(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Das 15 vítimas da doença em Minas, sete não chegaram a usar o antiviral Tamiflu

Demora: Tamiflu deve ser administrado até 48 horas após os primeiros sintomas


postado em 17/07/2012 06:00 / atualizado em 17/07/2012 07:28

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, basta levar receita a um posto para conseguir o Tamiflu(foto: Ministério da Saúde/Divulgação %u2013 4/8/09)
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, basta levar receita a um posto para conseguir o Tamiflu (foto: Ministério da Saúde/Divulgação %u2013 4/8/09)

Investigação epidemiológica feita em Santa Catarina, no Sul do Brasil, pode evidenciar um problema grave também em Minas: o tratamento tardio da gripe A (H1N1). Conforme a análise feita pela Secretaria de Saúde daquele estado em parceria com o Ministério da Saúde, 28 das 52 pessoas que foram a óbito por lá começaram o tratamento com o antiviral Oseltamivir mais de cinco dias depois do surgimento dos sintomas. O medicamento, indicado para evitar o agravamento da doença, conhecido comercialmente como Tamiflu, deve ser prescrito até 48 horas após o aparecimento dos sintomas. No perfil das vítimas também foi constatada a presença de doenças crônicas, como cardiopatias, pneumopatias, obesidade e diabetes.

Em Minas, apesar de não haver investigação epidemiológica das mortes, o quadro do Sul pode se repetir, já que apenas 53,3% (oito das 15 vítimas) foram medicados com o Tamiflu durante a internação e grande parte dos mortos tinha doenças crônicas preexistentes. Exemplo disso foram as mortes do pastor Eduardo Silva, de 67 anos, e de sua esposa, a professora Maria Lúcia Soares Silva, de 59, vítimas do H1N1. Moradores de Pedrinópolis, no Alto Paranaíba, eles tiveram o quadro de gripe agravado, mas não chegaram a receber o medicamento.

A família afirma que houve retardo na prescrição médica, enquanto a Superintendência Regional de Saúde informa que eles demoraram a buscar atendimento na rede de saúde. “Os dois eram portadores de doenças crônicas e não se trataram em tempo hábil. Foram encaminhados para Uberlândia, onde tiveram o teste confirmado, mas nesse caso nem chegaram a ter o medicamento Tamiflu prescrito, porque já estavam com quadro grave e o antiviral só é indicado para sintomas leves e moderados. Quando saiu o teste, eles já estavam na UTI e não resistiram”, informou o superintendente da Superintendência Regional de Saúde de Uberaba, Iraci José de Souza Neto. Responsável pelas regiões do Triângulo Mineiro e Sul de Minas, onde está concentrada grande parte dos óbitos e casos de gripe A/H1N1, Neto afirma que essa parte do estado já registrou sete casos da doença, sendo que três estão em investigação e não constam na planilha da SES.

Para a Secretaria de Estado da Saúde o percentual pode estar relacionado com a demora dos pacientes em buscar o atendimento médico diante do início dos sintomas da doença. “Muitas vezes, o paciente tem os sinais da gripe e espera para se recuperar em casa. Isso favorece o uso tardio do medicamento, já que o uso ideal nas primeiras 48 horas. Ele pode ser prescrito depois, mas o maiores benefícios ocorrem nos primeiros dois dias depois dos sintomas”, explica o médico infectologista e consultor da SES Guenael Freire. Com o retardo da entrada na unidade de saúde, explica o especialista, o efeito esperado do medicamento não é atingido, já que a evolução da doença ocorre de forma rápida.

A secretária substituta de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Sônia Brito, reforça a afirmação de Freire. Segundo ela, tratamento dos casos agudos de gripe é uma situação relativamente nova e as pessoas ainda não absorveram completamente essa cultura. “Foi a partir da pandemia, em 2009, que começamos a tratar a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e as pessoas ainda têm a ideia de que devem esperar em casa para melhorar.”

Alerta aos médicos

Sônia, no entanto, atribui também ao profissional médico o retardo na prescrição da medicação específica para o tratamento da gripe A/H1N1. “Isso tem questão cultural, da população, mas também da formação dos profissionais médicos. Até pouco tempo atrás, fundamente a partir da pandemia, tinha-se a ideia de que mesmo os quadros agudos da gripe não eram tratados”, disse a secretária.

Apesar de não traçar relação da análise feita em Santa Catarina com outros estados, Sônia acredita que a investigação seja um retrato da realidade no país. “Não ouvimos outras equipes de investigações, mas é possível supor que em todo o país houve retardo no tratamento”, afirma. Diante disso, a secretária voltou a lembrar a recomendação do ministério de prescrever o Tamiflu para os casos de gripe em pessoas que façam parte dos grupos de risco (gestantes, crianças pequenas, idosos e pessoas com doenças crônicas) ou para aqueles que tenham risco de agravamento dos sintomas da gripe.

Segundo ela, o ministério já fez a distribuição de 418 mil caixas de Tamiflu para todas as secretarias estaduais de saúde, que podem pedir novas doses, caso necessário.


Sul do país já tem 108 vítimas

Porto Alegre – Com mais nove vítimas registradas no Paraná e quatro no Rio Grande do Sul, subiu para 108 o número de mortes em consequência da influenza A (H1N1) – gripe suína, na Região Sul do país (52 em Santa Catarina, 33 no Rio Grande do Sul e 23 no Paraná). Os três estados já contabilizam juntos 1,6 mil casos da doença. As informações são de autoridades locais da área de saúde.

