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Estado de Minas

Prédio que desabou no Caiçara tem histórico de problemas estruturais

Madrugada de pânico para 13 moradores de prédio que desabou no Caiçara. Eles foram surpreendidos depois da meia-noite e tiveram pouco tempo para escapar


postado em 03/01/2012 07:35

Uma tragédia no número 525 da Rua Passa Quatro, no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte, marcou a segunda-feira na capital. Dois blocos do prédio localizado nesse endereço, com oito apartamentos cada, desabaram e soterraram duas pessoas. Uma delas, o corredor de imóveis Janilson Aparecido de Moraes, de 40 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do Hospital Odilon Behrens. A esposa dele, Maísa Cunha de Moraes, de 45, foi retirada com vida dos escombros e está internada no Hospital de Pronto-Socorro XXIII com várias fraturas, mas não corre risco de morrer. A tragédia só não foi maior graças à atitude de uma das moradoras, Maria da Glória Peixoto Inácio, de 61, e de quatro policiais militares que salvaram 11 pessoas que estavam no condomínio momentos antes de a estrutura ruir.

Tudo começou por volta da 0h de ontem, quando Maria da Glória percebeu uma trinca no passeio da Rua Passa Quatro e desesperada saiu pedindo socorro. Por sorte, encontrou uma viatura do 34º Batalhão da Polícia Militar que fazia patrulhamento na região. Os quatro militares perceberam sinais de que a estrutura do prédio estava ameaçada e ligaram a sirene e as luzes da viatura, para chamar a atenção dos moradores e retirá-los do prédio que ameaçava cair. Os PMs também entraram no imóvel e conseguiram retirar seis adultos e cinco crianças sem qualquer ferimento. O casal não saiu a tempo e ficou sob os escombros.

Bombeiros chamados ao local pelos PMs conseguiram retirar o casal dos destroços e um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência passou cerca de 20 minutos tentando recuperar os sinais vitais de Janilson, mas ele teve parada cardíaca e não resistiu. Sua esposa, levada para o HPS, teve fraturas no ombro, braço e joelho, além de escoriações em várias partes do corpo, mas está lúcida e passa bem.

HISTÓRICO DE PROBLEMAS

A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) informou que o prédio tinha histórico de problemas em sua estrutura. Só em 2011, os proprietários do imóvel foram notificados três vezes por problemas com ferragens expostas, ausência de rede de drenagem interna e infiltrações no esgoto. “Fizemos notificações alertando os moradores para a necessidade de reparar os danos, mas nada foi feito. Quando a Defesa Civil esteve no local não havia necessidade de remover ninguém, pois os danos não traziam risco à vida humana e eram fáceis de serem reparados”, afirma o engenheiro da Comdec, Eduardo Pedersoli. Ele disse ainda que é cedo para saber o que causou o desmoronamento, mas provavelmente o encharcamento do solo pode ser um dos fatores e, junto com a estrutura comprometida e a declividade do terreno, teria contribuído para a fatalidade.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o edifício não tinha habite-se. O projeto arquitetônico foi aprovado em 1991 pela PBH, mas não houve o comunicado do início das obras, ação obrigatória até 2010. Tecnicamente, é como se o prédio não existisse para a administração municipal.

Chuvas em Belo Horizonte

Os escombros do prédio atingiram uma casa na Rua Rodeio, deixando apenas parte da varanda de pé. A dona do imóvel, Oleni Moreira Rodrigues, temendo o pior por já saber do histórico do prédio, deixou a residência no início do período chuvoso junto com a família. No local, ficavam apenas quatro cachorros, que eram alimentados diariamente por um dos membros da família. Oss bombeiros resgataram todos com vida. “Na casa estavam muitas roupas e móveis e tudo se perdeu. De qualquer forma, estou aliviada de ninguém da família estar no local na hora da tragédia”, diz Oleni.

Depois do desmoronamento, a Defesa Civil interditou quatro casas do entorno, por apresentarem risco de desabamento, três na Rua Rodeio e uma na Rua Passa Quatro, ao lado do prédio que desmoronou. Os escombros ainda não podem ser retirados porque há risco de novos deslizamentos. As autoridades vão aguardar uma trégua no período chuvoso para limpar a área. Apenas duas famílias do edifício ainda não procuraram a Defesa Civil para pedir assistência. Quatro donos de imóveis na região pediram vistoria nos locais onde moram. (Com Amanda Almeida)


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