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Estado de Minas

Tetraplégico torturado pela mãe em Rio Acima quer que ela seja solta

Apesar do apelo, delegado que investiga o caso considera a situação gravíssima e pedirá a manutenção da prisão da mulher


postado em 08/05/2013 22:58 / atualizado em 09/05/2013 00:23

O rapaz tetraplégico que pediu socorro à polícia após ser vítima, por meses, de tortura cometida pela própria mãe está dividido entre o alívio pelo socorro recebido e a angústia. Ele quer que a polícia a solte, presa em Rio Acima, Grande BH, na noite desta terça-feira. "Ele só queria ser respeitado e bem tratado por ela", relata o delegado Ésio de Jesus Viana, que investiga o caso. Apesar do apelo do rapaz, o policial já providencia o pedido para que a Justiça mantenha a mulher presa.

Nesta quarta-feira, o rapaz recebeu a visita do delegado, de uma assistente social da prefeitura e de uma enfermeira do Programa de Saúde da Família (PSF). Ele não quis falar com jornalistas e confessou ao policial ter ficado surpreso com a repercussão do caso na imprensa, já que acompanhou pela televisão as notícias sobre o caso. Nos telejornais foram exibidas cenas fa gravação feita por ele de uma das muitas agressões cometidas pela mãe, Tilma das Graças Teles, de 53 anos. O situação comoveu os moradores do município e espantou a equipe do PSF que o acompanhava há cerca de um ano e que nunca desconfiou dos maus tratos.

"Ele chora, ao mesmo tempo sorri e a todo tempo pergunta pela mãe, preocupado com a situação dela. Pediu que eu aliviasse o lado dela", revela o delegado Ésio Viana. O investigador começou a ouvir pessoas próximas ao rapaz para dar andamento ao inquérito e a buscar junto ao Estado garantias de assistência e cuidados a ele. Uma delas, a manutenção da prisão."No momento eu preciso que ela fique presa para preservar a vida dele e até mesmo dela, que me confidenciou querer se matar. Disse até que pretendia matar primeiro o filho e depois cometer suicídio", ressalta Viana. Ele destacou ainda que a família da mulher também só demonstra preocupação com a condição dela e nenhum zelo pela vítima.

Embora um padrinho do rapaz tenha se apresentado e acolhido o enteado, o delegado enviou um ofício ao Ministério Público pedindo para que seja providenciada uma curadoria a ele. Ésio revelou ter ficado impressionado com o caso, dizendo nunca ter visto uma violência doméstica tão grave. Ressaltou precisar dar andamento a outras investigações, mas garantiu atenção concentrada ao rapaz. "Eu não posso virar as costas para uma questão destas, de cunho até mesmo humanitário", destacou.

O foco das investigações é dimensionar as agressões cometidas pela mãe. Pretende o delegado saber se outras pessoas foram coniventes ou até mesmo co-autoras dos maus tratos. Também quer saber a que ponto chegou a negligência da mãe. "Há muitas pessoas a serem ouvidas. Pessoas que tinham conhecimento, que ouviam as agressões, e que podem saber de coisas que ainda não sabemos. Ele se colocou disponível a falar, é muito lúcido e já nos forneceu muitos dados para dar prosseguimento aos trabalhos", comentou Ésio. O delegado se mostra notavelmente sensibilizado pela condição da vítima. "Ele é um indivíduo muito interessante e foi completamente alienado pela mãe. Creio que seja um gigante espiritual", disse.

Além da atenção policial, o rapaz também recebe apoio da administração municipal. Por meio de nota, a Prefeitura de Rio Acima informou que ele recebe atendimento sistemático de uma equipe multidisciplinar composta por médico, profissional de Saúde Mental, assistente social e fisioterapeuta. No comunicado, destacou-se que nenhum dos profissionais notou, desde que começou a atender o rapaz, nenhum tipo de lesão corporal ou suspeita de maus-tratos.


Cenas de tortura

O rapaz ficou tetraplégico em dezembro de 2011, após um acidente doméstico. Ele relatou à polícia que passou a ser severamente agredido pela mãe, física e psicologicamente, depois de receber alta e retornar para o apartamento onde moravam apenas os dois. Para denunciar o caso, ele conseguiu que fazer a mãe ligar a câmera do computador sem que ela percebese. Assim, registrou em vídeio uma das agressões. Mesmo com a gravação, ele ainda demorou um pouco para criar coragem e pedir socorro. Chamou a polícia nesta terça-feira, por meio de um aparelho celular adaptado a seu uso. O delegado.

Tilma foi presa em flagrante pelo crime de tortura, que é inafiançável e prevê pena de 2 a 8 anos de reclusão. Ela está detida no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Centro-Sul, em BH.


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