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Estado de Minas

Especialista cubano está de olho na epidemia de dengue no Brasil


postado em 03/03/2011 07:24 / atualizado em 03/03/2011 11:18

Com receio de que o país bata novo recorde nos casos de dengue, como no ano passado, quando mais de 1 milhão de pessoas foram infectadas e 550 morreram, o mundo voltou os olhos para o Brasil. Nos últimos dias, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) visitou os 16 estados que estão com risco de surto da doença, Minas Gerais entre eles. Ontem, o cubano Eric Martinez, consultor da Opas e um dos maiores especialistas mundiais sobre a enfermidade, veio a Belo Horizonte para uma palestra sobre dengue. Em entrevista exclusiva ao Estado de Minas, ele afirmou que epidemias como a do ano passado têm chances de serem evitadas, mas com recursos, mobilização social e vontade política. Para reduzir o número de óbitos, ele avisa: “O segredo está em um serviço de atenção básica de saúde e em plena capacitação”.

A afirmação de Eric é baseada na experiência. Doutor em medicina pela Universidade de Havana, membro da Academia de Ciências de Cuba, pesquisador do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri, de Havana, o especialista já participou de mais de 30 ações de combate a epidemias de dengue, em 14 países americanos. “A primeira grande epidemia do mundo foi em meu país, quando, em 1981, 300 mil pessoas foram infectadas e 158 pessoas morreram. Na época, os governantes cubanos gastaram US$ 103 milhões e todos os setores políticos, entidades e comunidades se uniram. Investimos, principalmente, em saneamento básico e educação. Durante 18 anos não houve registro de dengue na ilha”, revela. Atualmente, os registros de casos são pequenos e locais.

Para Eric, a diversidade brasileira é um complicador. “A grande dificuldade é que o território brasileiro é um conjunto de estados onde cada um tem uma particularidade e, além disso, fatores climáticos favorecem a atuação do mosquito, como também o ambiente social e a falta de coletas de lixo”, reconhece. “Mas, se há dengue, não devemos ter óbitos”, alerta. Há cerca de 100 países que vivem sob o risco de epidemia.

A receita para conseguir reduzir o número de mortes, segundo o especialista, está na atenção básica. “Os moradores precisam conhecer os próprios cuidados que devem tomar. BH tem uma cobertura de 80% no serviço de atenção básica, é esse o bom caminho. Não são os hospitais e nem as UTIs que auxiliam na redução de mortalidade à doença, são os centros de saúde. Quando o usuário tem os sintomas da dengue, o primeiro lugar que ele procura são os centros, é aí que o atendimento tem que ser excepcional. Caso confirmada a doença, o cidadão tem que receber um acompanhamento profissional. Esses lugares têm que ter uma capacitação continuada.”

De acordo com último balanço da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), BH já tem 170 pessoas infectadas neste ano, com 1.758 notificações. Os números, ainda que altos, segundo a SMSA, estão bem menores do que os registrados no ano passado. Nas seis primeiras semanas de 2011, foram 1.523 notificações, enquanto em 2010, no mesmo período, eram 4.383. O total de contaminados também caiu, de 3.120 para 166.

Perigo

O grande perigo do futuro, segundo alerta Eric , é a chikungunya, uma nova doença causada pelo Aedes aegypti. Originária do sudeste Asiático e da África, ela causa dores nas articulações, febre, dor de cabeça e nos músculos, além de manchas vermelhas no corpo. O vírus já chegou ao país, em dezembro, quando três pessoas foram contaminadas, o que levou o Ministério da Saúde a monitorar os casos no Brasil.


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