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Estado de Minas

Carreata fará parte da beatificação de Irmã Benigna

Representante do Vaticano e 2 mil católicos participam, quinta-feira, do traslado para noviciado da Pampulha, em BH, de restos mortais de freira mineira que pode virar santa


postado em 06/03/2012 06:00 / atualizado em 06/03/2012 11:10

Mais de 400 pessoas rezaram ontem em novena no Bairro Lagoinha(foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)
Mais de 400 pessoas rezaram ontem em novena no Bairro Lagoinha (foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)
Uma celebração de fé e de devoção, inédita para os olhos dos católicos de Belo Horizonte. Nesta quinta-feira, às 18h, será feito o traslado dos restos mortais de Maria da Conceição Santos, a Irmã Benigna Victima de Jesus (1907-1981),  mineira de Diamantina, cujo processo de beatificação começou em 16 de outubro, na véspera dos 30 anos de sua morte. Em seguida à liturgia na Igreja de Santa Teresinha, no Bairro Santa Teresinha, na Região da Pampulha, presidida pelo arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo, haverá carreta em direção ao Noviciado Nossa Senhora da Piedade, no Bairro Bandeirantes. A expectativa é de que cerca de 2 mil pessoas participem da solenidade, que terá a presença de autoridades eclesiásticas e do postulador da causa de beatificação, o italiano Paolo Vilotta, enviado pelo Vaticano.

 Na tarde dessa segunda-feira, mais de 400 pessoas participaram da missa celebrada pelo padre Domingos Sávio, seguida de novena, que ocorre há três décadas, sempre às segundas-feiras, às 14h. Desde 30 de janeiro, a cerimônia, que era feita no Cemitério do Bonfim, diante do túmulo da religiosa, é realizada na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Bairro Lagoinha, na Região Noroeste da capital. Segundo a presidente da Associação dos Amigos de Irmã Benigna (Amaiben), Maria do Carmo de Souza Figueiredo Mariano, as novenas vão continuar no templo da Lagoinha, já que a capela do noviciado é muito pequena e não comporta tantos fiéis. Os ossos exumados no Bonfim estão em poder da congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, à qual Irmã Benigna pertencia, e o túmulo será mantido, pois outras religiosas estão sepultadas lá.

Maria do Carmo, de 78 anos, viúva e mãe de cinco filhos, moradora de Sete Lagoas, na Região Central, conheceu Irmã Benigna quando o filho caçula tinha três anos. “Ela veio à minha casa, em Belo Horizonte, e por meio das sua orações consegui criar o meu filho, nascido com paralisia cerebral. Hoje, ele tem 50 anos, é um homem inteligente, embora com limitações. Tenho muita fé nessa mulher maravilhosa, que já é uma santa.” Ao lado do marido, Custódio Tomás, de 60, auxiliar operacional Maria Dionísia da Cruz Tomás, de Ribeirão das Neves, na Grande BH, conta que alcançou muitas graças por intercessão da candidata a beata. “Rezei e o meu marido parou de beber e fumar”, disse. “Melhorei 1.000%”, revelou Custódio.

A santa da boa hora e da fartura

Irmã Benigna, que integrou a Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade, fundada em Caeté, na Grande BH, é mais uma pessoa de vida religiosa, com atuação em Minas, na lista dos candidatos a beatos e, na sequência, à canonização, o que significa se tornar santo. Segundo os organizadores da celebração de quinta-feira, o traslado, em carro do Corpo de Bombeiros e com autorização da BHTrans, será inédito para os católicos, já que o Beato Padre Eustáquio (1890-1943), enterrado no Bonfim, teve os restos mortais levado para a Matriz dos Sagrados Corações, conhecida como Igreja Padre Eustáquio, em 1949, numa cerimônia restrita a integrantes da Arquidiocese de BH.

Com retrato da freira em camiseta, a professora aposentada Sônia Costa, do Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul, lembrou que “o poder é de Deus, mas a intercessão de Irmã Benigna é fortíssima, pois vivia para os pobres e doentes. Todos a amavam. Ficou conhecida como ‘santa da hora, da fartura e da salve-rainha’”. Na sede do noviciado, que tem como madre-geral a freira Neuza Cota da Silva, trabalhadores dão os retoques no túmulo de granito. Há três dias no local, a irmã Gracie Aparecida de Souza Pena, lembra que conheceu Benigna, em Lavras, no Sul de Minas, e se diz feliz por tê-la perto. Mais satisfeito está Milton Lopes da Silva, de 54, que trabalha para as irmãs há 40 anos. “Conheci Irmã Benigna no Colégio Nossa Senhora da Piedade, no Prado. Era uma pessoa muito especial”, afirmou.

No noviciado operários preparam o túmulo de granito que receberá os ossos da freira(foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)
No noviciado operários preparam o túmulo de granito que receberá os ossos da freira (foto: TÚLIO SANTOS/EM/D.A PRESS)

SAIBA MAIS: TRABALHO PELOS DOENTES
Maria da Conceição Santos, Irmã Benigna, nasceu em 16 de agosto de1907, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, e morreu em 16 de outubro de 1981, em Belo Horizonte. A abertura do processo de beatificação ocorreu na véspera da passagem dos 30 anos de sua morte. De família simples, desde menina revelava dons divinos e vocação para a vida religiosa, sendo devotada de Nossa Senhora de Lourdes. Em 1935, ingressou na Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade e iniciou seu apostolado com serviços religiosos. O primeiro local onde trabalhou foi a Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira, em Itaúna, no Centro-Oeste, onde fez os votos perpétuos e se diplomou em enfermagem. Contam que Irmã Benigna sofreu calúnias, tais como rumores de uma possível gravidez e acusação de ser uma freira comunista, sendo transferida em 1948 em uma viatura policial para o Asilo São Luiz, na Serra da Piedade, em Caeté. Ali teria sido posta em um chiqueiro, adquirindo várias doenças. Em 1950, foi designada para serviços em asilo-hospital, em Lambari, no Sul de Minas, e trabalhou como parteira e enfermeira. Morreu em BH com problemas cardíacos.
 


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