
A mulher suspeita de xingar de “negra, preta horrorosa e feia” uma menina de 4 anos dentro de uma escola de Contagem, na Grande BH, chegou à delegacia para prestar depoimento sobre o caso. Maria Pereira Campos da Silva chegou ao local por volta das 16h. Muito agressiva, ela negou que seria a responsável pelas agressões verbais contra a garota. Inicialmente a Polícia Civil havia informado que Maria Pereira só iria ser interrogada na terça-feira.
Na manhã desta segunda-feira, a professora Denise Cristina Pereira Aragão, de 34 anos, que presenciou o xingamento, e a mãe da criança, Fátima Viana Souza prestaram depoimento. O delegado Juarez Gomes, da 4ª Delegacia de Contagem, informou que deve autuar a suspeita por injúria qualificada. Para ele, não ficou configurado o racismo. Juarez entende que houve uma ofensa em razão da cor de pela da criança, mas o racismo seria confirmado caso a aluna fosse impedida de dançar na festa ou se matricular na escola. Portanto, Gomes pode autuar Maria Pereira por injúria qualificada, de acordo com o parágrafo 3 do artigo 140 do Código Penal.
O advogado que defende a família da menina concorda com a atitude do delegado, mas diz que novas testemunhas podem mudar o rumo das investigações. “Conversei com o delegado e, com os indícios que ele tem em mãos, realmente tem que qualificar como injúria. Testemunhas serão ouvidas durante a semana. Elas afirmam que a avó do garoto tentou acabar com a festa junina. E isso caracteriza racismo”, diz o defensor Amadeus Carlos de Miranda Pimenta.

A família da garota verbalmente agredida pretende pedir indenização na Justiça. “Vamos abrir um processo na esfera criminal e na cível contra a avó do garoto. Vamos pleitear uma indenização reparadora por danos psicológicos, materiais e educacionais da criança”, explica o advogado. Um outro processo será aberto contra a diretora e contra a escola. “Queremos que o registro da escola seja reavaliado, pois pelo modo que está funcionando está em desacordo com a lei”.
