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Estado de Minas

Contingente da Polícia Rodoviária Federal é insuficiente para garantir segurança nas BRs


postado em 17/04/2011 07:06 / atualizado em 17/04/2011 09:18

Registrar ocorrências, verificar documentação dos motoristas, controlar o trânsito e acompanhar resgate de pessoas feridas são algumas das atividades que o reduzido efetivo da PRF em MG cumpre todos os dias(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Registrar ocorrências, verificar documentação dos motoristas, controlar o trânsito e acompanhar resgate de pessoas feridas são algumas das atividades que o reduzido efetivo da PRF em MG cumpre todos os dias (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)


Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária federal do país, não conta com fiscalização suficiente nessas estradas. O número de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) destacados para cuidar dos 5.973 quilômetros sob jurisdição da instituição não dá conta do trabalho. A conta é simples: enquanto em Minas o índice é de 0,14 policial por quilômetro de rodovia fiscalizada pela PRF, em São Paulo é de 0,54, ou quase quatro vezes mais. No Rio de Janeiro, a média é de 0,49 policial por quilômetro fiscalizado. Os dados foram levantados pelo Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Estado de Minas Gerais (Sinprf-MG), a pedido do Estado de Minas, e revelam a precariedade da situação.

Na BR-381, por exemplo, no trecho entre Nova União e João Monlevade, com extensão de 52 quilômetros e um dos mais perigosos da chamada Rodovia da Morte, apenas uma dupla de patrulheiros é responsável por todo o trabalho em um turno de 24 horas. Eles têm a responsabilidade de atender as ocorrências de acidentes, punir os motoristas infratores e prevenir a prática de crimes na rodovia , o que é praticamente impossível para um efetivo tão reduzido.

Juntando o baixo efetivo policial com as más condições das estradas, o tráfego intenso e a imprudência dos motoristas, está formada a equação cruel e sangrenta que, em 2010, deixou um saldo de 27.366 acidentes, com 1.344 mortos e 16.695 feridos nas rodovias fiscalizadas pela PRF em Minas Gerais. Todos os policiais ouvidos pelo EM concordam que, se o efetivo fosse maior, o trabalho preventivo e de fiscalização poderia ser mais eficiente, evitar acidentes e salvar vidas.

“Dentro das limitações, a gente fiscaliza, mas não tem efetivo para uma ação mais criteriosa. Não há muito o que fazer”, lamenta um policial lotado no posto da BR-116, em Itaobim, no Vale do Jequitinhonha. Ele revela que a equipe de cinco patrulheiros por plantão (havia quatro em ação na quinta-feira) não consegue sequer, em um plantão de 24 horas, percorrer todos os 160 quilômetros de que cuida na rodovia Rio-Bahia. “Minas precisa do triplo ou do quádruplo de policiais para não haver sobrecarga de serviço”, diz a presidente do Sinprf-MG, Maria Inês Miranda Mendonça.

A situação se reflete no cotidiano das estradas. Às 14h da quarta-feira, um dos policiais da dupla que cuida dos 52 quilômetros da BR-381 comentava que o plantão estava excepcionalmente tranquilo, mas que acidentes acontecem “quando menos se espera”. Ele fez o comentário sem saber que a menos de 30 quilômetros uma carreta acabava de tombar e atingir um Uno, em acidente sem mortos.

Ao chegar ao local, os patrulheiros correram para sinalizar e isolar a área, com o objetivo de evitar que outros motoristas se envolvessem em acidentes. Tinham também de coordenar o atendimento às vítimas, além de elaborar o boletim de ocorrência, como parte das atividades rotineiras que consomem mais de duas horas do plantão. Isso quando não há mortos ou impedimento da pista, circunstâncias que consomem muito mais tempo e ação. Quando ocorrem outros acidentes, o que é comum, eles precisam priorizar o atendimento aos que têm vítimas e os que bloqueiam a estrada. Para os outros, já existe um jargão: “Põe na fila”

Naquele plantão, que começara às 8h, a equipe baseada no posto de Sabará, composta por sete policiais, tinha apenas cinco atuando. E essa situação não é exceção, por causa de folgas, licenças, férias e até de reuniões administrativas. Em outros postos, o cenário era semelhante. Na BR-040, em Nova Lima, cinco profissionais compõem a equipe, que deveria ter seis, mas apenas três estavam a postos; no posto de Congonhas, na mesma estrada, da equipe de quatro havia três trabalhando; em João Monlevade, três seguravam as pontas na equipe composta por quatro patrulheiros.

Situação Insustentável

Pior é a situação em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, onde apenas nove policiais, incluindo a chefia, formam as quatro equipes que respondem por 300 quilômetros da BR-365. É o menor grupo dos 43 postos de Minas.

825


É o número de policiais rodoviários federais que atuam em Minas Gerais. De acordo com o sindicato da categoria, o efetivo é insuficiente e não tem condições de cuidar de todo o serviço, que inclui blitzes da Lei Seca, autuação de motoristas imprudentes e atendimento a vítimas de acidentes, entre outras atribuições

5.973

Quilômetros da malha rodoviária federal de Minas estão sob jurisdição da PRF. Cerca de 7 mil km de BRs são responsabilidade da Polícia Militar Rodoviária

0,14

Este é o índice de policial rodoviário por km fiscalizado em Minas. É uma das menores médias do país, apesar do estado ter a malha mais extensa do Brasil.


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