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Estado de Minas

Transporte público é o grande vilão da população

Reclamações contra precariedade do serviço e custo da passagem são maioria na lista de reivindicações de quem foi à rua. Parte das exigências foi atendida pelos prefeitos


postado em 05/08/2013 00:12 / atualizado em 05/08/2013 07:23

BR-040 fechada na altura do Bairro Liberdade durante os protestos em julho. População exigia transporte mais confortável e seguro(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press - 2/7/13)
BR-040 fechada na altura do Bairro Liberdade durante os protestos em julho. População exigia transporte mais confortável e seguro (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press - 2/7/13)


Reclamações contra o transporte público figuraram na maior parte das reivindicações dos manifestantes que foram às ruas de cidades mineiras, em junho e julho, e acabaram depois levadas às mesas de negociação com representantes do poder público. É o que mostra o levantamento das 34 exigências dos protestos em 15 cidades de Minas Gerais. Melhorias e barateamento do sistema de ônibus chegaram a 23 (68%) demandas de quem fez passeatas, bloqueou vias ou ocupou edifícios públicos. Todas as oito exigências atendidas depois dos protestos eram relativas ao tema, sendo a maioria por redução na tarifa. A diminuição mais significativa no preço nesses municípios ocorreu em Vespasiano, na Grande BH, onde a tarifa de determinadas linhas ficou R$ 0,25 mais barata. Nas demais, a diminuição foi de R$ 0,15. Betim chegou a baratear em R$ 0,20 o valor das passagens. Contagem e Belo Horizonte reduziram o preço em R$ 0,15.

Juiz de Fora, maior cidade da Zona da Mata, com 516 mil habitantes, é o lugar onde mais mudanças estão sendo acertadas entre a prefeitura e os representantes de cerca de 10 mil manifestantes que tomaram as principais ruas do Centro. A redução da tarifa não foi concedida, de acordo com a prefeitura, porque o último aumento, de R$ 1,85 para R$ 2,05, ocorreu há mais de um ano. A população exige melhorias nos veículos, nos pontos e que se abra pela primeira vez licitação para contratação de empresas para operar o sistema. Foram pelo menos cinco manifestações de grande porte, sendo que 20 pessoas chegaram a ocupar e acampar na Câmara Municipal para forçar os vereadores a atendê-los.

"Só que os ônibus continuam muito cheios e ainda não respeitam os horários" - Célia Vieira, vendedora. Elias, chefe de cozinha
Bilhete único

Na sexta-feira, o prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), se reuniu com uma comissão do movimento Junta Brasil, que realizou manifestações na cidade, para falar sobre a criação do bilhete único, a licitação do transporte coletivo e a reformulação do Conselho Municipal de Transportes. O prefeito informou que o sistema de bilhete único está em fase de elaboração e deve ser implantado já no próximo ano. As outras demandas dependeriam, ainda, de articulações políticas.

Em Viçosa, também na Zona da Mata, as ruas chegaram a receber 5 mil manifestantes que se queixavam da saúde, da educação e do transporte. Uma comissão com representantes da população foi recebida numa reunião com o secretário de governo, José Antônio Taffarel, que reconheceu apenas a existência de problemas na área da saúde. “A qualidade do nosso ensino já atingiu a meta de 2015 e estamos perto da de 2020. As passagens passaram de R$ 1,80 para R$ 2 há dois anos. Eram exigências irreais. Nosso grande problema é a falta de recursos para os plantões médicos nos hospitais filantrópicos”, disse o secretário.

As melhorias no transporte coletivo exigidas nas manifestações foram atendidas parcialmente em locais como Ribeirão das Neves, onde empresas de ônibus de um mesmo consórcio assumiram serviços considerados deficientes. No caso da linha 6420, que circula entre o Bairro Liberdade e Belo Horizonte, os usuários já notaram melhorias de qualidade depois que a Transimão deixou o serviço e a Saritur assumiu. “Os ônibus estão novos. Antes eram carros com bancos rasgados, parafusos soltos e muito sujos. A gente morria de raiva quando os motoristas não iam até o ponto final e nos deixavam na rodovia (BR-040), que além de longe é insegura”, comemora ao chefe de cozinha Elias Vieira Soares, de 37 anos. “Só que os ônibus continuam muito cheios e ainda não respeitam os horários”, reclama a vendedora Célia Vieira, de 27, esposa de Elias.

Prazo mais que suficiente

Um mês é suficiente para rearranjar serviços para melhor atender a população e iniciar processos para obras mais complexas, de acordo com o consultor em engenharia de transportes e trânsito e primeiro diretor-presidente da BHTrans Osias Baptista Neto. “No caso das empresas de ônibus, em que as reclamações eram de falta de manutenção e reorganização da frota para atender a demanda, isso poderia ser feito rapidamente. Não daria, por exemplo, para comprar mais ônibus”, destaca.

Foi o que ocorreu em São Joaquim de Bicas, na Grande BH, onde a empresa que opera as linhas locais, a Viação Novo Retiro, implantou três novas linhas depois que a população fechou a BR-381 com pneus em chamas. “Desviamos veículos que atendiam as cidades de Igarapé e Betim para criar as linhas 3345, 3336 e 3342, porque realmente foi constatada a necessidade. Antes, apenas seis linhas atendiam o município”, disse o gerente de tráfego da empresa, Luiz Carlos de Souza.

A Viação Novo Retiro passou a atender provisoriamente a linha 6420, Bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde a população elogiou a qualidade, mas ainda reclama dos intervalos longos e da lotação excessiva. “Tivemos de assumir porque a população não aceitava mais a empresa anterior, devido aos problemas de atendimento que constatamos. Mas a linha vai passar para outra concessionária, ainda”, informou o gerente de tráfego. Souza disse ainda que no caso dos ônibus que atendem Contagem e Esmeraldas não haverá aumento do número de viagens, como queriam os manifestantes que fecharam a MG-808, no mês passado. “Não há necessidade. O que acertamos com a Prefeitura de Esmeraldas foi o asfaltamento da Rua Castanheiras, no Bairro Novo Retiro, e o pedido para instalação de passarela ou redutores de velocidade”, disse.

EM BUSCA DE VERBAS
A Prefeitura de Ribeirão das Neves informou que pleiteia verbas para obras de pavimentação e implantação de redes pluviais e fluviais pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, mesma situação informada há um mês, quando os protestos ocorreram. Copasa e Prefeitura de Contagem também informaram que as intervenções no Bairro Tupã dependem de estudos. “Em um mês não se consegue fazer um projeto nem uma licitação, mas incluir projetos em programas é possível, porque aí depende de vontade política. Ou se aumenta o orçamento ou se tira de uma ação e passa para outra, depende de vontade e de uma conjuntura política”, disse Osias Baptista Neto.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) para saber quando a passarela provisória será erguida em Congonhas, mas não obteve resposta. O Dnit já está há mais de um mês em greve, o que tem prejudicado outros projetos, como a duplicação da BR-381 e demais obras e projetos que precisam de editais.


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