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Estado de Minas

Mineiro morto no Peru pode ter sido asfixiado

Familiares de mineiro que sumiu em mata se encontram com técnicos do IML de BH, dizem que peritos descartam morte natural e analisam se engenheiro foi envenenado ou asfixiado


postado em 18/08/2011 06:00 / atualizado em 18/08/2011 06:26

Felipe, sobrinho de Mário Bittencourt, e o pai, Cláudio, receberam informações de representantes do IML de Belo Horizonte(foto: jair amaral/em/d.a press)
Felipe, sobrinho de Mário Bittencourt, e o pai, Cláudio, receberam informações de representantes do IML de Belo Horizonte (foto: jair amaral/em/d.a press)


Sufocamento é uma segunda hipótese levantada pelo Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte para a morte do engenheiro mineiro Mário Bittencourt, de 61 anos, além de possível envenenamento, que continua sendo a principal tese defendida pelos familiares dos brasileiros. O engenheiro foi encontrado morto em 27 de julho com o colega paulista, o geólogo Mário Guedes, de 57 anos, durante levantamento topográfico para a construção de hidrelétrica no Norte do Peru.

“Segundo informações do IML, não há indício de morte por causas naturais, como enfarte ou aneurisma. A família continua apostando na hipótese de envenenamento, mas os peritos levantaram que outra forma capaz de matar sem deixar marcas é o sufocamento”, afirmou o engenheiro Felipe Bittencourt, de 30 anos, sobrinho de Mário Bittencourt e porta-voz da família. Ele e o pai, Cláudio Bittencourt, irmão de Mário Bittencourt, estiveram ontem em reunião com o diretor do IML, José Mauro Morais, e com equipe pelo menos 10 especialistas de diversas áreas, como antropologia, zoologia e botânica. Segundo os dois, os representantes do IML também descartaram morte por hipotermia (baixa temperatura) ou por altitude, como foi inicialmente aventado pelo Itamaraty.

“Não se trata de estrangulamento ou esganadura, como dizem os peritos, porque isso deixaria marcas no pescoço e teria quebrado a traqueia do meu irmão. Mas ele pode ter sido sufocado por alguém que tapou a boca dele com a mão ou enfiou a cabeça em um saco plástico, por exemplo”, completou Cláudio Bittencourt. Segundo ele, estão ainda eliminadas as chances de o engenheiro ter sido vítima de picada de cobra, inseto ou de algum animal desconhecido da região. “O corpo foi lavado e examinado por completo e os peritos explicaram que mesmo as picadas minúsculas deixariam algum vestígio”, disse Cláudio.

O resultado do exame toxicológico, o mais esperado pela família e que poderia comprovar a ingestão de veneno, ainda não ficou pronto. Para Felipe, porém, as perspectivas de que o exame seja conclusivo são pequenas. “Eu confio mais no laudo daqui do que no laudo do Peru, mas a perspectiva de sair algo no teste local é perto de zero”, afirma. Segundo ele, embora o pedido da família de envio de amostras de tecido para o Brasil tenha sido atendido, o material teria chegado ao Brasil contaminado com formol. O corpo, por sua vez, chegou embalsamado.

Exames

Segundo informações da Embaixada do Brasil no Peru, o laudo realizado no país deve sair nos próximos dias. Com a abertura do inquérito inicial de homicídio pelo Ministério Público peruano, já está marcada para os próximos dias uma acareação entre todas as pessoas que estavam no local do incidente. Na terça-feira que vem, essas mesmas pessoas participam de uma espécie de reconstituição das mortes na selva peruana. Nos dois momentos, está prevista a participação dos dois investigados por homicídio, os peruanos Jesús Sanchez e Juan Zorrilla Bravo, este um líder comunitário que já participou de manifestações contra hidrelétricas na região.

Conforme publicou o Estado de Minas, o Ministério Público peruano abriu investigação contra os dois com base em informações prestadas por dois pesquisadores que acompanharam os brasileiros no trabalho de topografia. Segundo os depoimentos, Sánchez e Zorrilla teriam agido de maneira suspeita no local do incidente. Um teria oferecido água ao grupo; o outro teria confundido equipes que realizavam buscas.

Entenda o caso


O engenheiro mineiro Mário Bittencourt, de 61 anos, e o geólogo paulista Mário Guedes, de 57, foram achados mortos em trilha no Norte do Peru, em 27 de julho, dois dias depois de terem desaparecido enquanto faziam trabalho de topografia para instalação de uma hidrelétrica na região.

Num primeiro momento, oItamaraty levantou hipóteses deque os brasileiros poderiam ter sofrido hipotermia ou consequências da altitude. Familiares do mineiro e do paulista prontamente rebateram a possibilidade, diante da temperatura alta no dia do sumiço e daaltitude relativamente baixa na zona do incidente.

As necrópsias dos corpos realizadas no Peru foram inconclusivas. Não foram encontrados sinais de violência, o que levou parentes dos brasileiros a suspeitar de envenenamento. Familiares pediram o envio de amostras de tecido para exames complementares em Brasília e em Belo Horizonte.

Além da suspeita de familiares, o Ministério Público do Peru começou a trabalhar com a hipótese de homicídio e abriu investigação contra os peruanos Jesús Sánchez e Juan Zorrilla Bravo, este um líder comunitário contrário à
instalação de hidrelétricas na região.

Depoimentos prestados por dois engenheiros peruanos que acompanharam os brasileiros na trilha sugerem que Sánchez e Zorrila agiram de maneira suspeita no incidente. Um teria oferecido água ao grupo; o outro teria confundido peruanos que faziam buscas a brasileiros.

Na terça-feira, a Embaixada do Brasil no Peru informou que serão feitas reconstituição das mortes e acareação entre pessoas que estiveram no local do incidente. Ontem, o familiares dos brasileiros se encontraram com representantes do Instituto Médico Legal de BH. Eles foram informados de que está descartada morte natural dos brasileiros e que há possibilidade de que os dois tenham sido sufocados.


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