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Estado de Minas

Alerta de desabamento se espalha no Bairro Buritis

Moradores de outras áreas do Buritis temem problemas semelhantes em prédios construídos em encostas. Vizinhos de edifícios interditados reclamam de falta de atenção das autoridades


postado em 28/10/2011 06:00 / atualizado em 28/10/2011 07:17

"O barranco já desmoronou uma vez e a construtora teve de fazer um muro de pedras para conter a encosta. Estou de olho, porque sei que virão outras escavações. Se chegar perto do meu prédio, darei o grito", José Olavo Miranda, comerciante (foto: fotos: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


Moradores de outras áreas do Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte,  onde dois prédios foram interditados por ameaça de desmoronamento, também estão preocupados com a possibilidade de ocorrência de problemas semelhantes em edifícios construídos em encostas e com escavações em barrancos. O comerciante José Olavo Miranda, de 51 anos, por exemplo, mora no número 375 da Avenida Protásio de Oliveira Penna e teme que uma obra vizinha comprometa a estrutura do prédio dele. “O barranco já desmoronou uma vez e a construtora teve de fazer um muro de pedras para conter a encosta. Estou de olho, porque sei que virão outras escavações. Se chegar perto do meu prédio, darei o grito”, afirma o comerciante.

Segundo ele, foi muito grande o susto com o deslizamento na obra que fica na esquina da Protásio de Oliveira Penna com a Rua Alessandra Salum Cadar. “Ver um barranco caindo do lado de casa não é legal”, salientou. Na época do desmoronamento, há quatro meses, o prédio mais próximo à encosta ainda estava em construção na Rua Esmeraldo Botelho. Hoje, o edifício já está pronto, mas ainda é muito novo, poucas pessoas moram no local e na época ninguém estava no prédio. Os responsáveis pela obra que causou o deslizamento também não foram encontrados para comentar o fato.

Outro caso de deslizamento de barranco no Bairro Buritis ocorreu em março e assustou o administrador de empresas Leonardo de Carvalho, morador do número 246 da Rua Marco Aurélio de Miranda. Segundo ele, uma grande quantidade de terra desceu da encosta, que fica nos fundos do edifício, e atingiu o muro da garagem, levando parte da estrutura. “Todo mundo correu para fora do prédio assustado com o estrondo. A água que desceu com a terra quase passou por cima do muro e, desde então, resolvemos não consertar a parede”, afirmou.
 
Sem destino

A situação na Rua Laura Soares Carneiro, onde três edifícios foram interditados, segue indefinida e o destino dos imóveis ameaçados é desconhecido. Alguns vizinhos temem ser prejudicados e querem uma explicação das autoridades sobre a real extensão dos problemas no barranco e nos dois imóveis ameaçados de desmoronamento. Alguns estão até fazendo vigília dia e noite, temendo o pior.

Moradores das redondezas estão com medo e não sabem o que fazer nem têm ideia se podem ser atingidos em caso de um acidente. Vizinho dos edifícios trincados, o advogado Pedro Veloso, de 46 anos, garante que nenhuma autoridade deu qualquer satisfação para os moradores de casas e prédios nas proximidades, que inclusive já estão sendo prejudicados com o fechamento da rua. “Ninguém falou nada, não houve vistoria nem sabemos se podemos ser prejudicados caso ocorra o pior”, afirma.

Bombeiros de prontidão

Militares do Corpo de Bombeiros estiveram no Bairro Buritis no fim da tarde dessa quinta-feira para verificar possíveis consequências de um desabamento e recolheram informações para saber quem pode ser atingido. “Já alertamos algumas pessoas para que nos avisem em caso de barulhos estranhos e para que deixem as residências rapidamente. Como não somos engenheiros, podemos trabalhar tentando evitar riscos”, disse a tenente Rafaella Romer, do 1º Batalhão de Bombeiros Militar.

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) informaram não ter nenhum ação programada para atender moradores da região em caso de desabamento. A empresa de energia explica que, como ainda se trata de uma situação hipotética, não há um trabalho específico para contornar possíveis transtornos.

 A Cemig garante, no entanto, que ainda que determinadas localidades sejam afetadas pelo desligamento do circuito nos prédios, um remanejamento de energia pode ser feito com facilidade. Já a Copasa alega que aguarda uma informação mais precisa para tomar providências.

Laudo técnico só segunda-feira

Os moradores do Condomínio do Vale dos Buritis tinham prazo até quarta-feira para entregar um laudo técnico, feito por um engenheiro especializado, sobre as condições do prédio, com objetivo de avaliar se havia condições para retorno ao prédio. O prazo não foi cumprido, mas para o coordenador da Defesa Civil municipal, coronel Alexandre Lucas Alves, esse levantamento já não tem tanta relevância.

“Para nós, essa situação agora é de menor importância. As características do terreno e das edificações já estão tão evidentes que não importa laudo agora. O nosso objetivo é que ninguém entre mais no prédio ou avance a linha de isolamento, que todas as pessoas que correm perigo sejam retiradas daqui”, disse. Para o coronel, somente um técnico pode dizer se o Vale dos Buritis tem recuperação. Questionado se ele, no lugar dos moradores, teria coragem de voltar a morar no prédio, o coronel devolveu a pergunta e manteve o silêncio.

A advogada dos moradores, Karen Myrna Castro Mendes Teixeira, informou que o laudo técnico deve ser concluído na segunda-feira, quando o perito que está com os autos do processo irá se pronunciar. Ontem, ela entrou com dois pedidos na 16ª Vara Criminal do Fórum Lafayette, onde tramita a ação dos moradores contra a Estrutura Engenharia, reivindicando moradia provisória para os seus clientes

A advogada explica que tenta na Justiça a garantia de que os moradores sejam ressarcidos dos prejuízos e gastos, como despesas de aluguel. Se o prédio for condenado, segundo ela, a própria Defesa Civil ou algum vizinho pode requerer na Justiça a demolição.


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