(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Famílias fazem patrulha noturna no Buritis

Polícia Militar descarta garantia de segurança 24 horas por dia em prédios interditados no Bairro Buritis e moradores decidem se revezar nas ruas para evitar mais saques em apartamentos


postado em 29/10/2011 06:00 / atualizado em 29/10/2011 08:31

No sexto dia de transtornos na Rua Laura Soares Carneiro, no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte, onde três prédios foram interditados domingo por ameaça de desmoronamento, nove famílias desalojadas tiveram mais uma notícia ruim em encontro, no fim da manhã dessa sexta-feira, com representantes da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Prefeitura de Belo Horizonte. Na sede da Regional Oeste da PBH, moradores foram informados de que a PM não poderá garantir policiamento 24 horas por dia no local, conforme foi acordado quinta-feira. O objetivo é evitar invasões e saques, como ocorreu na madrugada de quarta-feira. Segundo participantes da reunião, a polícia deixou claro que a segurança é pública e não particular. A PM sugeriu que a construtora responsável pelos edifícios ou os próprios desalojados contratem uma empresa de segurança. Moradores decidiram fazer, por enquanto, a segurança por conta própria, principalmente durante a noite.

De acordo com as famílias, na quinta-feira, depois dos saques, a Polícia Militar convocou uma reunião com os moradores na sede da 126ª Companhia, no vizinho Bairro Estoril. “Naquela reunião, a segurança ficou toda acertada, a promessa era de que PMs vigiariam o local para evitar novos problemas”, disse um dos moradores do edifício Vale dos Buritis. Na manhã dessa sexta-feira, nova reunião foi convocada na Regional Oeste, sob o pretexto de discutir o que poderia ser feito nos prédios condenados para retirar os pertences dos proprietários. Porém, segundo um dos moradores, a reunião foi aberta por um representante da Polícia Militar, informando que não era possível garantir a segurança do local 24 horas por dia.

O comunicado deixou os moradores apreensivos, já que eles próprios não podem entrar nos apartamentos para retirar os pertences, mas a polícia não garante o afastamento de ladrões. O dono de um apartamento no Vale dos Buritis informou que os condôminos estão enfrentando dificuldade para contratar uma firma de segurança particular. Os moradores decidiram fazer um revezamento durante a noite para evitar que estranhos entrem nos prédios interditados.

Vistoria
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que a reunião dessa sexta-feira, foi marcada pela Polícia Militar e a administração municipal apenas cedeu o espaço. Segundo o Corpo de Bombeiros, na reunião foi decidida a interdição de mais um prédio e uma casa, perto do barranco nos fundos da Rua Laura Soares Carneiro. A Defesa Civil informou que não foi convidada para o encontro na Regional Oeste e no mesmo momento estava vistoriando a evolução do quadro dos edifícios interditados no fim de semana.

O comandante da 126ª Companhia da PM, tenente Moisés Abreu, em entrevista na quinta-feira, garantiu que o policiamento seria ostensivo na Rua Laura Soares Carneiro 24 horas por dia. Porém, ele não foi localizado para falar sobre a nova posição da PM na reunião dessa sexta-feira na Regional Oeste, da qual participou. De acordo com informações da corporação, o policiamento está sendo feito de maneira ininterrupta no local, conforme foi prometido depois do saque em um dos edifícios, e a PM apenas deu um apoio na reunião dessa sexta-feira.

Análise da notícia

Privatização do risco


Roney Garcia

A mudança de postura da Polícia Militar em relação à vigilância dos prédios ameaçados no Buritis, ao recuar da decisão de manter policiamento 24 horas por dia na área para evitar saques, fragiliza ainda mais a situação de famílias que viram o chão ser retirado de debaixo de seus pés sem ter qualquer responsabilidade por isso ou chance de se proteger. O raciocínio de que a PM não pode prover segurança particular seria perfeito, não fosse o fato de que os moradores não deixaram suas casas – agora expostas a saques – por um ato de vontade, mas por determinação do Estado, expressa na ordem da Defesa Civil. Contra eles conspira ainda a suspeita de que falhas no dever de fiscalização do poder público contribuíram com a situação que agora ameaça seus imóveis. São essas mesmas pessoas – expulsas de casa, separadas de seus bens e até de suas perspectivas de futuro – que agora vão ter de montar patrulha para garantir seu patrimônio, por se verem privadas de outro dever do Estado: o de garantir a segurança aos cidadãos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)