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Estado de Minas

Mineiras vítimas de naufrágio não usavam coletes; buscas continuam em Macapá

Governo confirma pelo menos 10 mortos. O corpo de uma criança foi encontrado na tarde de sábado e o número de óbitos pode crescer. O barco Capitão Reis I virou a cerca de quatro quilômetros da costa de Macapá durante procissão do Círio Fluvial pelo Rio Amazonas


postado em 14/10/2013 07:55 / atualizado em 14/10/2013 08:03

Barco Capitão Reis I virado no Rio Amazonas(foto: Arquivo Pessoal )
Barco Capitão Reis I virado no Rio Amazonas (foto: Arquivo Pessoal )
Os bombeiros retomaram no início da manhã desta segunda-feira as buscas pelas vítimas de naufrágio em Macapá. Duas mineiras que participavam da procissão do Círio Fluvial pelo Rio Amazonas, no Amapá, estavam sem coletes salva-vidas no barco Capitão Reis I, que virou a cerca de quatro quilômetros da costa de Macapá, na manhã de sábado.

Natural de Belo Horizonte, Marli Lourenço Dias, de 67 anos, passava uma temporada na casa da filha Marliana Dias Ferreira, de 35, que há 15 anos vivia no estado da Região Norte. No sábado, elas embarcaram por volta das 6h30 no Porto do Grego, junto com o marido de Marliana e os filhos do casal, de 8 e 2 anos. O passeio de fé foi patrocinado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais Civis no Estado do Amapá (Sindsep), onde o marido de Marliana, Samuel Benjamin, trabalha no setor de informática. Ele sobreviveu e conseguiu tirar da água a filha de 2 anos, mas Marliana e o filho Ranier Benjamin continuam na lista dos desaparecidos. O corpo de Marli foi velado no sindicato e sepultado na tarde de ontem, na cidade de Macapá.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Amapá confirma pelo menos 10 mortos. O corpo de uma criança foi encontrado na tarde de sábado em área próxima ao naufrágio, porém segundo a Marinha, não há confirmação de que ela estava na embarcação. Na lista elaborada pelo sindicato, 45 pessoas sobreviveram e oito ainda estavam sendo procuradas. Muitas foram resgatadas por embarcações próximas. Entre os mortos está Reginaldo Reis Nobre, piloto e dono da embarcação.

O acidente aconteceu por volta das 10h, quando a embarcação que acompanhava a imagem de Nossa Senhora de Nazaré da cidade de Santana até Macapá já estava chegando ao destino. Testemunhas afirmam que a capacidade máxima era de 40 pessoas. O sindicato alugou dois barcos, como faz há seis anos, e cada um deles transportava 62 pessoas, entre funcionários, diretores, familiares e convidados.

Segundo o diretor de Comunicação do órgão, Hélton Jucá, a maré estava agitada e uma onda alta surpreendeu todos, atingindo o Capitão Reis I de lado. Apesar da inspeção da Capitania dos Portos, que verificou a documentação e a presença de equipamentos de segurança pouco antes da partida, Hélder, que estava no outro barco, conta que as pessoas não usavam coletes salva-vidas. Outras 36 embarcações participavam da procissão.

“O barco foi surpreendido por uma onda forte, de lado. Alguns passageiros foram levados pela correnteza e outros ficaram presos no barco, em um desespero muito grande. Estão dizendo que a capacidade era de 40, mas não tenho certeza”, disse. De acordo com o diretor do sindicato, o corpo de Marli foi encontrado no banheiro, no andar inferior. Samuel estaria com a filha de 2 anos no andar de cima. Ele foi internado e ficou em observação em uma unidade médica de Macapá, porque bebeu água e estava bastante abalado com a notícia do desaparecimento da esposa e do filho, além da morte da sogra. A menina passa bem.

Marliana Dias Ferreira, o marido Samuel Benjamin Pinheiro e a filha do casal, Mariana Benjamin. Imagem feita poucos minutos antes do acidente. No meio, o menino Ranier Benjamim e, na direita, a avó Marli Lourenço Dias, 67 anos, cujo corpo já foi sepultado(foto: Arquivo Pessoal )
Marliana Dias Ferreira, o marido Samuel Benjamin Pinheiro e a filha do casal, Mariana Benjamin. Imagem feita poucos minutos antes do acidente. No meio, o menino Ranier Benjamim e, na direita, a avó Marli Lourenço Dias, 67 anos, cujo corpo já foi sepultado (foto: Arquivo Pessoal )


Família das mineiras

Para o irmão de Marli e tio de Marliana, Márcio Raposo Dias, houve descaso das autoridades portuárias. “Tenho uma foto do barco já no meio do rio, tirada momentos antes, e nenhum passageiro usava colete. As autoridades fizeram vista grossa”, afirmou ele. Márcio disse que pretende formar uma comissão com outros parentes de vítimas e procurar o governo do estado, para cobrar empenho nas buscas e denunciar o que ele chamou de “falta de consideração com a vida humana”.

Prima de Marliana e sobrinha de Marli, Érika Dias chegou a Macapá no início da manhã de ontem, com parte da família, que mora em Belo Horizonte. Ela contou que Marliana se mudou para Macapá em busca de oportunidades de trabalho na área de turismo e conheceu Samuel, com quem tinha dois filhos. Marli costumava visitar a filha e vendeu recentemente sua casa no Bairro Aparecida, na Região Noroeste da capital mineira. Estava em Macapá hospedada na casa da filha, procurando um lugar para morar.

Segundo Érika, Samuel estava no andar de cima com a filha caçula e a jogou na água quando percebeu o barco afundando. “Foi um ato de herói. Ele a jogou na água e pulou em seguida para pegá-la. Com a Mariana nos braços, nadou até ser resgatado.”
A Capitania dos Portos informou que a embarcação era nova e tinha sido fiscalizada, cumprindo as exigências de segurança e tripulantes. O órgão tem 90 dias para apurar em inquérito as causas do acidente. As buscas serão retomadas hoje, com a ajuda de um helicóptero cedido pelo governo do Pará.

Trabalhos

O governador do Amapá, Camilo Capiberibe, instituiu um Gabinete de Gestão de Crise, que está responsável por organizar e garantir todos os serviços públicos necessários nesse momento, a fim de resgatar as vítimas e apoiar os familiares. As autoridades estão dando apoio para o traslado dos corpos das vítimas que são de outros estados. O estado está negociando com o governo do Pará a cessão de um helicóptero para apoiar as buscas na manhã desta segunda-feira.

Lista de mortos divulgada pela Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública do Amapá:

1. Poliana Sodré Ribeiro, 28 anos

2. Francisco da Silva Camarão, 68 anos

3. Elizabeth Mourão Moraes, 56 anos

4. Marli Lourenço dias, 67 anos

5. Maria Guiomar Silva de Albuquerque, 53 anos

6. Reginaldo Reis Nobre, 51 anos

7. Eliene Ferreira Freitas, 25 anos

8. Maria Celeste de Souza Cambraia, 77 anos

9. Vitor Gregório Passos Nunes, 8 anos

10. Letícia Pereira Correa, 31 anos

(Colaboraram Juliana Ferreira e Luana Cruz)


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