Pedro Ferreira
Praticantes de esporte e moradores dos bairros Floresta e Colégio Batista, na Região Leste de Belo Horizonte, estão deixando de frequentar a Praça Boca do Túnel, recém-inaugurada sobre o túnel da Lagoinha, por falta de iluminação. Foram instalados 11 postes de metal com quatro luminárias cada, mas a fiação subterrânea foi furtada há três meses e não foi substituída. A praça é via de passagem, ligando a Rua Sabará, no Floresta, à continuidade da mesma no Colégio Batista. A obra era uma reivindicação antiga da população e foi eleita no Orçamento Participativo de 2009/2010.
Moradora da Rua Sabará, a dona de casa Brenda Mara Azevedo, de 68 anos, conta que assim que anoitece o espaço é ocupado por usuários de drogas. “Minha casa já foi arrombada duas vezes neste mês. Estou tentando vendê-la e não consigo. Não temos segurança”, reclama. Tão logo a praça foi aberta, a dona de casa conta que traficantes escondiam drogas debaixo das placas de grama.
Atualmente, dois postes de madeira com lâmpada funcionam provisoriamente, mas são insuficientes para garantir a segurança, segundo os moradores. A iluminação do Complexo da Lagoinha impede que o lugar fique totalmente escuro, mas as pessoas preferem não se arriscar e vão para casa assim que anoitece.
A dona de casa Marlene Santoro, de 50, usa com frequência os aparelhos de ginástica da praça, mas somente quando tem pessoas por perto. “Chego sempre às 18h, mas não posso ficar muito tempo, pois tenho medo. Fica muita gente usando drogas à noite”, reclama.
A praça foi construída em três níveis que são interligados por escadas. Na parte de cima há playground e arena. Na parte do meio, equipamentos de ginástica. O gerente comercial Sidney Lopes Dias, de 54, e seu filho, o técnico em informática Murilo Ribeiro Lopes, de 29, correm juntos todas as tardes e trocaram a Avenida dos Andradas pela Praça Boca do Túnel. “A gente se sente inseguro aqui. É um desperdício gastar tanto dinheiro numa praça e deixá-la nesta situação”, disse o pai.
Falta de policiamento Mesmo com a escuridão, o bancário Otávio Luiz Guimarães, de 20, e o estudante Eduardo Paione, de 22, preferem a praça para praticar esportes e bater papo. Mas, segundo eles, as luzes dos postes provisórios se apagam de vez em quando e tudo fica verdadeiro breu. Eles também reclamam da falta de policiamento.
A Cemig informou que o cabeamento da praça foi furtado e que comunicou à prefeitura, uma vez que a iluminação foi feita com recursos da taxa de iluminação pública. A empresa aguarda aprovação do município para fazer um novo serviço. A Regional Leste da prefeitura disse que a praça foi entregue à população, mas que ainda não foi inaugurada oficialmente.