No primeiro dia do mês das mães, ruas da Região Centro-Sul de Belo Horizonte foram tomadas por mulheres levando faixas, bandeiras e crianças nos braços. Juntas, queriam reivindicar atenção para seus filhos. Não era um protesto por melhoria na saúde pública – necessária –, mas contra o fechamento de pronto atendimentos em hospitais particulares. Muitas que caminharam naquele trajeto entre as praças da Liberdade e Floriano Peixoto nem usavam plano de saúde nas consultas, mas queriam lutar pela coletividade. Uma inspiração que pode também incentivar as famílias a levar suas crianças para brincar ao ar livre, longe dos computadores e fora dos apartamentos. Seja qual for o objetivo, elas estão se unindo. E transformando a realidade ao seu redor.
A arquiteta Isabela Soares da Cunha criou, há dois anos, um grupo no Facebook para discutir a maternidade. Sentia falta de outras mães por perto, para tirar dúvidas e trocar ideias. Trinta mães aderiram e, dias depois, o grupo ganhou o nome de Padecendo no Paraíso. Graças a ele, as mulheres passaram a se ajudar. Entre assuntos como amamentação, alimentação, fraldas, doenças da infância, ainda recorrentes na pauta do grupo, surgiram outros. Problemas que pediam uma movimentação que extrapolasse a rede social, como a demora no atendimento infantil em hospitais particulares da capital.
O protesto que começou na internet ganhou corpo e tomou as ruas. As integrantes foram à Assembleia Legislativa, à Secretaria de Estado da Saúde, à direção dos hospitais que ameaçavam fechamento. Agora, elas recolhem relatos para elaborar um documento e levar à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Querem que os planos de saúde aumentem o repasse para que os pronto atendimentos infantis saiam do vermelho. “Não imaginava que o grupo ia tomar essa proporção e abraçar causas, mas decidimos tomar uma atitude pelo todo. A população merece”, disse Isabela, mãe de Felipe, de 4 anos.
Brincar
A união de outras duas mães também está levando famílias para as ruas, mas para brincar com seus filhos. As publicitárias Flávia Pellegrini e Miriam Barreto Pereira Achtschin achavam as praças da cidade vazias demais quando chegavam para tomar sol com as filhas quando bebês. Queriam que aqueles espaços servissem mais para brincadeiras e encontros entre mães; que as mulheres conversassem mais sobre maternidade enquanto os filhos brincavam. Quando criaram o blog Na Pracinha, não imaginavam que o retorno seria tão positivo. Desde então, parceiros, como o Play Centro de Desenvolvimento Infantil, ajudaram a promover encontros nas praças, pais e mães começaram a frequentar mais os espaços, moradores da cidade adotaram alguns desses locais e até mesmo a cobrança a órgãos públicos, para que valorizem mais as áreas.
O Na Pracinha tem 1 ano, só um pouco mais novo que Cecília, de 2, filha da Flávia, e Sara, de 1 ano e 11 meses, filha da Miriam. As mães querem que todos cresçam juntos. “O que era um ambiente virtual começa a se tornar real, estamos conseguindo desvirtualizar as relações”, afirma Flávia, lembrando que muitas leitoras do blog se tornaram suas amigas. Toda semana elas postam o que é hoje a bandeira do blog: visitam uma praça e detalham ali toda a impressão, experiência e infraestrutura do espaço. “O objetivo é resgatar o prazer dos pais de brincar com seus filhos ao ar livre, tentamos buscar isso sempre”, diz Miriam.
Rede Mães
de Minas
As redes sociais viraram ferramenta fundamental para mães que querem trocar informações. O projeto Rede Mães de Minas, parceria da Fundação Assis Chateaubriand com a Secretaria de Estado da Saúde, promove ações de educação em saúde para gestantes e mães de bebês na primeira infância. No site, mulheres compartilham suas experiências, comentam notícias, mostram fotos de seus filhos e participam de fóruns de discussão. A ideia é divulgar a importância do pré-natal e de cuidados durante a gestação, a fim de reduzir a mortalidade materno-infantil. A rede pode ser acessada no www.redemaesdeminas.com.br.