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Estado de Minas

Onda de assaltos faz Avenida Bandeirantes virar "corredor do medo"

Via que une bairros de alto padrão em BH se transforma em passarela para assaltantes que espalham insegurança entre lojistas, clientes e moradores, agindo a qualquer hora do dia


postado em 25/04/2012 06:00 / atualizado em 25/04/2012 07:20

Avenida Bandeirantes se transforma em passarela para assaltantes que espalham insegurança(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Avenida Bandeirantes se transforma em passarela para assaltantes que espalham insegurança (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)

De passarela nobre da Zona Sul de Belo Horizonte, escolhida por praticantes de cooper e ciclistas, a corredor do medo, no qual cada dia tem se tornado uma jornada de incerteza para comerciantes e clientes. A Avenida Bandeirantes, onde assaltantes voltaram a espalhar o medo e protagonizar cenas de ousadia no fim de semana, no assalto a uma drogaria, virou território de insegurança, que se alastra também entre moradores dos bairros Mangabeiras, Anchieta e Sion, unidos pela via. A reportagem do Estado de Minas percorreu os 2,6 quilômetros da avenida e constatou que os problemas com a violência se repetem em lojas de roupas, farmácias, lanchonetes e clínicas de estética, entre outros. Reflexo de um aumento geral na criminalidade, especialmente dos assaltos, nos bairros da área, como admite a própria Polícia Militar.

De acordo com o comandante da 127ª Companhia da PM, major Wallace Brandão, responsável pelo policiamento na avenida e em bairros do entorno, a maior preocupação da polícia têm sido os roubos, e a Avenida Bandeirantes é um dos pontos mais vulneráveis, tanto que ganhou uma patrulha exclusiva, diante dos últimos ataques. “Um dos motivos é a facilidade de fuga para os ladrões, que têm acesso à saída para o Rio de Janeiro e ao Anel Rodoviário”, disse Brandão. A via, afirma o militar, fica entre dois bolsões de pobreza, os aglomerados do Cafezal (na Serra) e Morro do Papagaio (nos bairros São Pedro e Santa Lúcia), e atrai a atenção da marginalidade.

O último alvo dos criminosos foi uma unidade da Droga Raia, atacada na noite de domingo por três assaltantes que fugiram levando o dinheiro do caixa e foram perseguidos pela polícia. Foi o terceiro ataque à loja apenas neste ano. Com medo, nenhum funcionário comenta a situação. Mas não é um caso isolado. A Drogaria Araújo também sofre com a violência e foi assaltada duas vezes do ano passado para cá.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Funcionária há 14 anos da lanchonete Boca do Forno na Praça Deputado Renato Azeredo, conhecida como Praça Alaska, no Bairro Sion, Centro-Sul de BH, a gerente Sandra Helena Silva mostra as imagens gravadas pelas câmeras do circuito interno em 10 de janeiro: um homem de boné e camiseta branca se aproxima do caixa, onde estão vários clientes, e, sem a menor cerimônia, mostra para a funcionária um revólver. Em seguida, guarda a arma e começa a pegar as notas de maior valor. “Tivemos mais dois assaltos desse mesmo tipo em 2011. Normalmente, ele agem assim, sem se preocupar com o horário em que a loja está cheia” conta Sandra.

Dulce Lopes, de 51, trabalha há uma semana na mesma praça, bem perto da lanchonete. Ela é funcionária de uma banca de revistas e se assustou, na última quinta-feira, na esquina de uma rua secundária com a Bandeirantes. “Dois adolescentes armados se aproximaram de um homem e roubaram o notebook dele às 13h30, no início da tarde, hora de movimentação intensa”, afirma.

Gerente de uma loja de colchões na avenida, Wlliam Almeida, de 37, já chegou duas vezes para trabalhar este ano e encontrou a porta de vidro danificada, provavelmente depois de ser forçada. “Não chegaram a entrar na loja, mas precisamos trocar duas vezes a fechadura. Ainda não tivemos funcionários intimidados, mas o que se vê é que as viaturas da Polícia Militar passam de vez em quando, sem desenvolver um policiamento ostensivo para prevenir os crimes, principalmente assaltos à mão armada”, critica.

Avenida Bandeirantes se transforma em passarela para assaltantes que espalham insegurança(foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Avenida Bandeirantes se transforma em passarela para assaltantes que espalham insegurança (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Uma lojista da Bandeirantes que prefere não se identificar já teve o estabelecimento assaltado duas vezes. Na última, em outubro do ano passado, chegou a desconfiar da arma usada pelo assaltante. “Ele entrou como se fosse cliente. Na hora de pagar, tirou a arma e colocou no balcão, anunciando o assalto. Como suspeitei que o revólver pudesse ser de brinquedo, ele disse que me mostraria que era de verdade, caso eu quisesse”, diz. As ocorrências motivaram mudança nos padrões de segurança. Além das três câmeras de vigilância interna, foi instalada uma tranca na porta, que só é aberta quando o cliente chega. Outras lojas próximas acabaram contratando segurança particular, que fica na entrada dos estabelecimentos, para tentar inibir os crimes. “Depois disso, nunca mais tivemos problemas”, completa a lojista.

O sentimento de insegurança se estende aos cidadãos que moram ou passam pela Avenida Bandeirantes. Caminhando pela pista de cooper, o médico Alexandre de Souza, de 42 anos, e a mãe, Mirtes Souza, de 66, administradora de empresas, confirmam que os comentários sobre a falta de segurança na avenida são frequentes. “O que mais ouvimos são os casos de roubos de objetos pessoais, usando armas como facas”, diz o médico.

Reação

Responsável pela área, o major Wallace Brandão, da 127ª Companhia, diz que a PM tem várias estratégias de ação para tentar inibir os crimes. “Criamos a Patrulha de Bairro e o Projeto Polícia e Família. Além disso, há viaturas de prevenção voltadas para pontos críticos de cada região, para evitar crimes como assaltos a padarias, farmácias e postos de combustíveis, que ficam abertos até mais tarde e onde circula dinheiro depois do horário comercial. Ocorre que são dezenas de pontos de comércio e não há como uma viatura ficar em frente de cada estabelecimento”, argumenta o major.


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