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Estado de Minas

Corte de verbas e greve de servidores na UFMG levam incertezas na volta às aulas

Bibliotecas e laboratórios funcionarão de forma precária


postado em 22/08/2015 06:00 / atualizado em 22/08/2015 07:03

Clínica odontológica teve atendimentos suspensos por causa da paralisação de servidores: alunos ainda não concluíram o semestre passado(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
Clínica odontológica teve atendimentos suspensos por causa da paralisação de servidores: alunos ainda não concluíram o semestre passado (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)

Nas bibliotecas e laboratórios que ainda estiverem abertos, apenas 30% dos funcionários atenderão. A greve dos servidores técnico-administrativos que ultrapassa 80 dias prejudicou a preparação de aulas e estratégias de cursos, obrigando professores e coordenadores a realizar esses trabalhos. Até a realização das matrículas foi tumultuada pela falta de pessoal. Ainda assim, o semestre será iniciado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na segunda-feira. Devido à paralisação, o início das aulas na graduação foi adiado por 20 dias. “A universidade consegue retomar as aulas. Houve uma mobilização e pudemos contar com os servidores para manter os serviços essenciais para o reinício”, afirmou o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi.

A única exceção será a Faculdade de Odontologia, que não conseguiu sequer terminar o primeiro semestre devido à greve dos técnicos e só terá aulas de matérias que não utilizam laboratórios. Os servidores mantêm esquema de funcionamento mínimo em setores essenciais, como no Hospital das Clínicas, que teve redução de leitos e de atendimentos, mas tratamentos contínuos de doenças como câncer e as urgências e emergências continuam mantidos.

O pró-reitor afirma que, em função dos cortes e remanejamento de verbas pelo Ministério da Educação (MEC), a universidade terá um semestre difícil, mas há condições para que as aulas sejam realizadas e o semestre possa ser concluído. No entanto, Takahashi lembra que o clima é de incerteza em relação ao futuro. Os cortes, principalmente em custeio, levaram à suspensão do pagamento de contas de água e luz e à demissão de funcionários terceirizados de segurança, portaria e limpeza. Para ele, no momento, é possível seguir com as aulas em salas, mas as práticas em laboratórios perdem em decorrência da greve.

escassez O pró-reitor acredita que se a falta de recurso perdurar, a situação da universidade poderá ficar mais crítica no ano que vem. “É um sistema de escassez pesado, mas teremos condições de terminar o ano. Mas, se mudar o cenário e tivermos outros cortes, não poderemos garantir nada”, afirma. As aulas serão retomadas com a maior parte das bibliotecas de portas fechadas.  Takahashi avalia que seu fechamamento é “um prejuízo administrável”por duas ou três semanas. Ele garante que não haverá corte nos programas de assistência estudantil e que também serão mantidas todas as bolsas, em especial as de monitoria e extensão.

A greve dos servidores é mais um reflexo da diminuição dos repasses para as universidades federais, na visão de um dos diretores do Diretório Central do Estudantes (DCE) da UFMG, Thales Freire. “A falta de condições de trabalho e de valorização dos servidores também se reflete numa perda de qualidade do nosso ensino. A luta deles é legítima, mas não dá para dizer que isso não dificulta as atividades acadêmicas com o retorno das aulas”, comenta. Segundo ele, o fechamento de diversas bibliotecas por causa da greve e a precarização do funcionamento dos laboratórios e até do restaurante estudantil são reflexos diretos da greve que os universitários terão que enfrentar no retorno às aulas na próxima semana.

Negociação “A situação desses espaços é insustentável. A UFMG não deveria sequer retomar as aulas nessas condições. Os alunos estão vivendo um momento de apreensão e de alerta, pois não sabem, depois dos cortes de verbas e das greves, qual será o próximo problema que enfrentarão”, opina Thales Freire. De acordo com ele, o DCE tem discutido até uma paralisação dos estudantes para reivindicar melhores condições e impedir que os cortes orçamentários atinjam setores prioritários, como as bolsas e estruturas fundamentais.

Segundo Neide Dantas, uma das coordenadoras do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), a volta às aulas se dará de “forma precária” enquanto a greve prosseguir. A expectativa do sindicato é de que os negociadores da entidade de classe, Ministério da Educação (MEC) e Ministério do Planejamento cheguem a um acordo até o fim da semana que vem. A categoria reivindica 27,3% de aumento salarial e reajuste de benefícios. O governo ofereceu 21,3%, divididos em quatro anos. “Isso não atende porque não cobre nem as perdas com a inflação. Nossa expectativa é de que a greve, que já dura 90 dias, seja encerrada na próxima semana com um acordo bom para todos”, afirma a sindicalista. Ao todo, a entidade representa 67 universidades brasileiras e quatro em Minas (UFMG, Cefet, IFMG e UFVJM).


CALENDÁRIO DAS FEDERAIS


» UFMG: retorno do semestre na segunda-feira. Somente as matérias de odontologia que dependem de laboratórios não terão aulas


» Universidade Federal de Lavras (UFLA): não há previsão de retorno às aulas
» Cefet: aulas voltaram no dia 10


» Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM): sem previsão. Docentes seguem em greve.


» IFMG: não há previsão de reinício do semestre

Fonte: Instituições de ensino


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