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Estado de Minas

Focos de calor, que se traduzem em potenciais incêndios, crescem 20% em MG

Incêndio destrói pelo menos 500 hectares do Parque Nacional, em Santana do Riacho, na primeira grande queimada no estado este ano. Bombeiros controlaram fogo parcialmente


postado em 14/07/2012 06:00 / atualizado em 14/07/2012 07:06

Fogo atingiu locais de difícil acesso. Suspeitas é que incêndio tenha sido causado por queima de capim para pastagem(foto: anônimo)
Fogo atingiu locais de difícil acesso. Suspeitas é que incêndio tenha sido causado por queima de capim para pastagem (foto: anônimo)


O primeiro grande incêndio da temporada de seca em Minas Gerais põe em chamas um dos símbolos naturais do estado e escancara um prognóstico pouco alentador. Há três dias, bombeiros, brigadistas e voluntários tentam debelar as chamas no Parque Nacional da Serra do Cipó, em Santana do Riacho, na Região Central, a 100 quilômetros de Belo Horizonte. Ainda não se sabe o tamanho da área queimada, mas estima-se em, pelo menos, 500 hectares – o equivalente a 500 campos de futebol. Embora a temporada do fogo comece mais tarde, por causa das chuvas que se arrastaram até o mês passado, já conta com números preocupantes. Este ano, a quantidade de focos de calor, que se traduzem em potenciais incêndios, é 20% maior que a registrada no primeiro semestre de 2011.


As chamas na Serra do Cipó começaram na madrugada de quinta-feira e estão em lugar de difícil acesso, em topo de morros. Para chegar lá, só de helicóptero ou 45 minutos de carro e mais seis horas de caminhada. E foi justamente esse meio que a equipe usou no primeiro dia de combate. Os helicópteros dos bombeiros e da Polícia Militar entraram em ação ontem. Ao todo, 60 pessoas se empenharam nos trabalhos, usando abafadores, bombas costais e chicotes. Por volta das 15h30, a aeronave Pégasus decolou com o bolsão de água, recolhida nas próprias lagoas da serra, para jogar sobre as cabeças de fogo, as áreas mais quentes onde os homens não conseguem alcançar.


Os trabalhos foram interrompidos às 17h50 e a expectativa é de que fossem retomados hoje às 5h. A assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros divulgou que metade da área atingida está controlada. De acordo com o chefe substituto da Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira, Paulo Sérgio Campos Avelar, do Instituto Chico Mendes (ICMBio), a linha de fogo quase chegou à região incendiada no ano passado, quando foram queimados 2 mil hectares.


Dois focos na porção sudoeste do parque deram origem ao incêndio. O primeiro deles começou na Várzea da Paina, área fora da reserva nacional. O outro teve início entre o povoado de Altamira e a Serra Lagoa Dourada, exatamente na divisa da unidade de conservação. Paulo Avelar, que é analista ambiental, afirma que as causas são criminais e motivadas pela renovação do capim natural, com a queima para pastagem, uma prática tradicional na região.


“Há uma demanda antiga contra o parque, resquícios de pessoas que foram desapropriadas para a ampliação da unidade. A maioria das queimas é para renovar o pasto, mas já com a intenção de atingir a área”, diz. Atualmente, há ainda seis famílias que vivem no Vale do Bocaina – são, inclusive, brigadistas. No total, 98% das áreas já foram desapropriadas.

Danos

Quem olha as montanhas ainda verdinhas não imagina que há menos de um ano elas foram totalmente consumidas pelas chamas. Tudo parte dos mistérios e milagres da natureza, que garantem aos campos rupestres uma capacidade grande de renovação. Outro alento é que as áreas atingidas pouco comprometem a fauna. Por serem topos de montanhas, guardam muitos répteis, como cobras. Mamíferos estão concentrados na parte baixa da vegetação. “Ano passado quase não tivemos notícia de animais mortos”, afirma Paulo Avelar.


Mas, nem por isso o parque está livre dos danos, que atingem áreas muito essenciais. “Os principais prejuízos são nas nascentes, pois o fogo queima as matas ciliares e as chamas constantes podem até secar os cursos d’água. Além disso, o solo fica exposto e há risco de assoreamento”, completa o analista ambiental.

Mais focos do que em 2011

O número de focos de calor em Minas, no primeiro semestre de 2012, supera o registrado de janeiro a junho do ano passado. Conforme balanço da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), houve até agora 1.445 ocorrências contra 1.202 em 2011. Os focos de calor captados por satélite não são necessariamente incêndios, mas podem se transformar em fogo nas matas dependendo das condições ambientais. O pior período desta vez foi junho (352) mas, com o tempo ficando mais seco e sem chuvas, a situação pode piorar. Nas duas primeiras semanas deste mês, houve 109 focos de calor, bem longe do atingido em julho de 2011, que foi de 1.079, e deu início a uma acelerada destruição de campos, matas e florestas. O Sistema Nacional de Monitoramento de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (INPE), divulgou ontem um mapa apontando a situação crítica no Norte de Minas e em áreas do Vale do Jequitinhonha.


Conforme balanço de incêndios florestais da Previncêndio, que envolve diversas instituições, incluindo a Semad, foram registrados em 2011, 247 ocorrências de queimadas na área interna das Unidades de Conservação (UCs). Foram 40.067 hectares destruídos dentro das unidades e mais 18 mil no entorno em 162 ocorrências. Os meses de agosto e setembro foram os mais críticos, contabilizando 65% do total de notificações e 89% da área queimada. Segundo o secretário de estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães, o estado está mobilizado. “Os investimentos passaram de R$ 4 milhões no ano passado, para R$ 52 milhões este ano”, disse. Os recursos foram usados na compra de equipamentos, treinamento de pessoas e outras ações. Levantamentos da Semad mostram que 90% das queimadas nas unidades de conservação estaduais têm origem criminosa. Denúncias de incêndio devem ser feitas pelo telefone 0800 283 2323. (Gustavo Werneck)

 


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