O Rio Grande do Sul já soma 33 mortes em decorrência da gripe A neste ano, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde na tarde de ontem. São quatro novas vítimas da doença desde o levantamento anterior, do dia 12. O estado também ultrapassou a marca das duas centenas de casos de pessoas infectadas pelo vírus H1N1 no ano. São 218 casos confirmados, ante 192 diagnósticos que constavam do boletim do fim da semana passada.

O número, no entanto, é bem menor do que os 635 casos confirmados e 52 mortes em Santa Catarina, conforme dados contabilizados até o dia 10 de julho. Sem novas doses da vacina contra a gripe, a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul tem focado mais no tratamento dos casos da gripe por meio da indicação do antiviral Oseltamivir, conhecido com o nome comercial de Tamiflu. Pacientes que forem diagnosticados com síndrome gripal devem ser tratados com o medicamento, que está sendo distribuído gratuitamente nos postos de saúde, com a exigência de apresentação de uma receita médica simples.

Três técnicos do Ministério da Saúde vão ao Rio Grande do Sul para investigar as mortes por gripe A no estado. Esse mesmo levantamento já foi realizado pelos técnicos em Santa Catarina, onde morreram 52 pessoas pela gripe. Os profissionais federais deverão se somar à equipe estadual que já elabora um raio x das vítimas, com o objetivo de detalhar seu perfil – idade, vacinação, doenças anteriores – até a manifestação dos primeiros sintomas da doença.

Mais infectados

O Paraná voltou a registrar mortes em decorrência da gripe A, alcançando 23 vítimas do vírus H1N1 neste ano, conforme boletim divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde do estado. No boletim anterior, divulgado na segunda-feira passada, as mortes somavam 14 casos, assim como no boletim prévio. Ainda segundo o documento, o Paraná assume liderança de pacientes diagnosticados, 760. São 172 a mais do que apontado no levantamento da segunda-feira passada, crescimento de quase 30% no número de pessoas contaminadas pelo vírus.

TIRA-DÚVIDAS SOBRE A GRIPE A (H1N1)

O que é?

Infecção pelo vírus Influenza, que se associa, em geral, com doença de evolução aguda e febril das vias aéreas. Ocorre em surtos anuais, de grande contágio e gravidade variável. Pode produzir diversas síndromes clínicas, rinofaringite, faringite, traqueobronquite e pneumonia, além de complicações variadas, favorecendo, inclusive, a infecção por outros microrganismos.

Quais são os sintomas?
O primeiro indício da doença é a febre, que pode vir associada a dor de garganta e tosse. Também são comuns congestão nasal, mal-estar, dor muscular e nas articulações, dor de cabeça, coriza e rouquidão. O quadro pode evoluir para otites, sinusites, bronquites e até mesmo quadros mais graves.

O que fazer diante dos sintomas?
Procurar atendimento médico imediatamente, generalista ou especializado, da rede pública ou particular.

Há grupos com maior risco de agravamento da doença?
Sim. Gestantes, crianças pequenas, idosos, obesos e portadores de doenças crônicas. Por isso foram escolhidos pelo Ministério da Saúde para a campanha de vacinação.

Quem faz parte do grupo de risco e não se vacinou na época da campanha ainda deve receber a dose?
Sim. O medicamento ainda tem benefícios na prevenção da doença. Quem se vacinou no ano passado e não recebeu a dose neste ano deve também voltar ao posto de saúde para se revacinar, pois o produto só protege por um ano. A vacina é muito importante e eficiente na prevenção da doença.

Para quem desenvolveu a doença, qual é o tratamento?
O tratamento prevê a prescrição do medicamento Oseltamivir – de nome comercial Tamiflu – para as pessoas que apresentarem a síndrome gripal e fazem parte dos grupos vulneráveis às complicações – como gestantes, crianças pequenas, idosos, obesos e portadores de doenças crônicas. Para aquelas fora dos grupos vulneráveis, mas que apresentem os sintomas e tenham sinais de agravamento da doença, a recomendação também é de prescrição.

Em quanto tempo o antiviral deve ser prescrito depois de apresentados os primeiros sintomas?
Para atingir sua eficácia máxima, o antiviral deve ser iniciado nas primeiras 48 horas após o início da doença. Entretanto, mesmo ultrapassado esse período, o Ministério da Saúde indica a prescrição do medicamento.

Onde conseguir o Tamiflu?
O antiviral já é oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS), gratuitamente. Para retirar o antiviral, no entanto, o paciente deve apresentar receita médica, emitida tanto por profissionais da rede pública, como da rede privada.

Como se prevenir contra a doença?
- Higienizar as mãos com água e sabão, com frequência;
- Usar lenço descartável para higiene nasal;
- Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
- Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
- Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
- Evitar tocar superfícies, como mobiliário ou maçanetas, com luvas ou outro EPI (equipamento de proteção individual) contaminados ou com mãos contaminadas;
- Não circular dentro de hospital usando EPIs contaminados. Esses devem ser imediatamente removidos após a saída do quarto, enfermaria ou área de isolamento;
- Restringir a atuação de profissionais de saúde com doença respiratória aguda na assistência ao paciente;
- Manter ambientes domésticos arejados e evitar aglomerações.

Fonte: Guenael Freire, médico epidemiologista, consultor da Secretaria de Estado da Saúde


 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)