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Estado de Minas

Após reportagem do EM, Papai Noel voluntário consegue arrecadar mais 7 mil presentes

Voluntário do Restaurante Popular, unidade Barro Preto, vai distribuir os itens para as crianças no almoço de quarta-feira


postado em 22/12/2013 06:00 / atualizado em 22/12/2013 08:43

ANTES - Mário de Assis, voluntário, estava chateado por receber poucas doações este ano(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 10/12/13)
ANTES - Mário de Assis, voluntário, estava chateado por receber poucas doações este ano (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 10/12/13)
A escassez foi substituída pela abundância. E a preocupação sumiu do rosto de Mário de Assis, de 53 anos. Na quarta-feira, ele se vestirá de Papai Noel, com os bigodes pintados com tinta branca, e distribuirá milhares de presentes a crianças e adultos no almoço natalino da unidade do Restaurante Popular no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. No dia 11, matéria do Estado de Minas mostrou que o homem estava angustiado com a falta de doações: tinha arrecadado somente 500 itens. Desde o apelo, porém, a solidariedade não para de bater à porta do velhinho de barba grisalha. Ele estima que a meta inicial de 7 mil brinquedos, guloseimas e outros mimos já foi atingida. “A benevolência cresceu. Graças a Deus as pessoas se sensibilizaram. Agora estamos querendo chegar a 10 mil”, anima-se.


Carrinhos, bolas de futebol, cozinhas em miniatura, batedeiras de mentirinha, bonecas, sacos de pipoca, barras de chocolate, cadernos, material de higiene pessoal. Os objetos se espalham pelo hall de entrada do edifício no número 43 da Rua Goitacazes, no Centro. O endereço é o principal dos dois locais de entrega das doações. O outro fica em Sabará, na Grande BH, na distribuidora de bebidas e artigos para festas pertencente a Mário de Assis. Desde 1995, o voluntário distribui os presentes durante a festa Natal sem fome, Natal da alegria, realizada pela prefeitura da capital no Restaurante Popular. Neste ano, a 20ª edição do almoço planeja servir 5 mil refeições gratuitas.

As doações são tantas que uma parte precisou ser alojada na casa de Mário, presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais (Fapaemg). “No nosso quarto está difícil até de entrar. Tive de arredar a cama para um cantinho”, conta a mulher do Papai Noel, a funcionária pública Cristina Assis, de 52. Na manhã de ontem, ela e uma irmã de Mário, a dona de casa Maria de Lourdes, de 65, ajudavam a pôr tudo em grandes sacos plásticos. Os itens estão sendo separados por faixa etária. “Quase todos os presentes são novos e doados de forma anônima”, ressalta o homem. “Antes as doações estavam demorando a chegar. Hoje estamos tendo um ‘problema’ que todo mundo queria ter: muitos presentes para embalar. Olha que ‘problemão’”, brinca ele. Na quarta-feira, dezenas de voluntários o ajudarão a organizar as filas no restaurante.

DEPOIS- Ontem, feliz, ele mostrou um dos pontos de coleta, no Centro, repleto de embrulhos. A expectativa agora é passar de 10 mil itens(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
DEPOIS- Ontem, feliz, ele mostrou um dos pontos de coleta, no Centro, repleto de embrulhos. A expectativa agora é passar de 10 mil itens (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


Mário cresceu no Bairro da Graça, Região Leste de BH. A família não tinha muito dinheiro. Ele se lembra do presente que sua mãe deu para ele e seus 12 irmãos em um Natal. “Eu tinha 4 ou 5 anos. Mamãe comprou um velocípede para todos nós. Tinha uma carrocinha com lugar para duas crianças. Quebrou um mês depois. Mamãe guardou em cima do guarda-roupa, depois levou pra uma oficina mecânica, mandou pintar e o presente do Natal seguinte foi o velocípede. Ela fez isso em vários anos, sempre renovando o mesmo presente”, recorda. Nas refeições, a mãe fazia questão de deixar as melhores partes do frango para os rebentos. “Ela dizia: ‘Guarda o pé de frango para mim’. Mas é claro que ela não gostava do pé.”

Na escola, Mário cursou apenas o antigo primário. “Tenho a faculdade da vida”, diz. Depois, batalhou para os três filhos, já adultos, terem mais educação formal que ele. “Uma é formada em administração. Outra estuda gastronomia, mas teve de trancar a matrícula por falta de dinheiro para pagar a mensalidade. Outro abandonou o ensino médio, mas estou lutando para ele voltar”, conta. Na primeira vez em que foi Papai Noel no Restaurante Popular, ele lembra que não havia a atual abundância. “Eu comprei quase tudo. Balas, pipoca, lembrancinhas, coisas mais simples. Foi tomando dimensão e não parou mais”, conta.

Ele comemora a quantidade já arrecadada este ano, mas acredita que pode ser ainda melhor. “Este é o ano em que recebemos mais doações. Elas começaram a chegar em grande número depois da reportagem do Estado de Minas.” Quem quiser colaborar pode doar brinquedos novos ou usados em bom estado de conservação, doces, biscoitos, material escolar e de higiene pessoal. Roupas serão encaminhadas para a Cruz Vermelha. “Espero que cheguem mais. Se sobrar, guardamos para o próximo ano”, explica. E acrescenta: “Os passos são largos, mas a estrada é longa”.

SERVIÇO

Locais para entrega de doações: Rua Goitacazes, 43 (quase esquina com Rua da Bahia), Centro, das 8h às 18h. Telefone: (31) 3222-4721. Rua Panamá, 127, Bairro Nações Unidas, em Sabará, das 8h às 18h. Telefone: (31) 3671-9510.


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