Valquiria Lopes

No Sul de Minas, houve protestos ontem em pelo menso 13 cidades, onde servidores, trabalhadores do comércio e estudantes seguiram em passeata e fecharam o trânsito. Em Varginha, o protesto reuniu cerca de 20 mil pessoas no Centro, que saíram em passeata cobrando redução da tarifa de transporte público que em janeiro passou de R$ 2,50 para R$ 2,70, e melhorias na saúde e na educação, gastos excessivos da Copa e a votação da PEC 37, que tira o poder de investigação do Ministério Público.
Em Betim, na Grande BH, moradores fizeram passeata do Centro até a prefeitura, no Bairro Brasileia. Em um dos cruzamentos mais importantes da cidade, manifestantes fecharam o trânsito e se sentaram no asfalto. Esse foi o segundo ato na cidade da Grande BH, onde manifestantes também se reuniram na segunda-feira para cobrar as mudanças no transporte e se solidarizarem com temas de interesse nacional. Outro ato está marcado para sábado.
Os protestos em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, pedem passe estudantil e melhorias no transporte. Os manifestantes seguiram em passeata da Praça Clarimundo Carneiro, no Centro, até o terminal central de ônibus. “O passe livre e as mudanças no transporte são as pauta que unificam a todos. Mas há também protestos contra a aprovação da PEC 37, por uma reforma política nacional e melhorias na saúde e na educação”, afirmou o coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Uberlândia, Max Ziller.
Em Viçosa, na Zona da Mata, manifestantes já marcaram para terça-feira o segundo dia de protestos na cidade. O primeiro ocorreu segunda-feira e reuniu cerca de 5 mil pessoas em um circuito que passou pela prefeitura e Câmara Municipal. Segundo o estudante de engenharia de produção da Universidade Federal de Viçosa, Eduardo Lúcio Lopes Souza, o principal tema será a saúde pública. “No primeiro ato, criticamos a precariedade na educação e cobramos mais investimos. Como muitas pessoas se queixaram de problemas no atendimento hospitalar e da falta de médicos, vamos levar esse tema na próxima manifestação”, disse Eduardo. EmLavras, no Sul de Minas, houve manifestação de 8 mil pessoas.
Quem pretende protestar também é a população de Paulistas, no Vale do Rio Doce. Comerciantes se comprometeram a fechar seus estabelecimentos às 15h e se juntar a moradores na praça principal da cidade de 5 mil habitantes. A reclamação é contra a administração pública, que, segundo eles, deixa a desejar.
Pedágio
Indignados com a pista simples, o asfalto irregular e o valor cobrado (R$ 4,40) nos seis pedágios do trecho privatizado da MG-050, entre Juatuba (Grande BH) e São Sebastião do Paraíso (Sul), manifestantes também organizam protesto. Eles pretendem fechar a rodovia em Mateus Leme e Itaúna amanhã. Na primeira cidade, a concentração será em frente à uma lanchonete no perímetro urbano do município. Em Itaúna, os protestos ocorrerão no trevo da MG-431, palco de constantes acidentes. No local, onde há uma rotatória de tráfego intenso, está prevista a construção de um viaduto, mas o projeto não saiu do papel, embora a iluminação pública já tenha sido retirada há mais de um ano. Em São Sebastiaõ do Paraíso, 1,5 mil pessoas protestaram ontem, com pequenos tumultos provocados por vândalos.
Mais acessibilidade
Acessibilidade e faixas de pedestres são cobrados por moradores das cidades históricas Mariana e Ouro Preto, na Região Central. Em Mariana, manifestantes pintaram uma passagens em frente ao Instituto de Ciências Sociais do câmpus da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). A população cobra também redução da tarifa de ônibus. Novo movimento está marcado para hoje.
Segundo o estudante de jornalismo da Ufop Pablo Silva, o tema acessibilidade surgiu entre os protestos por ser um grande problema nas duas cidades: “Na Rua do Catete, por exemplo, é impossível uma pessoa normal andar pelas calçadas em alguns trechos. Para cadeirantes, é impossível se locomover pela falta de infraestrutura”. Ele afirma que até no câmpus da Ufop em Mariana há problema de acessibilidade.
Sobre os ônibus, a queixa maior é em relação ao preço das passagens e ao quadro espaçado de horários. “Os coletivos são precários e o atendimento é ruim, especialmente no fim de semana”, conta o estudante.
Na quarta-feira, a crítica à contratação do serviço de coleta de lixo será levada às ruas em Ouro Preto. Segundo o turismólogo Pedro Rodrigues, de 26, a reclamação da população sobre a licitação para o contratar empresa que presta o serviço na cidade. “A contratação foi em caráter de urgência para um trabalho tão caro e essencial à cidade”. No primeiro ato, anteontem, 5 mil pessoas saíram do câmpus da Ufop e foram até a Praça Tiradentes, levando cartazes cobrando explicações sobre a licitação. “A qualidade é péssima. Exigimos melhorias no atendimento e uma nova licitação para eleger outra empresa prestadora do serviço”, destaca Pedro.
