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Amor pela educação e pelas crianças


postado em 10/03/2019 05:06

 

A premiada Cris Poli descobriu ainda criança sua vocação para ensinar, quando, mesmo sem perceber, brincava de ser professora. Sempre foi uma apaixonada pela educação, começou a lecionar aos 18 anos e não parou mais. Nasceu na Argentina, e se mudou para o Brasil há mais de 30 anos, onde fez carreira sólida. Acabou se tornando apresentadora do reality show Supernanny no SBT/TV Alterosa, em 2006, ajudando centenas de famílias a educar seus filhos. O programa acabou, mas ela continua sendo uma das pessoas mais requisitadas do país quando o assunto é orientação a pais e filhos. Recebe milhares de e-mails de famílias pedindo sua visita para orientação. São mais de 30 mil famílias cadastradas querendo sua ajuda. Autora de sete best-sellers, está com o mais novo trabalho pronto para ser lançado, um livro sobre bullying. A educadora está em Belo Horizonte, no próximo final de semana, ministrando um workshop sobre educação de filhos, na Igreja Batista Central de Belo Horizonte, na próxima sexta-feira e sábado, dias 15, às 19h30 e 16, das 9h às 17h.

Onde nasceu?
Nasci em Buenos Aires, Argentina.

É filha única?
Sou a única mulher; tenho um irmão dois anos mais novo que eu.

Como foi sua criação?
Meus pais sempre foram muito rígidos conosco. Minha mãe, Emma, não trabalhava fora, cuidava de nós e da casa, o que já é muito trabalho. Meu pai,Quintino, era gerente de vendas de uma multinacional. Sempre tivemos muitas regras e limites, mas havia muito diálogo, principalmente com meu pai. Tive uma infância feliz e uma adolescência tranquila, sempre muito unida com minha família.

Era uma boa aluna?
Sempre fui uma boa aluna. Estudava bastante porque gostava, e não por cobrança de meus pais. Não era nenhuma santinha, tipo nerd, mas também não era das mais bagunceiras.

O que gostava de fazer como lazer?

Passeava com minha família e minhas amigas. Sempre gostei muito de música e por isso estudava piano e violão.

Quais as brincadeiras preferidas?
Por incrível que pareça, brincava muito de escola e de ser professora. Já era sinal do que eu viria a ser. Acho que nasci mesmo com esse dom e ele se manifestou por meio das brincadeiras ainda na infância.

Como e quando conheceu seu marido?
Conheci meu marido quando éramos crianças. Ele nasceu na Itália, mas foi para a Argentina aos 8 anos. Brincávamos juntos. Começamos a namorar muito novos e nos casamos cedo. Depois que nasceu nosso primeiro filho, ele se naturalizou argentino.

Quantos filhos vocês têm?

Temos três filhos – dois homens e uma mulher.

O que a levou a escolher trabalhar com educação de crianças?
Como disse, acho que nasci com este dom. Sempre foi minha grande paixão, me preparei para isso e trabalho em educação desde meus 18 anos. Formei-me em educação pelo Instituto Nacional Superior del Profesorado en Lenguas Vivas Juan Ramón Fernandez, de Buenos Aires, na Argentina. Depois que me mudei para o Brasil, fiz licenciatura em letras inglês/português na USP. Quando comecei a lecionar, vi a importância da educaçao nos primeiros anos de vida da criança, e desde então me dediquei ao que chamamos de primeira infância, porque é uma época fundamental para o futuro da pessoa. Infelizmente, os adultos costumam não dar muito valor para quem trabalha com criança, achando que “elas não entendem muito”, ou “é melhor pensar em um trabalho com adolescentes”. Hoje, já é provado cientificamente, nos países mais desenvolvidos do mundo, que o investimento na primeira infância é o mais importante para criar adultos saudáveis.

Dizem que santo de casa não faz milagres. Conseguiu educar e criar seus filhos dentro dos seus princípios e conceitos?

