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Estado de Minas

Por falta de segurança, posto é forçado a fechar mais cedo em Trancoso


postado em 24/07/2011 07:29 / atualizado em 24/07/2011 13:12


Segurança do posto assaltado nove vezes: bandidos levaram até revólver(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press.)
Segurança do posto assaltado nove vezes: bandidos levaram até revólver (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press.)
Na entrada de Trancoso, a 40 quilômetros de Arraial D'Ajuda, uma faixa de pano estendida num posto de combustível serve de alerta para o turista que chega. “Por falta de segurança, a partir de 27 de julho estaremos fechando às 20h”, diz a mensagem. O estabelecimento foi assaltado nove vezes. Bandidos já chegaram a levar o revólver e o colete à prova de balas do segurança Ernandes Alves, de 26. “Mesmo com segurança, ninguém tem segurança. Nem eu”, afirmou. Ele disse que já presenciou homens armados abordando motoristas quando eles diminuem a velocidade dos carros nos quebra-molas da rodovia BA-001, logo em frente. “Semana passada, interceptaram um ônibus na estrada de terra de Itaporanga, indo para a Praia dos Espelhos, e levaram tudo dos turistas”, contou.

Para a psicóloga e professora Olívia Miranda, de 59, dos quais 27 em Trancoso, o distrito, de quase 20 mil habitantes, deixou de ser paraíso há muito tempo. “Não temos mais sossego, o clima é de medo”, descreve Olívia. “Bandidos de todos os lados circulam por aqui, que virou um prato cheio para quem é ladrão. Você pode fugir para qualquer lugar, pela estrada, pelo mar. E a polícia diz simplesmente que não pode fazer nada”, reclama. Um dos crimes que assustaram a região recentemente envolveu uma argentina que mora em Trancoso. Por volta das 20h de sábado da semana passada, ela foi sequestrada na porta da sua casa, saindo de carro, em uma rua do Centro. Ameaçada de morte, foi levada a uma agência bancária para sacar dinheiro. Os bandidos a abandonaram de madrugada numa estrada deserta depois de Guaratinga, outro distrito de Porto Seguro.

O delegado Rafael Zanini admite dificuldades para combater a violência na região. “Os crimes mais comuns são furtos e arrombamentos de residências. Os roubos acontecem mais nas estradas, no trajeto de Trancoso para Caraíva, que é muito longo e deficitário, por areais (cerca de 50 quilômetros). De fato, a região fica erma e facilita a ação dos bandidos”, relata. “Até mesmo para a gente chegar ao local é uma dificuldade”, admite o delegado. Segundo ele, nos casos que ocorrem nas estradas, o mais comum é bandidos armados fecharem veículos das vítimas, como aconteceu com a professora da UFMG Marildes Marinho e o marido. O delegado diz que a média de assassinatos nos três distritos é de 15 por ano. Este ano, já foram seis.

Para os turistas, ele faz uma alerta. “Andar em praias desertas na região é um risco. O ladrão aproveita uma praia mais erma, sem grande movimento, vê a oportunidade e rouba. Há associações de barracas que pagam um patrulhamento a cavalo, então o que pedimos a turistas é que não se afastem desse polo de barracas", orienta o delegado.

À frente da 23ª Coordenadoria Regional do Interior de Eunápolis, órgão responsável pelas delegacias de Porto Seguro e cidades vizinhas, o delegado Evy Paternostro diz que o número é pequeno diante do universo de visitantes, que chega a 20 mil, 25 mil por mês na alta temporada. No restante do ano, a média de visitantes varia de 10 mil a 15 mil. Ele afirma que o número de roubos contra turistas no primeiro semestre de 2011 chegou a 21. No mesmo período do ano passado, os casos somaram 26.

Difícil fazer ocorrência

Todos os moradores de Trancoso vítimas de violência precisam viajar 40 quilômetros para registrar boletim de ocorrência em Arraial D'Ajuda, pois no distrito os três únicos policiais militares só atendem casos de perda de documento. Se a vítima é turista, tem que viajar ainda mais, pois somente é atendida pela Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), em Porto Seguro, tendo ainda de atravessar de balsa o Rio Buranhém. Muitos desistem de recorrer à polícia, o que distorce estatísticas de criminalidade. Mesmo assim, a Deltur chega a registrar mais de 50 queixas por dia, a maioria de mineiros, em alta temporada.


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