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Estado de Minas

Uma noite nos museus: do tambor à poesia

Adélia Prado foi uma das atrações do evento, que teve agenda eclética em 16 instituições


postado em 13/07/2013 06:00 / atualizado em 13/07/2013 07:17

A escritora mineira declamou algumas de suas obras e convidou à reflexão(foto: Marcos Vieira/EM/D.APRESS)
A escritora mineira declamou algumas de suas obras e convidou à reflexão (foto: Marcos Vieira/EM/D.APRESS)

Na esquina de cima, a música era alta, com os tambores do Maracatu Lua Nova dominando a Praça Rômulo Paes. Na esquina de baixo, um silêncio respeitoso à espera de que a escritora Adélia Prado tomasse a palavra. Duas apresentações absolutamente opostas dominaram na noite de ontem um mesmo quarteirão da Rua da Bahia, na região central de Belo Horizonte. No Museu Inimá de Paula, a programação ainda seguiria com jazz; no Centro de Referência da Moda, com ritmos cubanos. E esses foram apenas dois dos espaços que ficaram abertos na sexta-feira para a primeira edição da Noite de Museus, que ocorreu também em outras 15 instituições da cidade.

O pequeno auditório da edificação neogótica na esquina de Bahia com Avenida Augusto de Lima estava quente, apesar da temperatura baixa de ontem. Um público diverso se espremia para ver e ouvir Adélia, que antes de tomar a palavra assistiu a uma performance do ator Luiz Gomide. “Música, poesia, filosofia não servem para nada”, provocou Adélia no início da conversa com o público. Mas logo chegou ao ponto que queria: “A arte é uma resposta afetiva. O Brasil caindo aos pedaços e nós falando de poesia?”.

Adélia não poderia deixar de falar do momento do país. Mas à sua maneira. “Nas passeatas, todos estavam querendo alguma coisa. Há uma fome de significado, pois perdemos os valores e não sabemos mais por que vivemos. Existe também uma necessidade de revolução de ordem interna, espiritual”, acrescentou ela, logo encerrando sua fala: “Poeta que fala demais é feio”.

Saudada com muitas palmas, Adélia deu ao público, na segunda parte do encontro, o que ele mais queria: ouvir os poemas de sua própria voz. Encantou com “Harry Potter” (“Quando era criança escondia-me no galinheiro hipnotizando galinhas”); emocionou com “Refrão e assunto de cavaleiro e seu cavalo medroso” (“Ô estrela Dalva, Ô lua.../Tristeza é o luar nos ermos/Do sertão, Minas Gerais”); e até atendeu pedidos, recitando, de cor, “Casamento” (“Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes”).

“Estava muito curiosa para vê-la, tenho vários de seus livros, pensei em ir até a Divinópolis para conhecê-la”, disse a professora de filosofia Renata de Souza, que, após a apresentação, pretendia continuar no Centro de Referência da Moda. Afinal, a Noite de Museus, que promete nova edição em 2014, estava apenas começando.


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