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Estado de Minas

Saúde está à míngua no Centro-Oeste mineiro

Moradores de Bom Despacho e Nova Serrana, no Centro-Oeste do estado, podem ficar sem atendimento em unidade de primeiros socorros e maternidade, por crônica falta de dinheiro


postado em 18/10/2012 06:00 / atualizado em 18/10/2012 07:01

Duas importantes cidades do Centro-Oeste de Minas passam por sérios problemas na saúde. Em Bom Despacho, a 156 quilômetros de Belo Horizonte, moradores podem ficar sem o pronto atendimento a partir de hoje. Enquanto isso, perto dali, em Nova Serrana, a 133 quilômetros da capital, gestantes são obrigadas a procurar hospitais em outros municípios, porque a maternidade do Hospital São José está fechada. Nos dois casos, a falta de repasse de verba pela prefeitura tem causado filas e muitos transtornos à população. Além de Bom Despacho, o pronto atendimento – que é administrado pela Santa Casa – atende pacientes de outras seis cidades da região. Todos os dias, pelo menos 70 pessoas passam pela unidade. A dívida do município chega a quase R$ 580 mil e os funcionários da instituição não receberam seus salários desde. Eles prometem cruzar os braços, caso a situação não seja regularizada.

Segundo a presidente da Santa Casa na cidade, Glayds da Silva Coelho, há três anos foi firmado um convênio entre o pronto atendimento e a prefeitura, que, além de emprestar o imóvel em que são feitos os procedimentos, também ficou responsável por repassar verba para pagamento de funcionários e para o funcionamento da unidade. “Ao todo, 25 funcionários e quatro plantonistas trabalham nela. Todos estão sem receber há três meses. Temos dificuldade de encontrar médicos que queiram dar plantão aqui, justamente devido a essa situação. Eles alegam que o problema está na arrecadação e que o município não tem a verba para repassar. A verdade é que não temos condições de continuar mantendo o serviço dessa maneira”, afirma. Coelho diz que vai “lavar as mãos” e passará toda responsabilidade para o município, a partir de hoje. “Vamos entregar a chave do imóvel para que a prefeitura passe a administrar a unidade”, diz.

O prefeito de Bom Despacho, Haroldo Queiroz (PDT), nega qualquer tipo de crise na área da saúde e garante que a população não ficará prejudicada. Por telefone, ele confessou que o pagamento dos meses de agosto, setembro e outubro estão em aberto, mas afirma que a situação será normalizada. Ele ressalta que a prefeitura, neste momento, tem problemas em conseguir a verba a ser destinado ao pronto atendimento. “Toda verba vem do município e estamos com problemas no orçamento.” No caso dos responsáveis pelo PA entregarem a chave do imóvel, Queiroz garantiu que tomará todas as providências necessárias e que a unidade não ficará fechada.

Aflição

Em Nova Serrana a situação da saúde também não é das melhores. A maternidade do Hospital São José, onde são feitos uma média de 100 partos por mês, está fechada há pelo menos uma semana. Segundo a assessoria, os atendimentos foram suspensos porque o município não tem repassado a verba para o pagamento dos médicos plantonistas. A dívida atualmente está em R$ 225 mil. Além de reivindicar o salário, os médicos querem que o plantão seja presencial, e não sobreaviso, como é atualmente.

Em 13 de setembro, obstetras e pediatras que atendem no Hospital São José entregaram um ofício à Secretaria Municipal de Saúde informando os atrasos no pagamento e a necessidade de mudar o regime do plantão. Eles pediram que a administração desse um parecer até o fim do mês, o que não ocorreu. Com isso, os médicos decidiram fechar a maternidade até que o município tome uma decisão. Por enquanto, as futuras mães são atendidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e encaminhadas para cidades vizinhas, como Divinópolis e Bom Despacho.

O promotor de Defesa da Saúde, Leandro Willi, explica que a situação da maternidade é realmente preocupante. Na próxima semana, o Ministério Público deve realizar uma reunião entre representantes da prefeitura, Secretaria de Estado de Saúde, Ministério da Saúde e Conselho Regional de Medicina (CRM), para avaliar a situação da cidade e buscar uma solução. “Inclusive, não há sequer um convênio firmado, em que a prefeitura se responsabiliza pelo pagamento. Tudo está acordado verbalmente, o que não pode continuar. Claro que como o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ser gerido na cidade pela prefeitura, ela acaba sendo a responsável pela saúde na cidade. Mas é necessário acordar isso oficialmente, para que haja responsabilidades e deveres”, explica. Nenhum responsável pelo hospital quis falar sobre o assunto. Todas as informações foram repassadas pela assessoria de imprensa da unidade. Na prefeitura, quem responde pela área da saúde preferiu não comentar o caso.
 


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