Alfredo Durães
O fato de ser sobrinho do ex-ministro da Justiça Armando Falcão de nada adiantou para o brasiliense André Luiz Falcão Habibe, de 45 anos, preso na manhã de ontem ao dirigir embriagado o seu Mercedes-Benz. Ele tentou intimidar uma dupla de policiais militares que o abordaram, dizendo ser parente de um ministro poderoso. Pouco antes das 7h, a sargento Glaucinéa Pereira Maria e o soldado Pedro Machado Couto, do Batalhão de Polícia de Trânsito notaram que na Avenida Amazonas, quase esquina com a Rua Santa Catarina, a Mercedes-Benz placa JHV-9676, de Brasília, seguia pela via em zigue-zague, com dois ocupantes.
FICHADO
Levado para o Detran, André Luiz acabou autuado em flagrante pela delegada Rosângela Tulher por crime de trânsito (dirigir embriagado, artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro). Além de perder a carteira de habilitação, ele teve o carro apreendido e foi multado em R$ 1.915. A delegada estipulou ainda uma fiança de R$ 7 mil para que ele seja libertado. Nesse caso, o dinheiro deve ser pago à vista e em espécie, já que cheques não são aceitos. Até o começo da noite de ontem, parentes de André Luiz não tinham reunido o dinheiro para que ele fosse solto. A previsão era de que ele fosse transferido para uma cela do Ceresp São Cristóvão,, onde ficaria à disposição da Justiça.
A delegada apurou que André, que se apresentou como empresário do ramo de comércio de automóveis, tem ficha na polícia por dois crimes cometidos em 1998, um por estelionato e outro por furto. O acusado disse que o de estelionato foi por causa de cheques sem fundos e que desconhece o crime por furto. Os processos ainda correm na Justiça de Brasília.
Saiba mais
famoso pela frase “nada a declarar”
Armando Falcão foi ministro da Justiça do presidente e general Ernesto Geisel, que governou o país entre 15 de março de 1974 e 15 de março de 1979. Em plena ditadura militar, ele ficou famoso por sempre dizer a jornalistas a célebre frase “nada a declarar”. Em 1976, Armando Falcão elaborou uma lei, que ficou conhecida como Lei Falcão, que amordaçava a imprensa e proibia políticos de dar declarações aos meios de comunicação. Por ironia do destino, agora seu nome é lembrado em função do crime cometido pelo sobrinho. Armando Falcão nasceu em 1919 e faleceu em 2010, em Brasília.