
Muitos fiéis pagaram promessa ao carregar uma cruz de 4 metros de comprimento e 70 quilos. Foi o caso de Lidiane Ferreira Lages, de 17, que conseguiu emprego de auxiliar administrativo. “Pedi ajuda a Nossa Senhora da Piedade e ela me atendeu. No meio da quaresma, eu já estava trabalhando”, disse a jovem. A cabeleireira Alice Gonçalves, de 22, levou a sua própria cruz. “Minha mãe e a minha irmã estão doentes e estou aqui em busca da graça da cura”, justificou.
A dona de casa Maria Antônia Ferreira da Silva, de 58, fez todo o percurso com os pés descalços, agarrada ao terço e compenetrada em suas orações. “Participo da via-sacra há oito anos, mas agora estou aqui para agradecer duas graças alcançadas. Meu neto parou aos 2 anos e voltou a caminhar. Minha filha foi atacada por 15 cães, ficou estraçalhada e sobreviveu. Peguei com Nossa Senhora da Piedade e ela me atendeu”, disse Maria Antônia.
Joaquim Tereza, de 72, conta que desde criança acompanha a via-sacra na Serra da Piedade. “Mesmo quando não é semana santa, subo a serra sozinho e paro em cada estação para rezar”, disse o aposentado, que reclamou de fraqueza nas pernas e precisou de um galho de árvore para se apoiar na subida até o santuário. “Vim pedir a Deus muita paz, saúde e proteção para toda a minha família”, comentou.
A argentina Maribel Muller, de 39, conta que há 14 anos participava da via-sacra em São João del-Rei e Tiradentes, no Campo das Vertentes, mas que este ano escolheu a Serra da Piedade e ficou encantada pela beleza do lugar. Maribel estava acompanhada dos filhos Tomás, de 11, e da filha Larrissa, que aproveitou para comemorar seu aniversário de 8 anos.
SÍMBOLO PARA A VIDA A celebração religiosa foi conduzida pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom João Justino de Medeiros. Segundo ele, a via-sacra se inspira nos evangelhos que narram a paixão de Jesus Cristo e a sua ressurreição. “Historicamente, os evangelhos começaram a ser escritos de trás para a frente. O mais importante é contar a paixão, morte e ressurreição de Jesus. E os cristãos começaram, ao longo dos séculos, a retomar aqueles pontos do evangelho fazendo caminhos e paradas com estações para meditar. Daí, nasceu a via-sacra na sexta-feira da Paixão, pois nesse dia recordamos esse caminho feito por Jesus, da sua entrega, condenação, caminho do calvário, crucifixão, morte e ressurreição”, disse.
Dom João Justino fez um convite aos fiéis para que possam, ao celebrar a via-sacra, compreender no fundo do coração que ela é um símbolo para as suas vidas. “Ao longo da nossa vida e da nossa história, temos muitos desafios a ser superados, temos dificuldades a enfrentar e muito o que trabalhar e lutar para viver. Às vezes, humanamente sofremos a tentação do desânimo, de parar e não ir adiante. E olhando para Cristo, que foi até o último momento, somos estimulados a fazer o mesmo que ele e amando até o fim. Isso é viver o sentido da Páscoa em nossas vidas”, ensinou o bispo.

