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Estado de Minas

Goleiro Bruno pode pedir DNA do filho de Eliza Samudio

Menos de uma semana após ser libertado, atleta se reapresenta à Justiça com camiseta de torcida organizada. Advogados já falam em rever pensão do filho e até o reconhecimento da paternidade, anunciando assédio de clubes de futebol e planejando definição para volta breve aos gramados


postado em 03/03/2017 06:00 / atualizado em 03/03/2017 07:39

Bruno chegou acompanhado de defensores e entrou no fórum com vestimenta proibida. Lá dentro, recebeu peça para driblar restrição(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Bruno chegou acompanhado de defensores e entrou no fórum com vestimenta proibida. Lá dentro, recebeu peça para driblar restrição (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Dizendo-se assediado por 10 clubes de futebol de Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, prevendo ser contratado em até 10 dias; articulando a negociação de pensões alimentícias atrasadas; planejando rever o reconhecimento da paternidade de Bruninho, talvez até com exame de DNA. Os planos ambiciosos – anunciados pelos defensores – e a postura relaxada do goleiro Bruno Fernandes das Dores de Souza, de 32 anos, que ontem apareceu na secretaria do Fórum de Santa Luzia distribuindo sorrisos em selfies e trajando uma regata da facção de uma torcida organizada do Atlético, mostram não ser mais a liberdade sua principal preocupação. O goleiro se apresentou à repartição do Judiciário na cidade da Grande BH como parte das exigências que o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou para sua soltura, ocorrida na última sexta-feira, véspera de carnaval, devido ao excesso de prazo para que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgasse habeas corpus proposto pela defesa há quase quatro anos. O recurso  pedia que o réu aguardasse em liberdade o desenrolar do processo pelo cárcere privado, morte e ocultação de cadáver da ex-amante Eliza Samudio.

O procedimento de ontem, em si, levou 15 minutos, e de lá o atleta condenado foi almoçar e se preparar para uma viagem ao Rio de Janeiro, para conhecer a casa de sua mulher, a dentista Ingrid Calheiros Oliveira, de 30 anos. Bruno não conversou com os jornalistas no trajeto de aproximadamente 25 metros entre a porta do fórum e a vaga onde o carro de seu advogado, Lúcio Adolfo da Silva, estava estacionado. Mas não deixou de posar para nenhum dos seis pedidos de selfie feitos por pessoas no caminho. Quem relatou os planos de Bruno foi seu advogado, que garantiu que o goleiro apresentou um endereço de Belo Horizonte como residência fixa para a Justiça, que poderá mudar, dependendo das negociações com clubes de futebol.

Bruno foi condenado pelo Tribunal do Júri de Contagem a 22 anos e três meses de prisão em regime fechado pelos crimes, em março de 2013, mas estava preso desde julho de 2010. De acordo com seu advogado, depois da soltura o goleiro negocia com três clubes do Rio de Janeiro – um deles da série A –, três de São Paulo, três de Minas e um de Brasília. Mas, alegou o defensor, devido ao sigilo dos negócios os nomes dos times não podem ser revelados. “O Bruno está tentando colocar sua vida em dia e dentro de oito a 10 dias vamos poder falar em qual equipe vai jogar”, disse Lúcio Adolfo. Ontem, o presidente do Montes  Claros Futebol Clube, Vile Mocellin, reiterou que, antes de negociar com outra equipe, Bruno e seus representantes terão que procurar o time do Norte de Minas, com quem o goleiro assinou contrato em 2014.
Bruno virou sensação entre várias pessoas ao deixar o Fórum de Santa Luzia, onde se apresentou à Justiça(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Bruno virou sensação entre várias pessoas ao deixar o Fórum de Santa Luzia, onde se apresentou à Justiça (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

Embora a defesa do atleta não revele, uma das equipes que se apresentam como interessadas em contratá-lo é o Betinense Futebol Clube, que lidera a chave A do Modulo II do Campeonato Mineiro. O time de Betim, na Grande BH, é o primeiro a declarar publicamente intenção de contar com o goleiro no elenco. O interesse do Betinense foi confirmado ao Estado de Minas pelo seu presidente, Junior André dos Santos. O dirigente revelou que um agente do clube procurou os advogados do jogador com proposta da equipe, que, apesar da origem, manda seus jogos na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.