Na minha casa deu certo, conseguimos educar nossos filhos dentro dos princípios e valores nos quais acreditávamos. Acho que a educação deles foi a grande experiência e o grande teste de educação. É importante, sendo educadora ou não, você se informar sobre a educação de crianças. Mas o grande teste vem quando você tem o seu filho, pois o envolvimento emocional é muito grande e você acaba não conseguindo, às vezes, aplicar tudo aquilo que você aprendeu. Por isso eu digo que a gente aprende na base do erro e do acerto, principalmente com o primeiro filho. Meu primeiro filho foi a grande experiência. Com o segundo eu já tinha a experiência do primeiro e a terceira eu já estava bem mais prática. (risos) E isso é com todo mundo.

Sei que é cristã. Como isso influencia na sua vida e no seu trabalho?
Somos cristãos e toda a nossa vida está regida por princípios e valores cristãos.

Você fala muito de Deus em seus livros e no seu trabalho.

Porque acho que é muito importante. Quando educamos, transmitimos princípios de vida para os nossos filhos, para formação de caráter e personalidade. Se temos fé, se temos a palavra de Deus como base dessa transmissão de valores e de princípios, temos mais segurança, porque temos uma coisa que é verdadeira, que é válida, que é eterna, na qual acreditamos. E isso nos dá segurança. Acredito que muito da insegurança de hoje é porque os valores e os princípios estão muito questionados, são muito variáveis. O que era bom e aceitável um tempo atrás, hoje não é mais e vice-versa. Então, tudo isso confunde. Quando você tem fé, quando tem Deus, quando tem a Palavra pra ser guiada, isso dá mais segurança, dá uma base firme.

Por que veio para o Brasil?
Viemos para o Brasil por causa do trabalho do meu marido.

Como surgiu o convite para fazer o programa na televisão?

O SBT tinha comprado os direitos para produzir o programa aqui no Brasil. Começaram a procurar alguém para fazer o personagem Supernanny e depois de muitos testes visitaram as escolas. Eu trabalhava numa escola que havia fundado e eles acharam que eu poderia ter o perfil que eles queriam. Convidaram-me para fazer um teste. Gostaram e me contrataram.

Foi gratificante? Percebeu, de fato, mudança no comportamento dos pais e das crianças?
Foi muito gratificante. As mudanças realmente aconteciam. Na avaliação dos próprios pais, 80% daquilo que muda enquanto eu estou lá permanece. Eu acho que o índice é alto porque fico duas semanas com a família. Por um lado, é muito tempo, por outro, é pouco para mudar um comportamento. Se a mudança é de 80%, fico muito satisfeita e grata. É uma recompensa.

Entre tantas casas nas quais você trabalhou, alguma família a marcou mais?

Aprendi muito com o programa, uma das coisas que aprendi foi não julgar as pessoas. Temos a tendência de ver a situação e prejulgar. Depois que passei a observar de perto as famílias, vi que cada caso é uma situação e que existe um motivo – certo ou errado, não importa – para agirem de determinada maneira. E este era o meu papel, mostrar o que estava errado e fazer os pais mudarem sua conduta. Era a premissa básica do programa, porque a primeira mudança tem que vir deles, para depois gerar a mudança nos filhos. Exatamente por isso teve um caso que me marcou muito, de forma negativa, porque vimos a dificuldade que os pais têm de reconhecer a sua responsabilidade na educação do filho. Tivemos que interromper o programa antes de acabá-lo porque os pais discordaram da minha proposta com as crianças, e desfizeram tudo que eu tinha feito. Foi muito desagradável, principalmente porque as crianças estavam começando a mostrar uma mudança de comportamento, mas os pais não se dispuseram a mudar. Positiva, na verdade, todos os outros pela mudança que há nas crianças e nos pais. Teve uma família de Salvador, com três filhos, e uma delas tem síndrome de Down. A mãe tinha uma grande dificuldade de expressar o amor pelos filhos. Não que ela não os amasse, ela não conseguia expressar o amor. Quando ela conseguiu isso, foi um momento muito marcante no programa porque a mãe conseguiu romper essa barreira que a separava dos filhos. Isso me marcou e me emocionou muito. Todos nós choramos.

Na sua opinião, por que as crianças de hoje mandam tanto nos pais e fazem tantas birras?

Todas as crianças fazem birra. A diferença está na atitude que os pais tomam diante das birras. Os pais hoje não estão exercendo a autoridade legítima diante de seus filhos e deixam que os filhos mandem em casa.

