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Estado de Minas

Engenheiro culpa armadores por queda de marquise que matou mulher

Responsável pela obra, ele afirma que o projeto não foi executado como deveria


postado em 16/02/2013 06:00 / atualizado em 16/02/2013 07:09

Calculista afirma que operários fizeram poucos furos na parede do prédio, só para equilibrar a estrutura(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
Calculista afirma que operários fizeram poucos furos na parede do prédio, só para equilibrar a estrutura (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)


O engenheiro de cálculo estrutural da obra do prédio comercial de 10 andares no Bairro União, Região Nordeste da capital, cuja marquise desabou quinta-feira, matando a operadora de telemarketing Marta Ribeiro Quadros Pinto, de 49 anos, afirma que seu projeto não foi executado como deveria. Segundo Maurício Impelizieri, a marquise, de 30 metros de comprimento e 8,5 toneladas, deveria ter sido fixada pelo sistema de grampeamento, com 342 furos e ferros de 16mm que servissem como elo entre o concreto e a nova estrutura acoplada. Ele garante que os operários “fizeram o mínimo necessário, apenas para equilibrar” a marquise e diz que os técnicos responsáveis deveriam ter “vigiado” os armadores. No dia do acidente, Maurício já havia dito que houve um erro primário.

“Tenho 80 anos e 50 de prática. O operário armador deu de esperto e fez pouquíssimos furos, o suficiente só para equilibrar a marquise. Não há problemas em acoplar a marquise depois do prédio pronto, mas eles não executaram da forma como planejei. Ele deveria ter chumbado todos os furos e enchido de cola. Mas, pelas fotos, qualquer um consegue ver que não há furos nem ferragens expostas, ligando as duas estruturas. As que têm são finas demais e estão limpinhas, sem cimento. Por isso, a marquise não ficou nem ao menos dependurada”, disse o engenheiro.

“Dou a receita, mas se você não for bom de cozinha queima o bolo. O projeto não foi executado como estava no papel e o operário sabe que não seria responsabilizado, que é o engenheiro, o calculista, o dono da obra que respondem por tudo. Mas a culpa moral é dos técnicos, que não poderiam ter confiado.”

Laudo

A Defesa Civil municipal deu três dias para que a Construtora Marca Brasil se posicione, apresentando laudos de segurança e de estabilidade. O advogado da empresa, Márcio Rodrigo Magalhães, adiantou ontem que não vai cumprir o prazo. Segundo ele, um perito foi contratado para avaliar os destroços e apurar a causa da queda. O técnico é o engenheiro Daniel Lélis, mestre em análise estrutural do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), que esteve no local,

“O perito vai fazer o laudo e emitir a anotação de responsabilidade técnica, mas para isso ele precisa entrar e a obra está interditada. É inviável entregar o laudo em três dias. Só o perito poderá dizer se é problema só de cálculo, de ferragens ou estrutural”, afirma o advogado, que vai tentar um prazo maior.
Segundo a Defesa Civil, a obra continuará interditada até que a empresa apresente a documentação, mas o perito contratado tem livre acesso. O advogado da construtora disse ainda que a empresa tem o alvará de construção e o projeto arquitetônico aprovado pela prefeitura, bem como o cálculo estrutural.

O presidente do Ibape-MG, Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, disse que o laudo deve ficar pronto em 30 dias. Ele voltou a dizer que havia uma emenda da marquise com material à base de epóx, mas que não há como afirmar ainda o que gerou a queda. “Não é normal marquise nova cair. Estamos com o projeto de cálculo estrutural em mãos e vamos refazer todas as contas. Pode ter sido um problema do projeto, de execução ou das duas coisas.”

O Instituto de Criminalística da Polícia Civil já fez perícia no prédio e o laudo deve demorar 30 dias. O delegado César Cerni de Souza, da 3ª Delegacia da Regional Leste, aguarda o resultado e o laudo de necropsia do Instituto Médico Legal (IML). Ele Já mandou intimar os responsáveis pela obra, que deverão prestar depoimento na semana que vem.


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