(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

BHTrans pode adotar veículos com câmeras para ronda eletrônica no Rotativo

Com dificuldade para vigiar todos os quarteirões de estacionamento com agentes, BHTrans estuda adotar veículos com câmeras, que podem fazer fiscalização pela leitura das placas


postado em 03/11/2014 06:00 / atualizado em 03/11/2014 07:10

Guilherme Paranaiba e Pedro Rocha Franco

 

(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press)

A tecnologia com que a BHTrans espera contar até 2016 para compra de créditos do estacionamento via telefone celular também pode ajudar na fiscalização, outro gargalo quando o assunto é garantir o respeito às regras do Rotativo. Segundo o superintendente de Implantações e Manutenção da empresa municipal, José Carlos Ladeira, há uma discussão em andamento no país sobre o uso de veículos com câmeras, que possam fiscalizar de maneira eletrônica os carros estacionados. “Seria um sistema parecido com o da empresa Google, que faz fotos para visualizar as ruas. O veículo passa pela rua, identifica a posição e lê a placa dos carros estacionados, identificando se estão regulares ou não”, afirma.

De acordo com Ladeira, essa seria uma forma muito interessante de potencializar a fiscalização, já que as corporações que atuam no trânsito não têm efetivo suficiente para dar conta de todos os quarteirões onde o Rotativo está regulamentado em BH. “Dessa forma, teríamos condições de atingir a meta de 70% de regularidade de uso, o que seria muito bom para o sistema”, afirma.

A coronel Cláudia Romualdo, comandante do policiamento de Belo Horizonte, afirma que a primeira solução que pode ser adotada para resolver o problema no Estacionamento Rotativo parte da própria população. “As pessoas têm que ser conscientes e saber para quem estão entregando as chaves dos seus veículos. Temos que alertá-las quanto ao risco que correm ao fazer isso”, diz a oficial. O inspetor João Marinho, da Guarda Municipal, lembra que entregar o veículo para pessoa inabilitada, o que ocorre muitas vezes com os flanelinhas que manobram os carros, é infração gravíssima, significa perda de sete pontos na carteira do condutor e multa de R$ 574,62, além da apreensão do veículo.

Segundo a BHTrans, de janeiro a agosto deste ano, em média, pouco mais de 6 mil pessoas foram multadas por mês por desrespeitar normas do Rotativo, 9% a mais do que a média mensal de 2013. Para o coordenador do Departamento de Transportes da Fumec, Márcio Aguiar, apesar de as multas estarem aumentando, a maior causa do alto índice de desrespeito às normas do sistema é falta de uma fiscalização que seja contínua e frequente. “Temos momentos de atuação intensa, mas depois o trabalho dos fiscais diminui e com isso os abusos persistem”, afirma. Aguiar também defende um aumento no valor das multas, que hoje é de R$ 53,21. “Pesando no bolso, fica mais fácil conscientizar as pessoas”, afirma.

CERCO Sobre a presença mais frequente de fiscais de trânsito, o superintendente da BHTrans afirma que 24 quarteirões da cidade têm sido alvo de fiscalização mais ostensiva há um mês, para tentar aumentar o uso correto do talão. “Estamos direcionando, junto com a Guarda Municipal, para os pontos de maior irregularidade, onde a fiscalização passa todos os dias, uma vez de manhã e outra de tarde. Nesses locais, já estamos conseguindo 60% de uso correto do talão. Ao regularizar essas áreas, vamos migrando para as demais”, acrescenta Ladeira.
O superintendente da BHTrans lembra que desde 2009 a empresa municipal está proibida de multar, o que piorou a situação no que diz respeito ao uso correto do Rotativo. “Quando nossa equipe de agentes era grande, chegamos a ter 60% de respeito no sistema”, completa.

A reportagem também procurou o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), mas ninguém foi encontrado para falar sobre o trabalho de fiscalização.


Jeitinho vigora até em áreas nobres


Nem nos locais da cidade por onde circulam motoristas de maior poder aquisitivo é regra o uso correto da folha do Rotativo, que custa R$ 3,40. Na Rua São Paulo, entre as ruas Antônio de Albuquerque e Felipe dos Santos, onde é permitido o estacionamento usando um único tíquete por cinco horas, carros importados são flagrados com facilidade desrespeitando as normas. Na Antônio de Albuquerque entre Sergipe e Levindo Lopes, no coração da Savassi, depois de uma caminhada em um dos lados do quarteirão, a surpresa: todos os veículos em conformidade, dentro do horário. A explicação veio com o anúncio de que a fiscalização passaria por aquele trecho, feito por uma motorista.

Sobre quem teria alertado, a resposta óbvia: “Os flanelinhas. Sempre, não é?”, disse ela, sem revelar o nome. Segundo a condutora, a maioria das pessoas que estacionam no quarteirão não usa o Rotativo, mas são sempre informadas dos passos da Guarda Municipal e da PM.

Apesar de os flanelinhas regularem a maior parte dos abusos, motoristas também adotam, sozinhos, uma série de artifícios para tentar evitar as multas e a despesa com os talões de estacionamento. Entre os truques recorrentes está a marcação apenas do campo da hora, deixando os minutos em branco. A ideia é que estratégia permita ao proprietário do veículo ganhar tempo no talão, por exemplo, estacionando às 11h20, mas anotando apenas 11h. Caso o fiscal apareça, o motorista pode argumentar que chegou às 11h50 e apenas esqueceu de marcar o outro campo.

Outra tática é posicionar o talão em local de difícil visualização para o fiscal. Às vezes, o papel nem mesmo está marcado. Em outras situações, o motorista deixa um tíquete usado um ou dois dias antes, para tentar ludibriar o agente. O EM flagrou até mesmo casos em que a folha era de 13 de junho, mais de 100 dias antes da data de uso. Também houve casos em que a folha estava vencida havia quase seis horas. Outros optam simplesmente por não colocar o talão.

O administrador de empresas Gustavo Silveira da Silva, de 34 anos, trabalha no Bairro Funcionários, Centro-Sul da capital, e admite que já burlou o Rotativo. “Já procurei vaga em um quarteirão de cinco horas e, como não achei, tive que parar em um de duas. Marquei a hora errada, para ganhar tempo”, afirma. Ele acredita que isso ocorre porque os motoristas sabem que a fiscalização é falha. “Se a multa fosse certa, ninguém faria errado”, diz.

Enquanto isso...investida nos subterrâneos

Estão em fase final de elaboração os documentos para a publicação da licitação de cinco estacionamentos subterrâneos em BH. Depois que o edital lançado em 2012 foi cancelado por falta de interessados, a prefeitura fez novos estudos e espera retomar o procedimento nesta quinzena. Estão previstos cinco estacionamentos: um na Avenida Álvares Cabral, no Centro, com 358 vagas; um nas imediações do Fórum Lafayette, no Barro Preto, com 461; um na Praça Sete, com 385; um na Savassi, com 406; e um na área hospitalar, com 784. Segundo a PBH, o investimento necessário é de R$ 100 mil por vaga, o que totaliza R$ 239 milhões. A última previsão do município, feita em 2013, considerava um valor de R$ 9 por hora nos novos espaços, mas a assessoria de imprensa da prefeitura não confirmou qual será o preço adotado no novo edital.

Na ponta da caneta
Multas por desrespeito a regras
do Rotativo em Belo Horizonte

2011    81.053    Média de 6.754 por mês
2012    88.783     Média de 7.398 por mês
2013    66.755     Média de 5.562 por mês
2014    48.510     Média de 6.063 por mês

Fonte: Detran/MG


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)