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Estado de Minas

Ocupação do espaço do antigo Cine Pathé por shopping popular não é bem recebida

Transformação de espaço do velho cinema gera reações negativas. PBH diz que projeto de resgatar sala de exibições está de pé


postado em 14/12/2013 06:00 / atualizado em 14/12/2013 07:36

Empreendimento vai abrir as portas na segunda-feira e 20% dos boxes já devem funcionar para vendas de Natal(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Empreendimento vai abrir as portas na segunda-feira e 20% dos boxes já devem funcionar para vendas de Natal (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Na segunda-feira, o espaço do antigo Cine Pathé, no coração da Savassi, reabre as portas sem filme em cartaz. O imóvel, de propriedade particular, vai abrigar o shopping popular Xavantes Express, que chega a uma das regiões mais charmosas de Belo Horizonte sob a reação de urbanistas, moradores e lojistas. A prefeitura promete roubar a cena e afirma que, apesar do novo empreendimento, o projeto de devolver ao lugar a condição de cinema está mantido. De acordo com a Fundação Municipal de Cultura (FMC), as obras começam no primeiro semestre do ano que vem e, no fim de 2015, um complexo cultural com sala de exibição, café e galeria será inaugurado.

Alheios a esse processo, comerciantes começam a ocupar parte das 40 lojas instaladas nos 1,1 mil metros quadrados do edifício construído em 1948, na Avenida Cristóvão Colombo, 315, e tombado nos anos 2000. A previsão é de que 20% dos boxes estejam abertos já para as vendas de Natal. O inquilino do imóvel, Leonardo Furman, presidente do Xavantes, desconhece a intenção de retorno do espaço do Cine Pathé às origens. “O imóvel foi alugado dentro da lei”, reforça ele, que disse ter contrato por mais de cinco anos com o locatário, apesar da promessa da FMC de devolver o cinema à cidade.

Marca da Savassi por 50 anos, o cinema teve suas últimas sessões em 1999 e, desde então, o endereço já foi ocupado por igreja evangélica, feira de roupas e estacionamento. Em novembro de 2012, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de BH aprovou projeto da Farkasvölgyi Arquitetura e da PHV Engenharia para construir um prédio de nove andares no local. A contrapartida é recuperar o cinema, manter a fachada e o foyer, tombados pelo patrimônio, e doá-los ao município. Segundo a FMC, o termo de cooperação entre a prefeitura e a iniciativa privada será assinado em fevereiro.

O projeto prevê a construção de um edifício comercial, com entrada pela Rua Alagoas, além de dois níveis subterrâneos com garagem. Os andares com entrada pela Cristóvão Colombo passariam a contar com cinema multiuso, com capacidade para 252 poltronas, além de espaço para exposição e cafeteria. Está prevista também área para instalação do Museu da Imagem e do Som, com acervo do Centro de Referência Audiovisual (Crav).

O diretor de Desenvolvimento da PHV Engenharia, Marcos Paulo Alves de Sousa, explica que o projeto está em fase de licenciamento na prefeitura e que o proprietário do imóvel deve participar da negociação. “É um parceiro nosso e estamos tentando fazer uma permuta. A locação com o shopping popular é provisória”, afirma, reiterando a promessa de doação do Cine Pathé revitalizado ao município. Embora a construtora cite os donos do imóvel como parceiros, caso a negociação não avance, a PBH não descarta a desapropriação da estrutura por interesse cultural. O Estado de Minas tentou sem sucesso contato com os donos do prédio, herdeiros do empresário Antônio Luciano, para que esclarecessem a situação.

REAÇÃO A abertura do shopping popular no imóvel tombado não foi bem recebida por lojistas da região e urbanistas. “A Savassi é o cartão de visitas de BH e a implantação do Xavantes descaracteriza o perfil de lojas únicas e estabelecimentos de cunho cultural”, disse o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas na Savassi (CDL/Savassi), Alessandro Runcini, que também está à frente da Associação de Moradores e Amigos da Savassi.

O CDL solicitou à prefeitura fiscalização para verificar se o empreendimento tem alvará. “Foi realmente um espanto, muito triste saber da abertura do shopping popular em um local no qual esperávamos ter novamente um espaço cultural”, acrescentou Runcini. Em nota, o Sindicato dos Lojistas do Comércio de BH (Sindilojas) informou que espera “nova reunião com a prefeitura para alinhar informações sobre a reabertura do antigo cinema e a retomada do projeto de revitalização do prédio do Cine Pathé”. A entidade luta há mais de uma década pelo retorno da destinação cultural ao imóvel.

“O Pathé é uma referência da cidade do ponto de vista afetivo e fez parte da história de várias gerações. O uso cultural é importante e preserva a memória da capital”, ressalta o diretor de Projetos Especiais do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-MG), Ulisses Morato de Andrade, conselheiro de Patrimônio Cultural do Município. “No conselho, aprovamos a recuperação do cinema e a manutenção do uso cultural do espaço, e espero que seja concretizado dessa forma”, afirma.


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