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Estado de Minas

Estabilidade nas construções é desafio no Buritis

Especialistas advertem que formação do solo no bairro, onde três prédios estão ameaçados, exige estudos detalhados para construção, além de técnicas que tornam obras mais caras


postado em 26/10/2011 07:10 / atualizado em 27/10/2011 16:17

Terreno nos fundos dos edifícios interditados, que havia sido cortado para o início de outra obra, deslizou. Técnicos sustentam que evolução do quadro é imprevisível(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press. Brasil)
Terreno nos fundos dos edifícios interditados, que havia sido cortado para o início de outra obra, deslizou. Técnicos sustentam que evolução do quadro é imprevisível (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press. Brasil)

Características de solo do Bairro Buritis, na Região Oeste de Belo Horizonte – onde dois prédios foram interditados e um terceiro, em obras, isolado –, fazem dessa parte da cidade uma zona delicada para a construção civil. Isso porque, segundo especialistas, a região, que já é acidentada, ainda tem formação geológica que pode afetar a estabilidade das construções. Com isso, as técnicas para se edificar no Buritis exigem estudos mais detalhados, obras bem executadas e dispêndio maior de recursos para garantir a estabilidade do terreno, o que pode não estar sendo respeitado por algumas construtoras.

Como explica a doutora em áreas de risco e professora do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Maria Giovana Parizzi, a faixa de solo que se estende do Buritis até o Bairro São Lucas, na Região Centro-Sul, é predominantemente constituída pelas rochas filito e xisto. “São materiais formados por planos paralelos, como se fossem camadas, que têm baixa resistência, se rompem com facilidade. Isso não significa que não se possa construir nessas áreas, mas as obras devem ser mais bem executadas, por isso são caras e muitas vezes as pessoas, para economizar, não constróem da forma adequada para aquele tipo de solo”, afirma. Segundo a especialista, as obras exigem tecnologia avançada de construção, para evitar que o terreno se movimente.

O problema desse tipo de solo, explica Maria Giovana, não está simplesmente na presença dos planos (espécie de camadas, como em uma massa folhada), mas sim na posição inclinada em que se apresentam em alguns bairros da capital, como ocorre também no Luxemburgo, São Bento, Santa Lúcia e Santo Antônio. “Se esse tipo de rocha estivesse na posição horizontal não haveria problema, mas em localidades de terreno acidentado, onde a inclinações chega a ser superior a 50 graus, isso torna-se perigoso, pois quando são feitos cortes no terreno para erguer as edificações esses planos perdem a base de sustentação, ficam expostos, sem proteção e podem deslizar, provocando movimentação de terra, especialmente em períodos de chuva”, diz. Para sustentar essas camadas de rocha, a professora explica que é necessário fazer obras adequadas de contenção e drenagem.

CREA E PREFEITURA

Questionado sobre as fiscalizações das obras no bairro, o conselheiro representante da Câmara Civil do CREA-MG Iocanan Pinheiro de Araújo Moreira informou que os dois prédios interditados foram aprovados pelo conselho quando vistoriados na época da obra. “Os dois passaram por fiscalização. Tanto da parte de projeto quanto ao critério engenheiro responsável, estava tudo certo perante ao Crea”, afirma. Ele diz ainda que a constatação sobre o que ocorreu na Rua Laura Soares Carneiro depende do resultado da perícia técnica. Conforme o conselheiro, o caso dos edifícios é isolado no bairro. Ele ainda garante: “A maioria dos prédios no Buritis está em conformidade com os critérios do Crea. Nunca constatamos nenhuma construtora fugindo a critérios mais rigorosos. Quando isso ocorre, a fiscalização atua, dá um prazo para regularização e o que deve ser feito é cumprido”.

A prefeitura, por meio da Regional Oeste, também sustenta que os edifícios passaram na fiscalização nos quesitos responsável técnico, projeto estrutural e de fundação. Conforme nota enviada pelo órgão, o prédio número 211 da Rua Laura Soares Carneiro foi fiscalizado neste ano, após denúncia de fissuras na fachada. Na época, foi notificado e multado para recomposição da frente do edifício. Mas, sobre a situação atual do imóvel, a regional se resume a informar que “por se tratar de obra particular, localizada em cidade formal, os engenheiros civis responsáveis técnicos pela obras, devidamente registrados no Crea, é que respondem por quaisquer problemas ou danos”.

Especialista faz raio x do Bairro Buritis e condena o solo. Veja:


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