TESTE DE PATERNIDADE Voltar a jogar não é a única meta de curto prazo de Bruno e de seus defensores, que não parecem contar com a possibilidade de que a Justiça o mande de volta à prisão. Vários planos foram enumerados pelo advogado Lúcio Adolfo. “Ele tem negócios pendentes que precisam ser resolvidos. Precisa acertar as pensões alimentícias, a questão da paternidade (de Bruninho). Ele tem um reconhecimento de paternidade, mas nenhum exame de DNA foi feito, então isso precisa ser resolvido”, disse, dando a entender que um novo exame pode ser feito no menino, que está para completar 7 anos e vive com a avó, Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza.

A libertação de Bruno da Associação de Proteção e Assistência a Condenados (Apac) de Santa Luzia, na última sexta-feira, gerou polêmica e revoltou a mãe da vítima. “Infelizmente, não podemos confiar na justiça dos homens, só na de Deus. Essa é uma dor que reacende, porque ele ficou menos de sete anos preso. Não me interessa se ele está arrependido”, disse Sônia, após saber da soltura do goleiro. Em resposta, o advogado Lúcio Adolfo disse que a mãe de Eliza era uma pessoa contraditória. “Quando obteve a condenação, ela afirmou que a justiça foi feita. E quando a Justiça seguiu seus trâmites legais e libertou o Bruno, ela veio criticar”, disparou.

SUSTO Bruno chegou ao fórum acompanhado de seus dois advogados e o trio tomou um grande susto quando um homem que chegou de moto com uma máscara de cachorro correu repentinamente na direção deles. Profissionais de imprensa e muito curiosos julgaram tratar-se de uma ameaça de atentado, mas o homem queria apenas abraçar o jogador. O mascarado disse que é dono de uma pousada em Santa Luzia e que foi ao local para cumprimentar o goleiro. “Vim para parabenizar o Bruno. Acho que ele já pagou pelo que fez. Mas, se fizer de novo, deveria ficar preso para sempre”, disse o homem, que não se identificou. (Com João Henrique do Vale)

(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

Camiseta, jeitinho e toga


As restrições para o acesso ao Fórum de Santa Luzia são muitas. Algumas suscitam até a indignação de homens e mulheres. Logo na entrada, uma placa alerta: “É proibido no âmbito do Fórum de Santa Luzia o uso de vestimentas excessivamente curtas ou com decotes acentuados, que exponham a região abdominal, bem como aquelas que exponham, ainda que por transparência, partes do corpo que, por costume, não ficam à mostra, e short, traje de banho ou de ginástica, minissaia, miniblusa, incluindo ‘tomara que caia’, bermuda e camiseta sem mangas, sendo as duas últimas especificamente para homens”. Um dos profissionais de imprensa que tentaram entrar na repartição, inclusive, só pôde fazê-lo depois de retirar o boné, por ordem da segurança. Mas, quando o goleiro Bruno entrou de camiseta regata, não foi barrado. Já dentro do Fórum, recebeu uma toga (acima).

Réus de olho no efeito-dominó


A decisão do  ministro Marco Aurélio de Mello de conceder habeas corpus ao goleiro Bruno pode ajudar outros condenados pela morte de Eliza Samudio a deixar a cadeia. O advogado Wasley Vaconcelos, que defende Luiz Henrique Romão, o Macarrão, já entrou com petição nesse sentido no Supremo Tribunal Federal (STF), para também liberar o réu. O pedido se baseou no artigo 580 do Código do Processo Penal. Ele estabelece que “no caso de concurso de agentes (Código Penal, artigo 25 ), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros”. O defensor espera que no máximo em duas semanas, Macarrão, sentenciado a 15 anos de reclusão, também esteja na rua.

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