![Renilson D. Rodrigues, um dos agredidos(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press) Renilson D. Rodrigues, um dos agredidos(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)](https://i.em.com.br/Mr-I6XwbJaTPi1I4bpCE6BYpP9k=/332x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2014/01/23/490744/20140123071611990749a.jpg)
Os quilombolas estão com medo. Maria José Soares Prates, de 62, também exibe as marcas deixadas pelos jagunços. Segundo ela, dois furos no queixo foram causados por tiros de chumbo. Mas o presidente da Associação Remanescente Quilombola das Comunidades Nativas do Arapuim, que engloba o grupo atacado, Valdomiro Alves da Silva, de 70, mostra um cartucho de espingarda de grosso calibre colhido no local das agressões. “Eles perguntavam para o patrão se era para atirar na cabeça ou jogar gasolina e fogo”, disse ele. Segundo os trabalhadores, o grupo ocupou parte da antiga Fazenda Morro Preto por cerca de três anos, mas foi retirado em novembro de 2012 por decisão de Justiça. No sábado, eles voltaram a ocupar o terreno, mas acabaram surpreendidos no dia seguinte pela truculência dos jagunços.
A delegada Andréa Pochmann, da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Conflitos Agrários, confirmou que o fazendeiro João Fábio Dias, o Joãozinho (filho do atual proprietário da área), participou da ação violenta, na qual 11 pessoas ficaram feridas, duas a tiros. “Os agressores atiraram contra essas pessoas em fuga”, disse a policial, evidenciando a intenção de matar. Há indícios da contratação de pistoleiros no Triângulo Mineiro e no Pará, segundo as autoridades, para agredirem os quilombolas.
DESAPROPRIAÇÂO Quem também acompanha o caso é o procurador de Justiça Afonso Henrique de Miranda Teixeira, coordenador das promotorias de Conflitos Agrários do Ministério Público de Minas Gerais. Ele ressaltou que a violência contra o mais fraco nas disputas agrárias vem de longa data. “Precisamos de uma atuação firme do MP e do Judiciário para levar os agressores à cadeia. Pessoas que pegam uma escopeta e dão tiros nas outras têm que ser presas”, disse ele. O procurador acredita que é necessária a demarcação das terras dos descendentes de escravos para pôr fim nos conflitos. A Delegacia Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Minas informou que uma área de 1,8 mil hectares da antiga Fazenda Morro Preto, onde ocorreu a violência, deverá ter a desapropriação ajuizada pelo órgão dentro dos próximos 15 dias.