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Estado de Minas

Belo-horizontina brinca e diz que "mora no céu"


postado em 02/10/2011 08:22 / atualizado em 02/10/2011 08:30

“Dizem até que moro no céu”, diverte-se a pedagoga Fernanda Duarte Pipa, de 31 anos, moradora de um prédio na confluência entre as íngremes ruas Daniel de Carvalho e Conselheiro Andrade Figueira, de 25% e 23% de inclinação, respectivamente. O cenário nas ladeiras do Bairro Gutierrez, na Região Oeste de Belo Horizonte, é realmente de paz. É difícil ver alguém passando por lá. A pé, na Daniel de Carvalho, são 78 degraus, rampas a perder de vista e até corrimão para ajudar. Mas inclinação não é medida de tranquilidade. Do outro lado de BH, na Rua Espinosa, no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste, declividade é sinônimo de medo.

Com 47% de declividade, o mesmo que 25° numa escala que vai até os 45°, a subida é acompanhada de apreensão. “Aqui é proibido subir, mas ninguém respeita a placa. E, quando descem, os carros também não veem a gente subindo a rua”, conta a coordenadora da Creche do Centro de Educação e Esportes da Vila São Francisco das Chagas, Letícia Ligório.

Ela alerta para o risco em relação às crianças. “A creche fica no fim do morro, fico muito preocupada”, diz a coordenadora, que já perdeu um cunhado na via. “Foi há muito tempo, o carro foi subir e tombou. Meu cunhado, que na época tinha 13 anos, se assustou e saiu do veículo, que passou por cima dele”, lembra.

Cuidados na ocupação

 

Quando planejou a nova capital, o engenheiro Aarão Reis projetou a cidade em terreno mais plano, no pé dos morros que compõem o conjunto da Serra do Curral, cujo pico está a 1.390 metros de altitude. Com o crescimento da cidade, os moradores, sem escapatória, passaram a ocupar as áreas mais íngremes, formadas por serranias em torno dos 1 mil metros de altitude. “Essa é uma questão que decorre do relevo montanhoso. Não há como evitar a ocupação em todos os locais de inclinação alta”, afirma o geólogo Edézio Teixeira de Carvalho, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e que estudou a fundo o terreno da capital.

“A cidade se estabeleceu nesses contra-fortes da Serra do Curral. As avenidas passam entre esses espigões. Um exemplo é a Avenida Prudente de Morais, que divide os montanhosos Santo Antônio e Luxemburgo”, diz Edézio. Antes de ocupar, o geólogo alerta ser preciso procurar informações técnicas adequadas sobre o terreno, com geólogos e engenheiros. “Os moradores têm que saber que tipo de solo é aquele, o que ocorre naquela superfície quando chove. Às vezes, o terreno é resistente, mas a forma de ocupá-lo não é adequada”, afirma Edézio, lembrando que, no passado, a situação era pior. “Na década de 1970, ficava horrorizado de ver escorregamentos e terra solta para todo lado.”


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