(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Tragédia com romeiros podia ter sido pior

Acidente que causou cinco mortes e feriu 31 pessoas no km 500 da BR-040, em Esmeraldas, mataria mais passageiros se carreta não tivesse parado o ônibus, garantem sobreviventes


22/10/2011 06:00 - atualizado 22/10/2011 07:21



A estudante Anna Luísa, de 10 anos, não consegue esquecer os últimos momentos com a Vó Teca, um dos cinco mortos na batida de um ônibus com romeiros numa carreta bitrem, no km 500 da BR-040, no distrito de Melo Viana, em Esmeraldas, na Grande BH, na noite de quinta-feira. Outros 31 passageiros ficaram feridos. Anna Luísa estava nas primeiras poltronas do ônibus com a avó, Maria Moreira da Rocha Alecrim, de 56, mas a mãe dela as chamou para sentar na parte de trás, onde estava com outro filho, de 13. A menina foi e a avó prometeu ir em seguida, mas morreu antes na parte mais destruída do ônibus. Anna, a mãe e o irmão tiveram ferimentos leves.

O comboio formado por três ônibus havia saído às 14h de Minas Novas, no Vale de Jequitinhonha, com destino a Aparecida do Norte (SP). Segundo Anna Luísa, todo ano a avó fazia a viagem. Desta vez, ela iria agradecer a Nossa Senhora Aparecida uma graça alcançada. “Ela estava feliz, fez empadinha, torta e biscoito para a gente comer no caminho. A gente só ia voltar domingo”, disse a menina. O irmão dela, Luiz Gustavo, conta que a avó pretendia levar outros dois netos na viagem, mas a mãe das crianças não permitiu.

Momentos antes do acidente, os romeiros haviam parado numa lanchonete. Cleuti Camargos do Espírito Santo, de 76, estava em outro veículo e resolveu mudar para o ônibus acidentado. Ele sentou na poltrona que minutos antes era ocupado por Anna Luísa e ficou ferido. Outro que tinha acabado de trocar de lugar perdeu a vida: o motorista auxiliar do ônibus Antônio Ferreira da Costa, de 45. Ele havia passado a direção o colega e se sentou cabine, perto da porta. Também morreram os passageiros Leonídio Gomes Soares, de 47, Josina Pereira Carvalho, de 55, e Eva Lopes Mendes Ferreira, de 78.

Quando fala do acidente, a mãe de Anna Luísa, Geysa Maria Alecrim Rocha, de 32, se emociona. “Cochilava quando escutei o barulho. Achei que o ônibus estava caindo numa ribanceira. Era muito desespero, muita gritaria”, disse. Segundo ela, o motorista tentou desviar o ônibus de um caminhão e bateu na lateral da carreta parada no acostamento. “O ônibus saiu rasgando a lataria na carreta”, explicou.

Demora
Sobreviventes disseram que o socorro demorou um,a hora e meia para chegar. Geysa, desesperada, carregou para fora do ônibus a mãe, que ainda respirava. Desesperado, o neto Luiz Gustavo tentou com a irmã Anna Luísa pedir socorro na estrada, mas nenhum motorista parou. “Tinha muita gente gritando de dor. Uma mulher quebrou a perna e não conseguia enxergar porque perdeu os óculos”, contou Anna Luísa.

Com o filho João Lucas, Cândida Santos diz que coletivo ia rolar em ribanceira se não atingisse lateral de veículo em acostamento
Com o filho João Lucas, Cândida Santos diz que coletivo ia rolar em ribanceira se não atingisse lateral de veículo em acostamento (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Os feridos foram atendidos em várias unidades da região; oito deles no Hospital Municipal de Contagem. O casal Olinda, de 67, e Sebastião Gonçalves, de 66, informou que tem mais um motivo para continuar fazendo a romaria. “Se o motorista não tivesse tirado o ônibus fora, teria morrido todo mundo. Nossa Senhora Aparecida ajudou”, disse Sebastião. O casal viajava com um filho, a nora e dois netos, de 3 e 16 anos. “A gente já faz essa viagem há seis anos, com a mesma empresa, e nunca houve nada. Se a carreta não tivesse segurado o ônibus, a gente ia rolar ribanceira abaixo”, disse a nora do casal, Cândida Alves Santos, de 36. O disco do tacógrafo registrou a velocidade do ônibus em 80km/h.


Empresa

A empresa Xaviertur, de Leme do Prado, no Vale do Jequinhonha, informou que o ônibus estava regularizado na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e apto a fazer o transporte de passageiros. A ANTT informou que vai acompanhar o inquérito da Polícia Civil para tomar conhecimento das causas do acidente.

O Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER/MG) informou que o ônibus estava apto a circular até abril de 2012. A Xaviertur informou que presta assistência às vítimas e que os dois motoristas escalados para a viagem se revezavam de duas em duas horas. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que somente segunda-feira vai encaminhar o boletim de ocorrência para a Polícia Civil de Ribeirão das Neves, na Grande BH, para instauração de inquérito policial. (Com Guilherme Paranaiba)

Memória

Romarias retidas em curvas de BRs


Acidentes envolvendo romeiros têm sido frequentes nas estradas federais em todo país. Em 18 de julho, 11 ficaram feridos no km 748 da BR-381, perto de Três Corações, no Sul de Minas. Eles voltavam de Aparecida do Norte (SP), com destino a Itabira, Região Central do estado. O motorista perdeu o controle da direção e o veículo tombou. Vários acidentes mais graves foram registrados em Minas nos últimos anos. Em 22 de novembro de 2008, 10 romeiros morreram e 11 ficaram feridos quando uma van bateu em um caminhão no km 160 da BR-459, em Itajubá, no Sul de Minas. O veículo havia saído de Pouso Alegre (MG) com destino a Aparecida do Norte, levando 16 pessoas. Numa curva conhecida como Trago de Minas, chocou-se contra a lateral do caminhão.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)