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Estado de Minas

Ônibus do BHBus foi 28 minutos mais rápido do que coletivo BRT/Move

A reportagem testou uma linha que faz o trajeto direto de bairro a bairro e outra da mesma região que faz desembarque na Estação São Gabriel e depois tomou o Move até igual destino


postado em 12/03/2014 06:00 / atualizado em 12/03/2014 14:54

Orcilânia, de 80 anos, que iria para quimioterapia, reclamou do desconforto do ônibus regular e seguiu debruçada sobre encosto do banco da frente(foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)
Orcilânia, de 80 anos, que iria para quimioterapia, reclamou do desconforto do ônibus regular e seguiu debruçada sobre encosto do banco da frente (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)

Uma das dúvidas de especialistas e principalmente dos passageiros dos ônibus de Belo Horizonte é se a substituição das linhas convencionais pelas alimentadoras do sistema BRT/Move, que os levarão até corredores exclusivos como os da Avenida Cristiano Machado, vai garantir mais agilidade. A reportagem do EM testou uma linha que faz o trajeto direto de bairro a bairro e outra da mesma região que faz desembarque na Estação São Gabriel e depois tomou o Move/BRT até igual destino para saber se hoje isso já representa ganho. Por incrível que pareça, a linha antiga, de ônibus desconfortáveis e que se espremem em congestionamento no horário de pico da manhã, foi 28 minutos (32%) mais vantajosa do que a de um ônibus até a estação e depois de um veículo articulado no corredor exclusivo.

As duas equipes partiram em horários semelhantes da Rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova. A que transitou diretamente deixou a Estação Venda Nova às 8h39, em um veículo da Linha 62, que passou por vias congestionadas como Cristiano Machado, Silviano Brandão e Francisco Sales e chegou à Rua Professor Moraes em 59 minutos.

O outro grupo embarcou em um ônibus convencional da linha 60 às 8h33, em um ponto próximo à estação, e chegou ao terminal São Gabriel, onde foi feito o embarque na linha 82 do Move, que só alcançou o destino (mesmo ponto da Rua Professor Moraes), 1 hora e 27 minutos depois, às 10h.

Na Estação Venda Nova, os passageiros observaram a baldeação com desconfiança. “Prefiro demorar um pouco mais a deixar meu ônibus, onde já saio sentada e vou dormindo um pouco mais”, disse a auxiliar administrativa Sheila Ferreira, de 28 anos.

A estação estava lotada e os bancos em que os passageiros aguardaram não eram confortáveis, já que têm uma única ripa de madeira fina. “Às vezes, temos de esperar até 40 minutos para conseguir embarcar, porque tem muita gente na frente. Aqui na estação, o ônibus é cheio o tempo todo, até de madrugada”, afirmou Sheila. O ônibus da linha 62 saiu com 51 pessoas, sendo que todas os 43 assentos estavam ocupados e oito pessoas seguiam de pé. Como a cobertura é muito curta, o sol incide diretamente no ônibus pelas janelas e esquenta muito o ambiente.

A incompatibilidade entre a velocidade do veículo e seu sistema de amortecimento se mostrou pior nas curvas, quando o passageiros sacolejaram e eram jogados de um lado para o outro. “O desconforto é ruim demais. A gente já chega cansado ao lugar onde vai”, desabafou Orcilânia Coelho, de 80 anos, que viajava para fazer uma sessão de quimioterapia e buscou conforto se debruçando sobre o encosto do banco da frente. A Cristiano Machado e a Rua Itajubá foram os locais onde o ônibus ficou mais tempo retido no tráfego, até chegar à Savassi.

Já na saída do ônibus da linha 60 (Venda Nova/Centro), mais da metade das cadeiras estava ocupada. Nenhum passageiro pretendia descer na Estação São Gabriel para embarcar em um carro do Move, até porque muitos já sabiam que a pane no metrô havia provocado lotação dos veículos articulados.

Alguns, porém, disseram que querem fazer o teste, como a auxiliar de compras Kênia Jesus dos Santos, de 30 anos. “Um dia quero experimentar, mas não hoje, porque está tumultuado”, disse. “Ainda não sei bem como funciona (o Move), mas parece que é mais rápido, não pega engarrafamento na Cristiano Machado”, disse.

Atraso em engarrafamento

A equipe do EM desembarcou ao lado da Estação São Gabriel às 9h01, subiu uma passarela, chegou à bilheteria às 9h05 e, após passar pela fila com seis pessoas, recebeu os cartões unitários às 9h08. O veículo da linha 82 chegou à plataforma às 9h17 e partiu às 9h20, depois de 19 minutos de baldeação. Depois de concluir a faixa exclusiva da Cristiano Machado, saiu do túnel da Lagoinha às 9h34 – 5,8 quilômetros percorridos.

O trânsito congestionado fez o veículo demorar 9 minutos para cumprir um trajeto de 1,4 quilômetro, alcançando a Avenida dos Andradas às 9h43. Às 9h51, chegou à esquina das avenidas Francisco Sales e Alfredo Balena, na área hospitalar. E às 10h atingiu o último ponto antes da volta, na altura do número 139 da Rua Professor Moraes, na Savassi.

Para o especialista em transporte e trânsito e professor da Fumec Márcio Aguiar, esse será um grande teste para o Move: “As linha alimentadoras, que vão surgir com a extinção das do BHBus, estarão sujeitas ao mesmo trânsito da cidade que os demais veículos, porque não trafegam por faixas exclusivas quando levam os passageiros até as estações. Por isso, não será possível garantir um deslocamento mais ágil”.

A BHTrans admitiu que usar a linha 60 até a Estação São Gabriel e o Move até a Savassi não representa realmente vantagem, uma vez que “a Linha 62 faz o atendimento direto”. Mas garante que isso não vai inviabilizar as baldeações, já que as novas linhas alimentadoras terão tempo reduzido de embarque e desembarque, já que essas operações serão feitas dentro das plataformas, por meio de escadas rolantes e elevadores. “Com a gradativa implantação do Move, a linha 62 integrará o sistema, usando assim os benefícios da rede, como a pista exclusiva da Cristiano Machado.

 

 


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