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Estado de Minas

Mutilação de mama é alta no país por causa do câncer

Mastectomia ainda é necessária em metade dos casos de câncer quando a doença é descoberta em estágio avançado. Alternativa é cirurgia de reconstrução da mama


postado em 02/03/2013 06:00 / atualizado em 02/03/2013 06:46

"Um câncer é muito traumatizante, é uma lição diária. Tive que aprender que a vida é mais que duas mamas", Lucrécia do Carmo Campolina Pinto, de 53 anos, dona de casa (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

O câncer de mama é uma doença silenciosa, que se desenvolve, na maioria dos casos, sem provocar dores fortes. E uma preocupação dos médicos é de que seja descoberto sem a necessidade de mutilar a mulher. Segundo o mastologista Carlos Henrique Menke, integrante da Sociedade Brasileira de Mastologia e médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, em geral, a estimativa brasileira é que em 50% dos casos ainda é preciso retirar a mama, a mastectomia, por causa do tamanho do tumor encontrado.

“Temos tumores muito grandes ainda. O ideal é até 1,5cm, que tem chance de cura sem deformar a mulher. A grande meta é curar aqueles em tamanho menor”, afirmou. Hoje, uma das técnicas usadas pela medicina é a cirurgia oncoplástica, quando a mama é reconstruída fazendo assimetria com a outra. A prótese é necessária quando a mama inteira é retirada.

A dona de casa Lucrécia do Carmo Campolina Pinto, de 53 anos, sabe o que é entrar na sala de cirurgia e sair sem parte do corpo. Ela teve o primeiro câncer aos 40 anos, na mama esquerda. A mãe morreu com 45, pela mesma doença. Quatro anos depois, apalpando a mama direita, ela identificou mais um nódulo e não conseguiu salvar o outro seio. Pôs próteses, mas não se esqueceu do trauma. “Um câncer é muito traumatizante. É uma lição diária, me olho no espelho sempre e vejo minha situação. Tive que aprender que a vida é mais que duas mamas.”

 O primeiro nódulo ela não conseguiu detectar no autoexame, apenas o segundo, quando já estava mais treinada. “Sempre falo que é importante que a mulher conheça seu corpo e mantenha uma disciplina de consultas médicas e exames. É um conjunto”, afirmou.

Troca de experiências

Já a dona de casa Sílvia Helena Pinheiro mora em Matosinhos, mas está sempre em Belo Horizonte a pedido dos médicos que acompanharam seu tratamento contra o câncer. Tinha mania de se tocar e, num caso raro, descobriu um câncer na mama aos 28 anos, quando amamentava seu segundo filho, há 13 anos. Ela teve que tirar a mama, fez radioterapia, quimioterapia e pediu muito a Deus para continuar a viver. “Hoje, aos 40 anos, era para eu fazer a primeira mamografia. Mas já fiz mais de 100.” Ela participa do Projeto Conhecer, desenvolvido pelo Centro de Quimioterapia da Santa Casa.

A cada três meses, mulheres, familiares e médicos se reúnem para trocar experiências. Sílvia sempre mantém o seu alto astral. “Meus médicos, quando precisam dar a notícia para alguma paciente, me ligam para eu esperar do lado de fora. Quando saem, chorando, digo a elas que é possível vencer, que na hora é o fim do mundo, mas depois tudo passa”, contou. O próximo encontro do Projeto Conhecer será no dia 16 de março, às 8h30, na Santa Casa de Belo Horizonte, com entrada gratuita.

De olho no próprio corpo

Além de se apalpar, mesmo que não seja tecnicamente autoexame, as mulheres devem observar alterações no próprio corpo. Segundo o médico oncologista Charles Pádua, diretor do Cetus hospital-dia, em Betim, na Grande BH, na frente do espelho, elas podem identificar sinais de que algo está errado com a mama. Uma dica é observar, com os braços levantados ou para baixo, se os mamilos estão alinhados. Sair qualquer líquido que não seja o leite materno não é normal. Mamilo retraído, com alguma ferida, ou a pele como uma casca de laranja, são alterações que precisam ser investigadas.

Outra dica do médico é apalpar as axilas também. Alguns tumores, em casos raros até mesmo os de mama, podem se desenvolver nessa região. “Estimular que a mulher conheça e observe seu próprio corpo se soma à vigilância, é um conjunto de ações para o diagnóstico precoce”, afirmou.

A mamografia é indicada a partir dos 40 anos, mas alguns fatores podem aumentar o risco para o câncer de mama e sugerem mais atenção pelas mulheres que estiverem em idade mais baixa. Segundo Pádua, ter um histórico familiar do tipo de câncer aumentam as chances e exigem cuidado. A exposição excessiva ao estrógeno (hormônio feminino) é outro fator influenciado, por exemplo, pela falta de amamentação e longo período menstrual durante a vida. Charles Pádua enfatiza ainda fatores externos, como consumo de gordura e ingestão de álcool em excesso, além de sobrepeso e tabagismo. “As mulheres estão bebendo demais e isso é fator negativo”, disse.


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