Os jovens de hoje são mais frágeis e despreparados para a vida do que as gerações anteriores?
A juventude hoje, em geral, está muito mimada com tudo fácil ao alcance da mão. Isso os torna menos preparados para enfrentar os desafios da vida.

O que mudou na educação que você recebeu para a atual, que gerou jovens tão frágeis?

Muita coisa mudou. Hoje, os pais trabalham fora de casa e não têm tempo para ficar com os filhos e educá-los. A educação está sendo terceirizada e isso faz toda a diferença.

Acha que esse aumento de suicídio entre jovens é pela falta de estrutura para enfrentar dificuldades e negativas da vida?
Sim, eu acho.

Qual sua opinião sobre o uso da internet e da tecnologia na educação dos filhos?
Ela ajuda se você consegue administrá-la adequadamente para que não ocupe 100% do tempo das crianças, para que elas possam alterná-la com outro tipo de atividade, e eu acho que é isso que tem se perdido. Meu desafio é trabalhar o comportamento das crianças e também com os pais, para que eles possam resgatar algumas das coisas que faziam parte do relacionamento familiar no passado e que hoje não fazem mais. Uma brincadeira, por exemplo, de pega-pega, pique-esconde, ioiô, amarelinha, tudo isso que dá uma interação muito importante entre pais e filhos, hoje se perdeu. E quem ocupou o espaço foi o computador, o videogame, a internet, o celular. Precisa haver um equilíbrio, e se os pais conseguem estabelecer esse equilíbrio, então é bom, e a gente pode colocar a tecnologia a serviço do desenvolvimento e da educação dos filhos.

O que que falta na educação de hoje?

Falta a presença dos pais no dia a dia das crianças e dos jovens.

Que conselhos você daria para os pais de adolescentes rebeldes?
A adolescência se carateriza por rebeldia, contestação e argumentação. Os pais precisam desenvolver um relacionamento próximo com os filhos para poder estar perto e aconselhar os filhos nessa fase da vida.

Quais os conselhos para os pais que estão começando essa jornada, e têm filhos pequenos?

Organizem suas rotinas para poder acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de seus filhos desde pequenos. Coloquem regras e limites como prova do amor que sentem por eles. A educação não precisa ser traumática, é um processo de modelar o comportamento da criança para que seja adequado para viver em sociedade. É um processo tranquilo, mas que exige dos pais convicção e autocontrole. Quando feito da forma correta, a criança corresponde, porque ela se sente amada, respeitada, cuidada e vai tendo seu comportamento modelado. Não tem necessidade de bater, mesmo que seja a tal palmada pedagógica, isso é uma violencia, por mais que os pais digam que não faz mal, ninguém gosta de receber um tapa. Os pais precisam entender isso. Quando a criança é ensinada dentro desse contexto, ela gosta e se sente feliz, pois vê que os pais estão se preocupando com ela.

Você já escreveu vários livros que são best-sellers. Tem algum tema que ainda não abordou?

Escrevi sete livros. O Filhos autônomos, filhos felizes, mostra que os próprios filhos mandam mensagens para os pais sobre o que precisam para ter uma educação eficaz, para ter uma vida plena, mas nem sempre os pais entendem essas mensagens. Outro aborda a questão da separação dos pais e do quanto isso afeta os filhos, e como preservá-los. Outro livro fala da educação dos pais e da escola caminhando juntas, passando valores para as crianças e buscando soluções para a formação de adultos saudáveis, felizes e capazes de dar continuidade às tarefas que hoje estão em nossas mãos. Também escrevi um sobre como fazer a criança ter uma infância feliz e outro voltado para os professores. E um para pais de primeira viagem educarem os filhos juntos. Agora, escrevi um sobre bullying, que está pronto para ser lançado.

Algum sonho que ainda não conseguiu realizar?

Deus tem realizado todos os sonhos que sempre tive e que são de ter uma família unida por laços de amor e poder ajudar aos outros com os dons que Ele me deu.

Quais são seus planos futuros?
Continuar nessa missão de ajudar as famílias enquanto tiver disposição e saúde.


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