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Estado de Minas

Alunos aprendem nas escolas a economizar água

Lição mais importante na volta às aulas nas escolas de BH é como reduzir consumo para tentar evitar o racionamento, que já bate à porta. Conscientização dos alunos surpreende


postado em 04/02/2015 06:00 / atualizado em 04/02/2015 08:41

Junia Oliveira


A primeira tarefa que a professora Roselane Domingues passou para os alunos foi fazer um manual de etiqueta com sete dicas para economizar água (foto: Rodrigo Clemente/EM//D.A Press.)
A primeira tarefa que a professora Roselane Domingues passou para os alunos foi fazer um manual de etiqueta com sete dicas para economizar água (foto: Rodrigo Clemente/EM//D.A Press.)

O ano letivo mal começou, mas em sala a lição mais importante da vez já está sendo dada: uma aula contra o desperdício. Em várias escolas de Belo Horizonte, o assunto do retorno não foram as viagens e brincadeiras das férias. A escassez de água roubou a cena e tomou conta das rodas de conversas e dos primeiros ensinamentos dos professores. Nos próximos dias, as instituições põem em prática uma série de projetos para incentivar os estudantes de todas as idades a consumir de forma consciente, evitar gastos exagerados e repassar para a família esse aprendizado tão precioso.

Foi o primeiro dia de aula dos pequeninos do ensino fundamental do Colégio Magnum, no Bairro Cidade Nova, na Região Nordeste da capital. Na turma da professora Roselane Domingues, eles entraram no ritmo com uma tarefa para lá de importante: fazer uma manual de etiqueta, listando sete dicas para economizar água. Com os alunos em roda, ela perguntou qual é o problema enfrentado na atualidade. Prontamente, os meninos responderam falta d’água. Entre as hipóteses indicadas como razões, estavam desperdício, poluição, desmatamento e falta de chuva. Questionada sobre os motivos do desperdício, a criançada não teve dúvida em culpar o gasto excessivo das pessoas.

O manual ficou completo com as dicas de cada um: coletar água de chuva para lavar calçadas e partes da casa; fechar a torneira ao escovar os dentes ou ensaboar; reutilizar a água da máquina de lavar, que só deve ser ligada depois de se juntar muita roupa; não demorar no banho; não limpar as calçadas com água; diminuir a lavagem dos carros e usar um pano.

“Isso entraria na minha aula de qualquer maneira, mas os meninos surpreendem, logo no primeiro dia. Eles têm muito contato com a informação dos meios de comunicação, o que casa com nosso objetivo de formar a ideia do que é ser sustentável”, diz Roselane.

Pedro Viggiano Couto, de 6 anos, soube da crise de água pelos pais. “Achei mesmo que poderia ocorrer um dia, porque estávamos gastando muito”, afirma. Em casa, ele conta que está usando menos água e tomando banhos rápidos: “A situação vai melhorar se todo mundo contribuir”. A colega dele, Marina de Paula Drumond, de 6, está preocupada com o aviso na portaria do prédio informando sobre a falta de luz durante toda a manhã de hoje.

Para ela, isso é efeito da escassez hídrica: “Sempre que saio do quarto ou da sala, apago a luz”. A garota leva a sério a economia de água. Antes, tomava banho demorado. Agora, aprendeu que deve ser mais rápida. Quando não usa o chuveiro, o desliga. E para escovar os dentes, passa o creme, molha a escova e fecha a torneira. Mariana acredita que há um longo caminho ainda: “As pessoas estão melhorando, mas ainda falta muito para ter mais água”.

Redução Na Escola Estadual Mário Casassanta, no Bairro Nova Granada, na Região Oeste, o início do ano letivo também serviu para conscientizar os 190 alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. A primeira lição foi sobre o uso das torneiras – o colégio está instalando equipamentos com temporizador –, além do apelo para lavar as mãos com elas fechadas e para não desperdiçar água ao beber. A escola desativou o segundo bebedouro. Uma das grandes apostas para o curto prazo é o projeto feito com o professor de educação física para captar água da chuva.

A diretora Joyce Júlia Gonçalves diz que entre os meninos de 6 anos o desafio é grande, embora eles entendam o significado da economia. “Há muitas dúvidas, porque é difícil para eles compreender o que é racionar”, avalia. Na semana do carnaval, os tradicionais baile e banho de mangueira foram cancelados. “Estamos mudando toda a rotina e eles já percebem. Temos de tentar, pois a nossa proposta é formar integralmente o ser humano.”

Professora do 4º ano do Colégio ICJ, no Bairro Nova Suíça, na mesma região, também iniciou as aulas de 2015 conversando com os estudantes sobre um novo projeto e a preocupação da conscientização, mesmo sendo a água um tema que já faz parte do currículo da escola. A ideia é levar as turmas para visitas didáticas à Copasa e à Cemig. Os textos que tratam do tema também foram minuciosamente escolhidos para compor o livro de português e fazer frente ao conteúdo ensinado em outras disciplinas.

Em casa, além de levar os ensinamentos para a família, a tarefa será também produzir gráficos e panfletos para ter, na prática, a dimensão do problema e da importância da conscientização. “Quando falamos com criança, parece que tudo fica mais sério. Eles levam para os pais e os vizinhos e têm atitudes práticas no dia a dia.”


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