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Estado de Minas

Estado faz parceria para tirar educação do vermelho, mas rebaixa metas

Governo de Minas anuncia retomada de programa conjunto com instituto na tentativa de impulsionar performance de alunos, mas prevê que ainda assim desempenho ficará abaixo do esperado


postado em 08/08/2019 06:00 / atualizado em 08/08/2019 08:14

Alunos em escola da rede estadual: desde 2013 Minas não alcança a meta no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Mudanças prevêm melhora, mas reduzem expectativa(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 21/10/15)
Alunos em escola da rede estadual: desde 2013 Minas não alcança a meta no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Mudanças prevêm melhora, mas reduzem expectativa (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 21/10/15)


Com um desempenho muito abaixo do esperado no principal indicador sobre a qualidade da educação no país, Minas aposta em resgate de parceria com a iniciativa privada para alavancar o ensino médio e voltar a figurar como uma das redes de destaque no Brasil. O estado, que já foi referência em nível nacional, desde de 2013 não alcança a meta no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e, a cada ano, alarga-se o abismo entre os objetivos fixados e a realidade das escolas. Além de melhorar o aprendizado dos estudantes, intenção é reduzir desigualdades regionais e outro grande calcanhar de Aquiles do setor no ensino: a evasão escolar. Apesar de prever um salto nos próximos três anos, o estado continuará abaixo das metas estabelecidas até 2021.

Minas Gerais quer sair de um Ideb de 3,6 registrado para o ensino médio no ano passado para 4,28 em 2021. Já para este ano, a intenção é subir a pontuação para 3,88. As expectativas de aumento se mostram pouco ousadas, já que as metas anteriormente fixadas para a rede estadual de ensino no 3º ano do nível médio eram de 5 para 2019 e 5,6 para 2021. Em 2017, a meta era de 4,8. Na Região Sudeste, o estado tem o segundo menor Ideb na última etapa da educação básica, abaixo apenas do Rio de Janeiro (3,3). E está abaixo inclusive do índice brasileiro (3,8).

Ontem, o estado anunciou um conjunto de ações para melhorar a qualidade do ensino, com o programa Gestão pela Aprendizagem. A Secretaria de Estado de Educação vai contar com a colaboração técnica do Instituto Unibanco, por meio do programa Jovem de Futuro. O projeto oferece assessoria técnica, formação, análises educacionais, instrumentos e tecnologias de apoio às metodologias pedagógicas, além de promover trocas de experiências entre os profissionais da educação. Um dos primeiros passos para a reestruturação foi a adoção de um calendário escolar harmonizado para toda a rede de ensino. De acordo com o governo, com ele está sendo possível “ter um melhor planejamento e monitoramento das atividades no decorrer do ano letivo e das necessidades de cada estudante”.

"Com o Jovem de Futuro aprende-se 30% a mais em português do que normalmente ocorre no ensino médio. Em matemática, esse número sobe para 44%"

Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco



Também foi feito acompanhamento de notas e frequência dos estudantes. Isso possibilitou levar de volta às salas de aula 15 mil alunos com alto número de ausências neste ano, por meio de busca ativa desses jovens pela direção das escolas. Serão feitas intervenções pedagógicas para que eles possam recuperar o tempo perdido e acompanhar os colegas. 

O novo programa tem a metodologia do Instituto Unibanco e será implantado em 1.296 escolas do ensino médio, atendendo a mais de 500 mil estudantes. Até 2022, deve estar em toda a rede estadual de ensino, em suas 2.333 escolas, segundo a secretaria. Neste ano, 440 inspetores escolares, 1.296 diretores e 1.296 supervisores da rede estadual receberão a formação, bem como as equipes gestoras e técnicas das superintendências e da SEE.

Retomada 


“Temos que cuidar de vários pontos para que no fim se cumpra a missão do aprendizado”, afirmou ontem o governador Romeu Zema. “Acredito em protocolos e naquilo que funciona. Temos que deixar de lado questões ideológicas e partidárias e focar naquilo que deu certo”, disse. O Instituto Unibanco já atuou em parceria com a Secretaria de Estado de Educação em gestões anteriores. Desta vez, volta com a missão de personalizar os planos de cada escola, das superintendências regionais e de alinhá-los com o da própria secretaria.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


“Redesenhar a gestão permite saltos significativos. Isso passa pelo diagnóstico de cada realidade e inclui desafios, como o de aprendizagem em matemática ou a gestão da capacitação do professor”, ressaltou o superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques. Ele destacou ainda a proficiência em português e matemática a partir do programa. “Com o Jovem de Futuro aprende-se 30% a mais em português do que normalmente ocorre no ensino médio. Em matemática, esse número sobre para 44%.”

A secretária de Estado de Educação, Júlia Sant'Anna, disse que será feito o acompanhamento da gestão escolar de cada colégio. “Vamos desmembrar as metas de cada escola, considerando as regiões nas quais estão localizadas”, disse. Minas é o sexto estado a receber o programa Jovem de Futuro, presente no Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Espírito Santo. Em Goiás, por exemplo, o ensino médio tem registrado crescimento no Ideb desde 2009, sempre acima da meta.

O exemplo do Vale do Jequitinhonha


Enquanto o estado busca na iniciativa privada apoio para melhorar os índices da educação em sua rede, há iniciativas que mostram que determinação e trabalho duro são capazes de transformar realidades nas escolas públicas. É o que prova uma vitória conquistada do outro lado do mundo por estudantes do Vale do Jequitinhonha. Um grupo de seis alunos de 14 anos e um educador da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, de Minas Novas, embarcou para representar o Brasil em Taiwan, na prova final da Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras. Feitas as contas, a turma subiu ao pódio e voltará com medalha de bronze. Mas a conquista só foi possível depois de verdadeira maratona para arrecadar recursos que possibilitassem a viagem à Ásia.

A equipe de Minas Novas levou o bronze na olimpíada em Taiwan, depois de verdadeira maratona para conseguir os recursos para embarcar(foto: WhatsApp/Reprodução)
A equipe de Minas Novas levou o bronze na olimpíada em Taiwan, depois de verdadeira maratona para conseguir os recursos para embarcar (foto: WhatsApp/Reprodução)


Os alunos participaram pela primeira vez da fase nacional da Olimpíada Internacional Matemática sem Fronteiras com duas turmas: 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio, e conquistaram quatro medalhas. Diante do resultado, foram convidados a fazer parte da delegação brasileira para disputa da etapa mundial, que ocorreu em Taiwan. Foram escolhidos para viajar Gabriel Lopes, João Gustavo, Thais Pereira, Eric Soares, Vitor Samuel e João Pedro Avelino, todos de 14 anos.

Mas a equação era mais complexa: a turma enfrentou o desafio de conseguir verba para embarcar para o continente asiático. O professor de matemática Adalgisio Gonçalves explica que o custo total da viagem para as sete pessoas era de R$ 77 mil. Para conseguir embarcar, os alunos se empenharam por meio de uma vaquinha on-line, promovendo eventos e outras campanhas e apelando até para empréstimo.

Depois de muita batalha, o embarque para São Paulo ocorreu às 18h da última sexta-feira. O grupo fez uma escala em Joanesburgo, na África do Sul, e, de lá, saiu rumo a Hong Kong, chegando às 11h50 de domingo. Finalmente, viajou rumo à Taipé, centro político da ilha asiática, onde participou da disputa com equipes de diferentes partes do mundo, conquistando a medalha. (Larissa Ricci)


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