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Estado de Minas

Dor na fila do SUS em BH

Pacientes da capital e interior vivem drama em postos de saúde e em hospitais com a greve de 24 horas dos médicos


26/10/2011 06:00 - atualizado 26/10/2011 06:21

'Disseram que só vão atender amanhã. Nem sabia dessa greve' - Jeanete Aparecida Borges, comerciária, com a filha Mariana Borges, no Posto de Saúde Pompeia
"Disseram que só vão atender amanhã. Nem sabia dessa greve" - Jeanete Aparecida Borges, comerciária, com a filha Mariana Borges, no Posto de Saúde Pompeia (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
 

 

A dona de casa Terezinha Teodoro de Paula, de 75 anos, não foi atendida nessa terça-feira no Posto de Atendimento Médico (PAM) do Bairro Sagrada Família, na Região Leste de Belo Horizonte, onde tinha consulta marcada com um cardiologista desde 27 de setembro. A maioria das pessoas que procuraram atendimento em unidades do Serviço Único de Saúde (SUS) perdeu a viagem. Profissionais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) também pegaram carona na mobilização nacional em defesa da rede pública de saúde.

O protesto foi marcado por uma interrupção de 24 horas no atendimento médico. Serviços de urgência e emergência funcionaram normalmente. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde  (SMSA) da capital, foi de 55% a adesão dos profissionais, mas o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais estimou que 80% da categoria não trabalharam.

Terezinha Teodoro e o marido, o aposentado Vicente de Paula, de 75, acordaram às 5h para ir ao médico. O casal mora no Bairro Boa Vista, Região Leste, e pegou dois ônibus. A consulta de Terezinha foi remarcada para 17 de novembro. “Já esperei até oito meses por uma consulta”, disse a dona de casa, inconformada.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste, a doméstica Simone da Silva, de 32, também não conseguiu consulta para seu filho Mateus, de 12. Desde sábado, o adolescente tem febre, sente dor de garganta e faz vômitos. “Chegamos às 8h10 e já são 9h10. Não vou desistir, mesmo com a enfermeira dizendo que os médicos estão em greve. Não posso voltar para casa com meu filho desse jeito. Ele está doente desde sábado. Não o levei antes ao médico porque no fim de semana o atendimento é pior ainda”, disse a mãe, desesperada. Uma médica da unidade afixou um cartaz informando a paralisação e que apenas casos urgentes e emergentes teriam prioridade.

No Centro de Saúde Pompéia, também na Região Leste, a estudante Mariana Borges de Lima, de 14, mordida por um cão, não conseguiu tomar a segunda dose da vacina antirrábica. “Disseram que só vão atender amanhã. Nem sabia dessa greve”, reclamou a mãe da jovem, a comerciária Jeanete Aparecida Borges de Lima, de 36.

De 10 médicos do Centro de Saúde Pompéia, só um trabalhou nessa terça-feira, para atender casos de urgência. “Mesmo com o médico fica difícil o atendimento, pois não temos auxiliar de enfermagem, dentista, pediatra, clínico geral, não tem quem aplica vacina e quem faz curativos. Está tudo parado”, disse uma funcionária, que não se identificou.

Hospitais

A Fhemig informou que apenas algumas unidades aderiram à paralisação e que consultas e cirurgias eletivas foram remarcadas, como na Maternidade Odete Valadares e Hospital Alberto Cavalcante. No Hospital Infantil João Paulo II, o atendimento foi mais demorado. No Hospital Galba Veloso houve adesão apenas de uma clínica. O atendimento foi normal em outros hospitais da Fhemig. Na Grande BH e interior, apenas duas de nove unidades da Fhemig aderiram à greve.

O secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Marcelo Gouvêa Teixeira, disse que houve um movimento nacional dos médicos e adesões. Segundo ele, os médicos fizeram uma manifestação no país para a saúde suplementar, um movimento em relação ao SUS, que teve adesão de outras áreas. “No caso de Belo Horizonte, já fechamos acordos coletivos para toda a categoria com reajuste de 20% nesses dois anos”, disse o secretário.


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