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Estado de Minas

Tentativas de burlar blitzes provocam contra-ataque

Assunto em todas as mesas da capital dos botecos, fiscalização muda perfil de motoristas.


postado em 21/08/2011 07:52 / atualizado em 21/08/2011 07:57

Operações ganham mobilidade para fechar rotas de fuga de infratores(foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)
Operações ganham mobilidade para fechar rotas de fuga de infratores (foto: MARCOS VIEIRA/EM/D.A PRESS)


A cerveja continua estupidamente gelada, seja na mesa de plástico amarela da calçada no Centro de Belo Horizonte ou no requinte dos bares de Lourdes, bairro chique da Zona Sul. O clima está igualmente festivo, traço de uma sexta-feira típica, daquelas que envolvem a cidade em um burburinho de volume modulado pelo álcool. Mas isso não significa que nada mudou na noite de BH. Pouco mais de um mês após o início da versão linha-dura nas blitzes da Lei Seca, a punição severa para quem combina álcool e direção virou assunto obrigatório na mesa de bar, em uma atmosfera que mistura prudência, medo e respeito na capital dos botecos. Pelas cadeiras, encontram-se mais motoristas conscientes, mas, apesar de conhecida e temida como nunca, a legislação está longe de ser cumprida ao pé da letra. Foi o que constatou a equipe do Estado de Minas, ao circular pela noite em áreas que concentram bares e casas noturnas de BH. Nelas, descobrimos que, assim como as estratégias de aplicação da Lei Seca versão 2011, as táticas para burlá-la foram aprimoradas e já despertam contra-ataque da força-tarefa encarregada de parar os infratores.

A internet como aliada da irresponsabilidade ao volante é o mais novo desafio de uma Lei Seca repaginada, que, com um mês em plena atividade, criou reações diversas, numa escala que vai do cidadão consciente ao bebedor abusado. “Fiquei com medo da Lei Seca, mas não tem jeito de vir ao bar e não beber. O táxi é caro, os amigos moram longe, então, a gente acaba vindo de carro e olhando pelo Twitter o endereço das blitzes”, confessa o revendedor Leandro Gonçalves, de 24 anos. Porém, no jogo de gato e rato entre infratores e autoridades, nas ruas as blitzes já ganham mobilidade para se deslocar para as rotas de fuga dos “tuiteiros”.

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), à frente da campanha “Sou pela vida. Dirijo sem bebida”, informou que tem conhecimento das artimanhas de quem insiste em pegar o volante depois de largar o copo e alerta que as bliztes são itinerantes e, durante a movimentação, procuram buscar também as rotas usadas por motoristas que fogem do bafômetro. Mas o comportamento de quem cai na balada depois da versão linha-dura da Lei Seca não é dominado apenas por motoristas que tentam se passar por espertos ou os que insistem em jogar com a sorte É cada vez mais comum, também, encontrar gente como a administradora Anna Flávia Nunes, de 26, que mudou de hábito e, agora, se vai beber, tranca obrigatoriamente o carro na garagem.

“Andava muito de carro, mas, agora, procuro sair de táxi ou revezar a direção com os amigos. Já fui várias vezes a motorista da rodada”, conta ela, ao chegar, de táxi, a um barzinho da Zona Sul. “Agora vou beber sem preocupação”, completa. À frente de uma das blitzes na capital na sexta-feira, o sargento Geraldo Gonzaga, do Batalhão de Trânsito da PM, afirma que atitudes como a dela têm prevalecido na noite da capital e acredita que as redes sociais não abalam o resultado das operações. “De maneira geral, o que estamos observando são motoristas aderindo à campanha.”

Palavra de Especialista
Punição hoje, valor depois

Luís Flávio Sapori
professor do curso de Ciências Sociais e coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUC Minas

A percepção de que a lei é para valer e quem a descumpre vai correr riscos é o que leva os indivíduos a, racionalmente, mudar o comportamento. A aplicação estrita da regra é, antes de tudo, pedagógica. No caso da Lei Seca, a punição é a variável determinante para que ela seja cumprida. Com o tempo, a tendência é de que o comportamento de beber e não dirigir se torne um valor social, fruto de uma nova forma de a sociedade lidar com o álcool. Um exemplo é a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, que no início gerou resistência forte mas com o tempo passou a ser um hábito natural da maioria dos motoristas.


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