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Estado de Minas

Obstáculos e riscos a esportistas nas pistas de exercícios físicos de BH


postado em 27/01/2013 06:00 / atualizado em 27/01/2013 08:00

Esportistas driblam obstáculos, mas muito deles fazem exercícios sem orientação médica(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Esportistas driblam obstáculos, mas muito deles fazem exercícios sem orientação médica (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

Quem vai às pistas de rua para se exercitar em Belo Horizonte deve estar preparado: há obstáculos no caminho. Adotadas pela população e sinalizadas pela administração municipal, as pistas de caminhada na capital são opção de atividade física gratuita, ao ar livre e perto de casa, mas há problemas que, em casos extremos, podem até oferecer risco. Desníveis no asfalto forçam as articulações e pisos estourados por raízes de árvores, por exemplo, aumentam perigo de quedas. A falta de delimitação entre a rua e a faixa de caminhada, de capina, pintura, banheiros e bebedouros também é inconveniente para os esportistas.

Os problemas foram detectados em seis pistas de caminhada da cidade percorridas pela reportagem do Estado de Minas com a ajuda de especialistas nas regionais Centro-Sul, Pampulha e Leste. Cada pista tem características próprias. Na Avenida Bandeirantes, no Bairro Comiteco, Região Centro-Sul, além do comércio às margens, o piso tem desníveis que forçam um dos lados do corpo em praticamente todo o trecho de 1,5 mil metros entre as praças da Bandeira e JK. “As subidas e descidas do trecho não são o problema, mas sim as diferenças de níveis laterais. Elas mudam a mecânica do movimento e a ação de gravidade do corpo”, alerta a educadora física Alessandra Presoti, que acompanhou os testes. “Dependendo do preparo físico da pessoa, causam torções de tornozelo e problemas nas articulações”, acrescenta.

Quando a pista começou a ser usada, as pessoas caminhavam do lado contrário ao atual. Durante a execução de uma obra de recapeamento, a prefeitura atendeu o desejo da população e mudou a pista para o outro lado, com menor número de interseções de trânsito. Mas ainda é necessário ficar muito atento durante a caminhada. Carros entram e saem de garagens e de lojas e cruzam a avenida, na maior parte das vezes sem dar preferência ao pedestre. “Gosto do espaço, mas fico com uma sensação de insegurança. Tenho sempre muita atenção porque a concorrência entre pedestres e carros é muito grande”, afirma o engenheiro aposentado Eduardo Coelho, de 65 anos. Morador do Bairro Serra, ele diz que todos os dias se exercita no local.

Perto dali, no Parque JK, também há percalços. As raízes das árvores se elevaram e estouraram o piso em praticamente todo o percurso de 700 metros da pista de caminhada, expondo a risco de queda quem caminha no local. “Já vi pessoas caindo na minha frente. Conheço uma moça que caiu aqui, quebrou o braço e ainda está fazendo fisioterapia”, contou a decoradora Tânia Maria Ribeiro, de 63, enquanto caminhava com amigas no local.

A colega Maria da Glória Tasca, de 65, queixou-se de que em época de chuva a água empoça e a pista fica escorregadia. “Muita gente já caiu também por causa disso”, disse. A falta de banheiros e o mau estado de conservação também incomodam. “Em qualquer lugar do mundo há banheiro público, mas em Belo Horizonte não é possível. Não dá para entender por quê”, criticou a funcionária pública Isolda Mutti.

Cobrança por manutenção

No Bairro São Bento, na mesma região, moradores podem usar a pista de caminhada rente aos dois lados do canteiro central da Avenida Bento Simão e ainda têm reservado o direito do fechamento de um dos lados da via no período da manhã. Mas convivem com o risco de atropelamento, por não haver delimitação da pista com barreira física. “Falta mais atenção da prefeitura com a pista, manutenção, pintura, recapeamento no asfalto, lixeiras no entorno e mais equipamentos de ginástica”, reclama um dos primeiros moradores do bairro e frequentador da pista Paulo Antônio Paulino, de 72.

Para especialistas, as falhas encontradas em trechos nos quais milhares de pessoas se exercitam diariamente refletem falta de planejamento na implantação das pistas. Ele sugere que um órgão seja responsável pelos espaços. “A atividade de educação física precisa ser planejada, incluída como política de longo prazo. Mas, infelizmente, em Belo Horizonte, a prática de fitness nas pistas surge por acaso, por iniciativa da população”, avalia o professor Leszek Antoni, supervisor de atletismo do Centro do Treinamento Esportivo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A educadora Alessandra Presoti, por sua vez, alerta para a importância de orientar praticantes de caminhada. “Não basta colocar um tência e ir para a pista de caminhada. A pessoa precisa de orientação médica e acompanhamento profissional para saber o volume e a intensidade do exercício que deve praticar”, defende.

