
O bioquímico dono da farmácia apareceu na delegacia e não entrou ao perceber a presença da imprensa. Cobriu o rosto com um papel e foi embora em uma caminhonete. No final da tarde ele retornou e entrou pelos fundos. A advogada dele, Cleide Francisco de Carvalho, não descarta a possibilidade de sabotagem na farmácia e que a fórmula do medicamento tenha sido alterada propositalmente. "Não vou fugir da sabotagem. Pode ser que sim, pode ser que não", afirmou.
Semana passada, Ricardo prestou informações preliminares sobre o casal que tomou o mesmo remédio e foi internado em estado grave no Hospital Santa Rosália, na cidade, e que permanece em observação, fora de perigo. São cerca de 30 funcionários no laboratório e todos que trabalham no dia 14 de novembro, quando foi produzido o lote com 180 comprimidos do medicamento, serão ouvidos. Outras quatro pessoas, entre elas o professor de educação física Marcelo da Silva Vilela,
sobrevivente internado, já prestaram depoimento.

Risco de novas mortes
O gerente regional de Saúde de Teófilo Otoni, da Secretaria de Estado da Saúde, Ivan Santana, disse estar preocupado com a situação e que a apuração será rigorosa. "Vidas foram ceifadas e na realidade estamos aqui para contribuir", disse. Por determinação do secretário de estado de Saúde, Antonio Jorge, duas farmácias de manipulação em Teófilo Otoni e região passarão por um pente-fino. Nesta quarta, segundo ele, outras farmácias foram fechadas em cidades vizinhas.
Terça-feira, ele conta que esteve na Funed levando cápsulas deixadas por duas pessoas que morreram para serem analisadas. "Os resultados dos exames sairão o mais rápido possível", disse. Ele informou que das 180 capsulas de Secnidazol do lote contaminado, 40 a 50 ainda não foram localizadas, e o risco de morte não acabou. Somente para Novo Cruzeiro, disse, foram enviadas 60 cápsulas. "Estamos rastreando e pedimos à população que não consumam medicamentos manipulados pela Fórmula Pharma e procurar a Secretaria de Saúde de Teófilo Otoni", disse.
