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Estado de Minas

Esconderijo de suspeitos de matar universitária ficava a 600 metros de presídio

Dois dos suspeitos fugiram para Montes Claros dois dias depois do crime. Na cidade do Norte de Minas, eles alugaram uma casa próxima ao Presídio regional de Montes Claros.


05/06/2012 08:00 - atualizado 05/06/2012 10:46

Imóvel grande, mas simples, localizado em rua de terra, tem muros altos que garantem privacidade (foto: Dione Afonso/Esp. EM)
Imóvel grande, mas simples, localizado em rua de terra, tem muros altos que garantem privacidade (foto: Dione Afonso/Esp. EM)


Os dois suspeitos de matar a universitária Bárbara Quaresma Andrade Neves fugiram para Montes Claros dois dias depois do crime, ocorrido no Bairro Cidade Nova (Região Nordeste da capital). Na cidade, em companhia de duas jovens, uma delas menor, a dupla alugou uma casa no Bairro Jaraguá 2, ironicamente a 600 metros do Presídio Regional de Montes Claros. Segundo uma fonte da Polícia Civil, Wagner Henrique Soares da Conceição, o "Waguinho", e Tiago Henrique Fernandes dos Santos, o "Terror", fizeram a viagem de 417 quilômetros desde Belo Horizonte até o município do Norte de Minas em um táxi clandestino.

Segundo a polícia, Waguinho e Terror, presos na tarde de domingo, partiram rumo a Montes Claros na sexta-feira, 25 de maio. O imóvel que serviria como suposto esconderijo foi alugado na segunda-feira seguinte, segundo apurou o Estado de Minas com a comerciante M.H.G.S., responsável pelo imóvel alugado. “Jamais passaria pela minha cabeça que seria gente ligada ao crime”, disse a mulher, afirmando que a casa – grande, mas simples e de muros altos, sem reboco – pertence a uma irmã.

A locatária disse que, na tarde de segunda-feira, dia 28, um dos rapazes que respondem pela morte de Bárbara lhe procurou, dizendo saber que ela tinha uma casa para alugar. “Ele disse que era amigo do marido de uma vizinha e eu acreditei”, afirmou a comerciante. Segundo ela, uma hora após o primeiro contato, o rapaz, que estava em uma caminhonete (seria um Fiat Strada), voltou em companhia de uma mulher e pediu as chaves para ver o imóvel.

Os estranhos acabaram se acomodando na casa no mesmo dia. “Avisei que primeiro teria que assinar o contrato de aluguel, mas o homem disse que a mulher dele já estava limpando a casa e me pagou adiantado o valor do primeiro mês do aluguel: R$ 250”, disse a locatária. Ainda segundo ela, os inquilinos disseram que estavam chegando de outra cidade trazendo apenas as roupas, e que a mudança chegaria depois. De imediato, levaram para o imóvel um fogão e um botijão de gás.

Ainda segundo a comerciante, o rapaz que fez o primeiro contato alegou que o contrato de aluguel seria assinado em nome da mulher dele, que seria Luciana Barbosa Felipe, de 20 anos, uma das jovens que acompanhavam Waguinho e Terror. A jovem, natural de Belo Horizonte, chegou até a entregar à responsável pela casa uma cópia da carteira de trabalho, mas a formalização do aluguel não foi assinada.

Cotidiano

A casa alugada pelos suspeitos do assassinato da universitária tem seis cômodos – três quartos, sala, cozinha e banheiro – e fica em uma rua de terra. Vizinhos que não quiseram se identificar disseram não ter percebido movimentação estranha no local. “As duas moças ficavam na casa na maior parte do tempo, enquanto os homens saíam durante o dia”, contou uma moradora.

A vizinhança só descobriu tratar-se de suspeitos de um crime de grande repercussão na tarde de domingo, quando pelo menos 10 policiais, em quatro carros, comandados pelo delegado Rodrigo Bossi, chegaram ao local e prenderam Waguinho e Terror. Sem reagir à abordagem, a dupla foi transferida para Belo Horizonte ainda na noite de domingo.

Wagner e Tiago riram e fizeram piadas durante a apresentação da Polícia Civil(foto: Reprodução/TV Alterosa)
Wagner e Tiago riram e fizeram piadas durante a apresentação da Polícia Civil (foto: Reprodução/TV Alterosa)
Folha corrida


Wagner e Thiago moram respectivamente nos bairros Cachoeirinha e Santa Cruz, na Região Nordeste da capital, mas viviam havia algum tempo em São José da Lapa, na Grande BH. Lá eles teriam conhecido Rafael, há três meses, quando o convidaram para dirigir o carro que seria roubado. Wagner conduziria o Stilo prata usado pelo trio no assalto e Rafael, que não tem passagem pela polícia, fugiria com o Uno, uma vez que Thiago não dirige.
O delegado Bruno Wink ficou sabendo na quinta-feira que os suspeitos estavam em Montes Claros. As primeiras informações eram de que eles teriam ido entregar o Stilo para um receptador, o que ainda não foi confirmado. Os dois estavam acompanhados de duas mulheres que seriam suas namoradas, uma delas menor, e que foram liberadas pela polícia tão logo chegaram a Belo Horizonte.

“Depois de cometerem o crime, eles fugiram para São José da Lapa e passaram a noite em Vespasiano. Viajaram na sexta-feira seguinte para Montes Claros, onde alugaram uma casa no Bairro Jaraguá 2”, disse o delegado. O Stilo e a arma usada, um revólver calibre 38, não foram encontrados com a dupla.

"Clínica geral"

“Thiago contou que sempre saía armado, para sua segurança. Ele e Wagner são parceiros de crimes há três anos”, informou o delegado. Thiago tem passagens pela polícia por roubo, em 2010, tráfico de drogas e homicídio, em 2011, e roubo em 2012. Wagner cometeu seu primeiro crime em 2007 (ameaça) e depois praticou homicídio e tráfico. A dupla responde pela morte de um travesti, em dezembro do ano passado, no Bairro Cachoeirinha. “Eram o que é conhecido no meio como ‘clínica-geral’: cometiam vários tipos de crime e tinham contatos com receptadores de carros, oficinas de desmanche, tráfico, tudo”, conta o delegado.

Pela morte de Bárbara, eles estão indiciados por latrocínio (roubo seguido de morte) e podem pegar de 20 a 30 anos de prisão. Como não se trata de homicídio simples, mas de um crime contra o patrimônio, o caso será julgado por uma vara criminal, e não pelo Tribunal do Júri, o que pode apressar a sentença. (Pedro Ferreira)


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