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Estado de Minas

Faltam cobradores e sobram reclamações nos ônibus de Santa Luzia, na Grande BH

Após série de ataques a coletivos na cidade, reportagem do EM conversou com passageiros


postado em 06/02/2014 06:00 / atualizado em 06/02/2014 07:09

Motorista reclama da sobrecarga de trabalho: cobrar passagem, liberar a roleta e anotar dados da catraca(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Motorista reclama da sobrecarga de trabalho: cobrar passagem, liberar a roleta e anotar dados da catraca (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Um dia depois dos ataques em série a ônibus em Santa Luzia, na Grande BH, a confusão com um adolescente e dois homens, que seriam fiscais, dentro de um ônibus da linha 4390, que liga o Bairro Córrego das Calçadas, no município, ao Centro de BH, a reportagem do EM testou um veículo da linha e ouviu passageiros sobre os problemas enfrentados diariamente. Na terça-feira, um jovem pulou a roleta e foi agredido por duas pessoas que se diziam funcionários da empresa responsável. Nenhuma das duas foi localizada ontem. Quatro ônibus foram apedrejados e outro incendiado por moradores indignados com a ausência de cobrador nos coletivos, além da demanda superior à quantidade de horários e veículos ofertada.

A Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) informou que a falta de cobrador é permitida no tipo de ônibus usado pela linha 4390, considerado médio, mas a reportagem ouviu de passageiros e motoristas que, desde dezembro, quando os cobradores saíram dos coletivos, o funcionamento do sistema ficou prejudicado.

“Tenho de dirigir, cobrar a passagem, liberar a roleta e anotar os dados da catraca. Isso complica a nossa situação, cada vez mais apertada”, desabafa um dos motoristas da linha 4390, apontando o estresse e a dupla função como as principais dificuldades. Com um protetor auricular nos ouvidos, ele ameniza o barulho ensurdecedor emitido pelo motor do ônibus e precisa ficar atento para desempenhar todas as funções ao mesmo tempo. No ponto final da linha, na Avenida Engenheiro Felipe Gabrich, ônibus das 7h50 com destino ao Centro de BH saiu com 20 minutos de atraso e com cobrador. Já o veículo da viagem seguinte, das 8h30, que saiu às 8h43, seguiu o destino somente com o motorista. Os horários mais tumultuados, 6h10 e 6h35, também rodaram sem cobrador, segundo testemunhas.

Um dos passageiros que embarcaram às 8h30 foi o supervisor de estoque Reginaldo Domingos Ferreira, de 30. “A falta do trocador atrasa ainda mais a viagem. Ás vezes o motorista fica mais de 10 minutos parado, só para cobrar as passagens”, diz. O garçom Higor Nathan, de 20, também criticou a dupla função do condutor. “Eles acabam perdendo a atenção no trânsito ao fazer as duas coisas e colocam em risco a segurança dos passageiros”, diz ele.

O motorista lembra ainda do maior risco de assaltos, já que a caixa com o dinheiro fica na parte da frente do ônibus bem perto de quem se aproxima da porta de embarque. “Outra dificuldade é a liberação da roleta. Às vezes, libero, mas na hora a porta continua travada. A pessoa fica com raiva”, afirma o motorista. A auxiliar de escritório Luciana da Silva, de 38, completa dizendo que a limpeza é precária, são poucos ônibus e tem muito ônibus velho. “Tem dia que a gente chega no serviço com dor de cabeça de tanto que as janelas trepidam”, conta. Ontem, o ônibus no qual a reportagem embarcou havia sido apedrejado e teve vidros quebrados na terça-feira.

PROBLEMAS

Segundo o diretor financeiro do Sindicato dos Rodoviários de BH e Região Metropolitana, Denilson Dorneles, o caso de Santa Luzia chamou a atenção, pois veículos considerados maiores estão rodando sem cobradores, o que motivou o pedido de reunião com a empresa Rodap, responsável pela linha. “Temos problemas com ônibus menores em Sabará, Nova Lima, Lagoa Santa, Caeté e Sabará e pedimos na Justiça a volta dos trocadores”, diz ele. No caso dessas demais cidades, Denilson se refere aos veículos classificados como midiônibus e miniônibus. Eles não passam de 15 toneladas, segundo norma do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG).

O órgão estadual informou, por meio de nota, que midiônibus, miniônibus e ônibus médios podem circular sem trocador. Mas todos têm que passar por vistoria na Setop para serem aprovados ou não, dentro das normas estipuladas pela secretaria. O órgão admitiu que as avaliações são feitas por amostragem, já que a frota é composta de mais de 3 mil veículos. No caso do veículo testado pela reportagem, o DER informou que ele será levado para vistoria. Qualquer reclamação do usuário é transformada em registro de ocorrência. Comprovadas irregularidades, a empresa pode ser multada.

Na terça-feira, Eloísio Silveira, diretor do Grupo Rodap, garantiu que havia cobradores nos ônibus médios, aqueles da linha 4390, mas não nos midiônibus e miniônibus, comuns apenas fora dos horários de pico. Ontem, ele não foi localizado para comentar o assunto. Ninguém foi encontrado no Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram).


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