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Estado de Minas

Castrar ou não castrar?

Dilema para muitos, a prática ajuda a prevenir doenças, incluindo tumores, além de melhorar o comportamento do animal de estimação


postado em 12/09/2015 00:11 / atualizado em 12/09/2015 12:42

Cirurgia de castração deve ser sempre realizada em bloco cirúrgico bem-estruturado(foto: Arquivo/Clínica Ártemis)
Cirurgia de castração deve ser sempre realizada em bloco cirúrgico bem-estruturado (foto: Arquivo/Clínica Ártemis)

Assunto bastante em voga nos dias de hoje, a castração de cães e gatos ainda é um dilema para muitos responsáveis pelos animais de estimação. Pesam a favor fatores como o controle populacional e a prevenção de doenças, incluindo tumores, além da promessa de melhora no comportamento do animal. Os contrários lembram sempre do risco de obesidade depois da cirurgia e argumentam que seria uma interferência na natureza dos bichinhos. Além da motivação emocional – é preciso considerar, por exemplo, se a família deseja ter filhotes do seu animalzinho –, um pouco de orientação e algumas estatísticas podem ajudar na hora da decisão.

Um dos motivos pelos quais se fala tanto em castração é o controle da população animal, associado à guarda responsável. Tanto que a esterilização entrou de vez no protocolo dos procedimentos para encaminhar os pets para adoção. A descendência de um casal de cachorros, por exemplo, pode chegar a 12,6 mil crias em apenas cinco anos. A castração consiste na retirada dos testículos nos machos e dos ovários e útero nas fêmeas.

No caso dos cães, os veterinários garantem: são diversos os benefícios para a saúde do animal, especialmente para as fêmeas. O principal ganho é a prevenção dos tumores de mamas, muito frequentes em cadelas mais velhas. Na castração antes do primeiro cio, a chance de manifestar a doença cai para 0,5%. Se o procedimento for feito entre o primeiro e o segundo cio, o percentual sobe para 0,8%, e, até o terceiro cio, essa chance passa a ser de 26%. Depois desse período, não há benefício comprovado.

Outra doença comum que se previne nas fêmeas castradas é a piometra, uma infecção uterina grave que, quando ocorre, leva à retirada do útero das cadelas. “O útero sofre todo um bombardeio de hormônios quando a cadela não está gestante. Toda essa modificação se junta a uma infecção que vem da vagina para o útero, porque existe uma abertura que permite a passagem de bactérias e pode dar alterações graves, comprometer os rins e até matar”, afirma a coordenadora do Projeto de Castração do MEC/UFMG, Christina Malm, professora de cirurgia e obstetrícia. As cadelas também ficam livres da gravidez psicológica, que causa alterações hormonais, podendo gerar sofrimento.

Nos machos, cai muito a incidência dos tumores nos testículos. É alta a frequência de hiperplasia prostática. Outra indicação importante é para os cães criptorquídicos, aqueles que, por uma alteração genética, têm o testículo escondido na região abdominal. Os veterinários falam também na questão do comportamento. Os machos, que costumam ser mais ativos e têm um comportamento mais agressivo, tendem a se acalmar. Também ficam menos propensos a fugir ou brigar na rua por causa de fêmeas no cio e diminuem a mania de urinar pela casa para demarcar território.

CUIDADOS  Segundo o cirurgião Abílio Rigueira Domingos, da clínica Ártemis, a cirurgia de castração é frequente, mas é preciso ter cuidado na hora de escolher os profissionais que a executarão. “É um procedimento considerado rotineiro, mas que deve ser feito em um ambiente controlado, com equipe de anestesia e um bloco cirúrgico que esteja dentro das normas do Conselho de Veterinária. O pós-operatório é tranquilo, mas o cachorro tem de tomar a medicação de forma adequada e fazer repouso”, diz.

Mas atenção! Quem resolver castrar seu cachorrinho deve estar ciente de que ele precisará de uma alimentação especial para não engordar. A retirada das gônodas sexuais muda o metabolismo, diminuindo entre 25% e 30% a necessidade de ingestão calórica, e, por isso, é preciso reduzir a quantidade ou optar por rações light ou especiais para castrados. Grande parte da responsabilidade para evitar a obesidade está nos donos, que não devem dar petiscos fora de hora e precisam fazer com que os animais se exercitem de alguma forma. Em casos mais raros, o animal pode manifestar incapacidade de exteriorizar completamente o pênis ou apresentar incontinência urinária por deficiência de estrógeno. Para os castrados na fase pré-púbere, pode haver parada do crescimento.

Quem tiver interesse em castrar seu caozinho pode procurar uma clínica veterinária habilitada para isso ou, se não tiver condições, recorrer a projetos gratuitos, como o da Prefeitura de Belo Horizonte e o Projeto Castração do MEC/UFMG. Entre 2005 e maio deste ano, a PBH castrou 100 mil animais.

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