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Estado de Minas

Conflito entre direito de protestar e direito de ir e vir da população é posto à prova

Dia de manifestações deixou trânsito caótico - quatro protestos em pontos diversos congestionaram a capital


postado em 29/11/2013 06:00 / atualizado em 29/11/2013 06:57

Manifestantes seguiram pela avenida Cristiano Machado até a prefeitura, na Afonso Pena, onde policiais militares tiveram de desviar veículos sobre o canteiro(foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)
Manifestantes seguiram pela avenida Cristiano Machado até a prefeitura, na Afonso Pena, onde policiais militares tiveram de desviar veículos sobre o canteiro (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A PRESS)

Quatro protestos em pontos diversos de Belo Horizonte congestionaram o trânsito e evidenciaram mais uma vez a difícil convivência entre o direito de manifestar de setores específicos e o direito de ir e vir do restante da população, a exemplo do que ocorreu durante a Copa dos Confederações no meio do ano. Enquanto a BHTrans garante que faz desvios para garantir fluidez e a PM defende o diálogo com manifestantes, especialista propõe trajeto para passeatas e quem fica retido no trânsito tem opiniões divididas.

Metalúrgicos, trabalhadores da construção civil, servidores estaduais e moradores de ocupações na região metropolitana foram às ruas protestar por motivos diferentes. Às 17h30, na volta para casa, o reflexo das passeatas causou 74 quilômetros de trânsito lento, segundo o sistema de monitoramento via satélite Maplink.

O protesto de maior impacto foi organizado por quem vive nas ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, na Região Norte de BH. Cerca de 250 pessoas saíram em passeata de madrugada da região do Isidoro, no fim da Avenida Cristiano Machado, e seguiram para a prefeitura, na Avenida Afonso Pena, no Centro da cidade. Houve engarrafamentos ao longo do trajeto, com reflexos durante todo o dia. Eles queriam negociar com a prefeitura para evitar desocupação das áreas invadidas.

A aglomeração na Cristiano Machado, nas proximidades do Bairro Jaqueline, Norte da capital, começou durante a madrugada. Por volta das 6h, os manifestantes começaram a caminhada e revezaram o bloqueio das pistas. Em alguns momentos uma única faixa ficou disponível para o trânsito no sentido Centro, mas, em outros, duas pistas foram cedidas aos carros, ônibus, motos e caminhões.

Uma longa fila se formou na avenida e a retenção se estendeu a ruas que eram bloqueadas à medida que o protesto passava por cruzamentos. O administrador de empresas Bruno Vissole Canteiro, de 37 anos, se irritou com o transtorno: “A gente sabe que se eles não fizerem dessa forma, não serão ouvidos. Mas atrasa a vida de quem tem compromisso e não tem culpa do problema da moradia”.

Segundo o representante das Brigadas Populares, Rafael Bittencourt, a passeata teve o objetivo de pressionar o prefeito Marcio Lacerda a negociar com ocupantes e evitar reintegrações de posse na região do Isidoro. “Uma reunião foi marcada com o governador para a primeira quinzena de dezembro. Queremos que o prefeito faça parte dessa mesa de negociação”, disse.

O grupo de manifestantes andou por quase toda a Cristiano Machado, seguiu pela Avenida Silviano Brandão, passou pelas ruas Conselheiro Lafaiete, Pouso Alegre e Itajubá, até descer o Viaduto da Floresta e chegar à Praça da Estação. De lá, o grupo subiu a Amazonas e parou por mais de uma hora na Praça Sete, antes de seguir pela Afonso Pena até a PBH.

Nesse trecho, o impacto foi maior, pois as vias mais estreitas foram totalmente interditadas, assim como o Viaduto da Floresta. Com o fechamento da Praça Sete e, posteriormente, da Afonso Pena em frente à prefeitura, o trânsito foi desviado para as ruas Pernambuco, Espírito Santo, Curitiba e outras do entorno. O mecânico Emerson Leonardo Santos, de 29, disse que as filas causaram transtorno até para motociclistas. “Quem tem de trabalhar fica prejudicado demais com esse tipo de manifestação. Isso aqui virou um inferno”, afirmou. Já o motorista de ônibus Sidnei da Crus, 34, não se importou em ficar preso no bloqueio da Praça Sete. “Não tem problema algum. Se eles não fizerem nada, a vida não melhora”.

