ampliação das seções dos canais e na adequação das declividades do Córrego Cachoeirinha e dos ribeirões Pampulha e Onça, com a retirada de 1.300 famílias e implantação de parque linear, ao custo de R$ 442,3 milhões. A situação dos descartes de lixo e entulho nessas áreas, sobretudo nas partes abertas das canalizações dos córregos e ribeirões, é ainda mais volumosa que na Francisco Sá. São pilhas de embalagens e fardos de produtos dos comércios locais sendo empilhadas entre sacos de lixo doméstico, que vão parar nas galerias estreitas dos cursos d’água.

“Isso aqui quando inunda é muito rápido e o reflexo no trânsito atrapalha até o caminho do aeroporto. Tem de fazer a obra logo, mas não pode deixar que essa quantidade de lixo seja jogada todos os dias aqui, por que se não vai adiantar”, afirma o transportador Everaldo Teófilo de Souza, de 42, que sempre trafega pela região.

De acordo com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), todos os anos são removidos 1.500 toneladas de lixo e entulho das beiras de córregos e ribeirões da capital. “Todos os córregos da cidade são limpos, pelo menos, três vezes por ano. É importante que a população obedeça aos dias e horários de coleta domiciliar, evitando descartar resíduos no leito dos rios. O que não é recolhido pelo caminhão compactador deve ser encaminhado a uma Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV)”, informou a superintendência, por meio de nota.

 

CALENDÁRIO

Período das chuvas se aproxima, mas obras importantes não vão começar este ano

» Avenidas Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos (Córrego Cachoeirinha, Ribeirão Pampulha e Ribeirão do Onça)

Previsão inicial: Licitação no primeiro semestre de 2015
Previsão atual: Primeiro semestre de 2016 e término no segundo semestre de 2017
Obra: Ampliação das seções dos canais e na adequação das declividades do Córrego Cachoeirinha e dos ribeirões Pampulha e Onça, retirada de cerca de 1.300 famílias e implantação de parque linear
Valor: R$ 442,3 milhões.

» Avenida Francisco Sá, Rua Erê e Rua Jaceguaia (Córrego dos Pintos)

Previsão inicial: Obras entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro semestre de 2017
Previsão atual: Primeiro semestre de 2016 e término no segundo semestre de 2017
Obra: Intervenções de ampliação da capacidade de captação e escoamento das águas, através da ampliação e complementação das redes de micro e macrodrenagem existentes
Valor: R$ 15,22 milhões

» Avenida Prudente de Morais (entre as ruas Barão de Macaúbas e Bárbara Heliodora / Córrego do Leitão)

Previsão inicial: Início em 2013 e término em 2015
Previsão atual: Obras entre o primeiro semestre de 2016 e o segundo de 2017
Obra: Implantação de galeria paralela à existente na Avenida Prudente de Morais, no trecho entre as ruas Barão de Macaúbas e Bárbara Heliodora
Valor: R$ 50 milhões

Outras obras em andamento

» Drenagem do complexo da Avenida Várzea da Palma e Vila do Índio (Venda Nova).
Término no primeiro semestre de 2016.
Valor: R$ 163 milhões

» Drenagem da Bacia do Córrego Taquaril (Região Leste).
Complementação da infraestrutura e urbanização, sem prazo definido.
Valor: R$ 19,55 milhões

» Bacia de retenção no Córrego São Francisco (Aeroporto da Pampulha).
Término neste semestre.
Valor: R$ 20 milhões

» Bacia de retenção e drenagem do Córrego Bonsucesso (Barreiro).
Término no segundo semestre de 2017.
Valor: R$ 71,12 milhões

» Ampliação do  canal do Córrego Ressaca (Pampulha).

Término no segundo semestre de 2016.
Valor: R$ 23 milhões

» Barragens, drenagem e sistema viário do Córrego Túnel/ Camarões (Barreiro).
Término no primeiro semestre de 2017.
Valor: R$ 63 milhões

Fonte: Sudecap


Retomada na Prudente

As inundações da Avenida Prudente de Morais também são problema antigo e, em 2012, mataram duas pessoas afogadas dentro de um veículo, na esquina com a Rua Joaquim Murtinho. Obras de drenagem, com a construção de uma galeria paralela ao Córrego do Leitão, na Prudente, foram iniciadas em 2013, mas tiveram de ser interrompidas devido ao trabalho de sondagem identificar rochas grandes no solo que demandaram fechar o pavimento e fazer novo projeto. Os trabalhos deverão ser reiniciados no primeiro semestre do ano que vem e a conclusão está prevista para o segundo do ano seguinte, ao custo de R$ 50 milhões aprovados pelo PAC 2.

Uma grande preocupação, segundo o meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto ClimaTempo, é que com as mudanças climáticas os períodos chuvosos se tornaram menores, com volumes de precipitações mais intensas. “O período chuvoso está apresentando tempestades mais concentradas, com grande volume de água em pouco tempo. É o que ocasiona problemas como enchentes”, disse. A previsão, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é de tempo firme nesta semana, com ligeira queda de temperaturas no início dos dias e aumento à tarde. (MP)


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