De acordo com a Regional Centro-Sul, não há projeto para construção de banheiros e instalação de bebedouros nas pistas de caminhada nem para nivelamento da pista da Avenida Bandeirantes. De acordo com a secretária-adjunta da regional, Nilda Xavier Pires, o órgão faz a manutenção dos obstáculos físicos e dos buracos nesses espaços, o que ocorre periodicamente. A irregularidade da pista de caminhada do Parque JK deve ser resolvida a partir dos próximos dois meses, data marcada para a revitalização do espaço. Segundo o presidente da Fundação de Parques Municipais, Homero Brasil, o piso será elevado sem o corte das raízes das árvores, e bebedouros, brinquedos e equipamentos de ginástica vão passar por manutenção. Não há previsão de instalação de banheiros.

O secretário municipal de Esportes e Lazer, Roberto Tross, informou que cabe à pasta as intervenções ligadas à promoção de saúde e acompanhamento da população nas atividades físicas. “Fazemos cerca de 30 mil atendimentos por ano, orientando as pessoas quanto ao melhor tipo de calçado, fazendo a medição de pressão arterial, de peso e da altura e orientando nos exercícios”, afirmou.


RAIO-X DA PISTAS


ANDRADAS
Região Leste (Extensão: 4.000 metros)
Positivo: piso plano, bom estado de conservação, pista larga e ampla, aparelhos de ginástica e arborização.
Negativo: capim alto, falta de manutenção dos aparelhos de ginástica e das marcações de distância, pilares do muro da rede ferroviária quebrados, mau-cheiro do Arrudas. Falta de banheiros e bebedouros.

BANDEIRANTES
Região Centro-Sul (Extensão: 1.500 metros)
Positivos: Possui delimitação com bolas de concreto para evitar invasão de carros. Aos domingos, um dos lados da avenida fica fechado para o trânsito de veículos.
Negativos: piso com desnível lateral, falta de manutenção nas marcações de distância, não tem separação para ciclovia, apresenta risco de atropelamento nos pontos de cruzamentos com as ruas, falta de banheiro e bebedouro.

PARQUE JK

Região Centro-Sul (Extensão: 700 metros)
Positivo: Pista de caminhada está em uma área verde de 28 mil metros quadrados com quadra de futebol, equipamentos de ginástica, áreas de convivência com bancos e mesas, brinquedos e um espaço para a realização de atividades culturais e esportivas.
Negativo: Piso está estourado por causa das raízes das árvores plantadas no canteiro central da pista. Quando chove, a água fica empossada e deixa o piso escorregadio. Bebedouros estão em mau estado de conservação e não há banheiros.

BENTO SIMÃO

Região Centro-Sul (Extensão: 1230m)
Positivo: Pista é rente ao canteiro central, mas entre 7h e 11h, nos dias de semana, e de 7h às 13h, nos sábado e domingo, é ampliada para um dos lados da avenida, com licença da prefeitura.
Negativo: A pista não tem obstáculos para delimitação e é constantemente invadida por carros. Precisa de manutenção na pintura e na marcação de distâncias. Não tem banheiros e bebedouros públicos.

PAMPULHA
Região da Pampulha (Extensão: 18.000 metros)
Pontos positivo: Cartão-postal da cidade, a Lagoa da Pampulha é um belo cenário para passear e praticar atividades físicas.
Pontos negativo: Grande concentração de esgoto e mau cheiro na lagoa; banheiros fechados ou em péssimo estado de conservação, assim como os bebedouros. Pista de caminhada e ciclovia estreitas, além do circuito para bicicletas não acompanhar todo o percurso da orla. Postos de vigilância ficam fechados durante o dia e são usados à noite como pontos para a prática de sexo. Número de equipamentos de ginástica é insuficiente em relação à extensão da lagoa.

LAGOA SECA
Região Centro-Sul (Extensão: 720m)
Positivo: Pista larga e arborizada, em bom estado de conservação, com muitas lixeiras, inclusive com sacos que podem ser usados para recolhimento das fezes de animais.
Negativo: Falta de segurança, de banheiros e de bebedouros. A pista não tem ciclovia, bem como o Bairro Belvedere.


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