A PBH afirmou, em nota, que invasores de áreas na Região Norte descumpriram acordo feito em 30 de julho e não barraram o crescimento da ocupação. Disse ainda que a ocupação desordenada no Isidoro impede a expansão da construção de 14 mil unidades habitacionais para as famílias

Foi um dia de transtornos também na Avenida Olinto Meireles, importante corredor da região do Barreiro, onde metalúrgicos em campanha salarial bloquearam a via nos dois sentidos pela manhã. Na MG-10, o protesto foi feito por servidores estaduais contra a extinção do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg), que será votada na Assembleia Legislativa. Manifestantes puseram fogo em pneus e fecharam a via no o sentido BH. Já na Avenida Antônio Carlos, trabalhadores de uma obra no câmpus Pampulha da UFMG aderiram à campanha salarial da categoria e fecharam a via em frente à entrada da universidade. Funcionários da construção civil também interditaram a Cristiano Machado, na altura do Shopping Estação.

ROTA PARA PASSEATAS
Para o coordenador do Departamento de Engenharia de Transporte e Trânsito da Fumec, Márcio Aguiar, normalmente o trânsito de BH é tão complicado que qualquer interrupção trava as vias da cidade e gera caos na circulação. Essa situação demanda planejamento para que a mobilidade não seja ainda mais enforcada por causa dos protestos. Ele defende a criação de rotas para manifestantes. “Vai tumultuar o trânsito, mas não vai fechar os acessos. No caso das vias mais estreitas, deve-se pensar uma forma de as manifestações não passarem por elas”, propõe o especialista.

O comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), tenente-coronel Edvaldo Piccinini, alegou que não há embasamento legal para criar caminhos obrigatórios para passeatas. “O batalhão já tem planejamento de trânsito com a Guarda Municipal e a BHTrans para fechamento de locais como a Praça Sete que permitem que o trânsito não trave. É claro que existem impactos, mas os carros não ficam parados”, disse. Ele defendeu o diálogo: “Tentamos convencer os manifestantes de que aquela atitude prejudica uma série de outras pessoas”.

Em nota, a BHTrans informou que administra os reflexos para o trânsito com desvios e operações de urgência, como alteração de tempo de semáforos para melhorar a fluidez. Viaturas fazem o monitoramento das áreas de influência para garantir a viabilidade dos desvios. “Vários corredores ficaram com o trânsito comprometido durante as manifestações de ontem, apesar das ações da empresa. A BHTrans pede a colaboração dos motoristas, já que o bom comportamento no trânsito impacta positivamente na fluidez das vias”, afirmou o comunicado.

(foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)
(foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS)


PROTESTOS E TRANSTORNOS

As manifestações que pararam Belo Horizonte

REGIAO NORTE E CENTRO

Quem: moradores de ocupações da Região Norte de BH

Local: Avenidas Cristiano Machado e Silviano Brandão; ruas Conselheiro Lafaiete, Pouso Alegre e Itajubá; Avenida do, Contorno; ruas Guaicurus e da Bhia; avenidas Amazonas e Afonso Pena

Horário: A partir das 6h

Objetivo: pressionar a prefeitura a negociar ocupação e evitar reintegração de posse na região do Isidoro

AVENIDA ANTÔNIO CARLOS

Quem: trabalhadores da construção civil

Local: Avenida Antônio Carlos (em frente ao campus Pampulha da UFMG); Avenida Cristiano Machado (próximo do Shopping Estação)

Horário: 11h

Objetivo: campanha salarial unificada da categoria

BARREIRO

Quem: metalúrgicos

Local: Avenida Olinto Meireles

Horário: 7h30

Objetivo: reivindicar o aumento de 9% nos salários, além de outros benefícios

MG-10

Quem: servidores do estado de Minas Gerais

Local: Linha Verde (MG-10)

Horário: 10h

Objetivo: possibilidade de extinção do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg), que será votado na Assembleia Legislativa



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