As serpentes são vistas, muitas vezes, como animais peçonhentos e perigosos, mas há quem goste. Algumas espécies, como as jiboias (Boa constrictor) e as salamantas (Epicrates cenchria), são animais pouco agressivos e fáceis de ser encontrados como estimação. E, para conseguir ter uma serpente em casa, já existem vários criatórios legalizados pelo Ibama para a venda como pet. A criação de algumas espécies dóceis, como cornsnakes e pítons, são proibidas no Brasil, assim como a importação delas. Esses animais vivem de 10 a 20 anos, dependendo da espécie.
Quando se fala em serpente como animal de estimação, logo as pessoas imaginam que é uma cobra gigante e que fica solta pela casa. E quando tem uma criança no local, logo julgam como irresponsabilidade dos pais. Serpentes não ficam soltas pela casa, elas vivem presas em terrários, com água, abrigo e tudo o que ela precisa para ter uma vida saudável. Segundo a veterinária de animais exóticos Marcela Ortiz, que tem uma cobra e um bebê de 50 dias em casa, os riscos de alguma transmissão de bactérias são mínimos, se o animal estiver saudável e tiver acompanhamento do veterinário. “As serpentes criadas em cativeiro não são peçonhentas, ou seja, não injetam o veneno. O risco de a serpente engolir uma criança, apesar das lendas, não existe. O maior risco que pode ser detectado é de que a criança machuque o animal ao manuseá-lo incorretamente”, diz Ortiz.
PACÍFICA Lavínia Neves, de 7 anos, convive muito bem com a jiboia que o pai, Rainer Neves, cria. Segundo ele, a convivência entre a jiboia Kira e a filha é muito boa. “A convivência é normal, semelhante a um cachorro. A Lavínia adora, pega a Kira, coloca no pescoço, brinca com ela. Nunca tivemos nenhum problema, é bem tranquilo”, diz Rainer.
Para esse tipo de pet não oferecer riscos, a recomendação da veterinária Marcela é sempre manter o animal saudável, sempre alimentá-lo com presas mortas a temperatura ambiente e no mesmo local, evitando, assim, que ela confunda algum objeto com a presa. “Jamais adquirir uma serpente peçonhenta, o que seria ilegal. Escolher sempre uma espécie dócil e acostumá-la desde filhote a ser manuseada. É importante conhecer a biologia da espécie escolhida, assim como ensinar à criança os cuidados ao manipular o animal e respeito para com ele”, conclui.