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Estado de Minas

Conta da BHTrans no Twitter para orientar motoristas vira retrato do trânsito ruim

Número de acidentes, falhas e congestionamentos assusta especialistas


postado em 21/06/2012 06:00 / atualizado em 21/06/2012 07:42

(foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS )
(foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS )

No meio da tarde de 8 de maio, o aviso: “Atenção: acidente no anel, perto do Buritis, com reflexo a partir do trevo do BH Shopping. Se possível evite o local”. Pouco depois, mais um: “Nossa Senhora do Carmo, entorno do BH Shopping, Raja Gabaglia sentido Buritis e adjacências: trânsito intenso. Se possível, evite o local.” Os dois alertas foram feitos pela BHTrans numa terça-feira em que um acidente no Anel Rodoviário teve reflexos em várias vias de Belo Horizonte e provocou congestionamento de 50 quilômetros. As mensagens saíram na conta da empresa no microblog Twitter, criada para tentar avisar motoristas sobre os frequentes problemas no trânsito. Não se sabe quanta gente consegue evitar engarrafamentos acompanhando as mensagens. Mas, às vésperas de completar três meses, a conta da BHTrans já se tornou um retrato, ruim, do trânsito belo-horizontino.

Desde 26 de março, pelo menos 2.260 mensagens foram publicadas. Os dados dão uma dimensão de como trafegar por BH virou teste de paciência e exige cuidados. Em 63 dias, uma vez que a conta não funciona nos fins de semana, 295 acidentes foram registrados. A média supera quatro casos diários. E apenas os acidentes com maior potencial para complicar o trânsito são publicados. A conta da BHTrans (@OficialBHTrans) expõe também o perigo a que se submetem motociclistas. Do total de acidentes, 114 (38,6%) envolveram motos. E mais: por meio do Twitter, é possível ter ideia de como as manifestações realizadas na cidade são capazes de provocar congestionamentos. No período, 23 protestos fecharam vias da capital e se tornaram mais um obstáculo para motoristas (leia mais na página 26).

“O trânsito está muito ruim, então o jeito é seguir o Twitter para tentar evitar o pior”, resigna-se o biomédico Lucas Chaib, de 23 anos, um dos 7.066 seguidores da conta da empresa. Ele considera que o “ideal” seria a BHTrans tomar medidas para que o trânsito melhorasse, mas admite que recorrer à conta da empresa às vezes o poupa de engarrafamentos. Morador do Bairro Buritis, ele vai com frequência ao Bairro Itapoã, na Região da Pampulha, visitar a namorada. “Depois que fiquei preso na barragem da lagoa em um engarrafamento desumano, comecei a seguir a BHTrans”, conta. “Se tem informação de congestionamento, dou uma esperada”, acrescenta.

Caminhões pifados

Além de acidentes e protestos, os tuítes da BHTrans mostram como a falta de manutenção dos veículos atrapalham o trânsito. Foram 240 casos de defeitos que causaram congestionamentos, a maioria envolvendo caminhões. Levando em conta defeitos e acidentes, foram 535 casos (mais de 8 por dia) que deixaram o trânsito mais lento que de costume. Para especialistas, os números são preocupantes. “Os dados mostram que fatos anormais se tornaram comuns no trânsito de Belo Horizonte”, avaliou Silvestre Andrade, consultor em transporte e trânsito da empresa Tectran. No caso das sucessivas falhas mecânicas, ele aponta a falta de fiscalização eficiente das condições dos veículos. “Deveria haver uma revisão anual, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, mas isso não acontece”, acrescenta.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Outra análise sobre as publicações da BHTrans confirma que os principais corredores da capital são palco de acidentes e congestionamentos constantes. No ranking das vias mais citadas em tuítes relacionados a problemas de trânsito, a campeã é a Avenida Cristiano Machado – em obras por conta do BRT (transporte rápido por ônibus). Foram 256 citações, que incluíram engarrafamentos nos horários de pico, caminhões com problema, desvios ou mudanças por conta de obras, entre outros. Em segundo lugar vem a Antônio Carlos, seguida da Amazonas, Pedro I e Nossa Senhora do Carmo (veja quadro ao lado).

As informações publicadas na conta da BHTrans, que funciona de segunda a sexta-feira das 6h30 às 23h, vêm de fontes diferentes. A equipe de cinco pessoas responsável por selecionar as mensagens usa o sistema que registra as ocorrência de trânsito e transportes do Centro de Controle Operacional, informações dos agentes de trânsito por meio de rádio, ocorrências do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e câmeras da BHTrans. As hashtags, palavras-chave usadas no Twitter para determinados assuntos, também são monitoradas e as informações, checadas. Se confirmadas, são postadas. Embora cobre medidas para enfrentar problemas no trânsito, o consultor em trãnsito Silvestre Andrade considera positivo qualquer tipo de canal de informação. “Informação nunca é de menos para que o motorista decida que caminho tomar”, avaliou.


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